No livro Strategic Management: A Stakeholder Approach, de 1984, o autor Robert Edward Freeman já comentava sobre a importância dos grupos de interesse para todo tipo de empresas, incluindo não apenas os proprietários, acionistas e colaboradores, como também o relacionamento com fornecedores, clientes, concorrentes, comunidades, etc.
De fato, é preciso reconhecer que nenhuma empresa atua de forma isolada no mercado. Suas ações dependem de e refletem em diversos grupos de interesse (os chamados stakeholders).
Nesse sentido, a gestão do relacionamento com fornecedores merece destaque, já que tem potencial para influenciar em praticamente todos os custos, processos e operações de uma empresa.
A questão é compreender que essas relações de parceria não têm somente efeitos econômicos. Quando se trata de sustentabilidade, envolver a cadeia de fornecimento também é fundamental.
Contar com um grupo de fornecedores sustentáveis reafirma o compromisso da empresa com o tema, cria um círculo virtuoso de práticas benéficas e ajuda a garantir resultados práticos em termos sociais, ambientais e econômicos, além de contribuir para otimizar a imagem da empresa.
Mas como garantir uma cadeia de abastecimento mais sustentável? É possível tornar seus fornecedores mais sustentáveis? Ou, em outras palavras, como aplicar a sustentabilidade no relacionamento com fornecedores?
Confira:
Na hora de selecionar novos fornecedores, é comum que as empresas já tenham previamente estabelecidos alguns critérios econômicos para a tomada de decisão, incluindo, normalmente:
Só que, para garantir a seleção de fornecedores mais sustentáveis, é fundamental estabelecer também critérios ambientais, sociais e de governança que orientem essa escolha de parceiros.
Exemplos de critérios ambientais:
Exemplos de critérios sociais:
Exemplos de critérios de governança:
Pense bem: se critérios como esses são importantes para sua empresa, eles também deveriam ser significativos para as empresas com que sua organização se relaciona, não é mesmo?!
Aliás, é válido perceber que a aplicação da sustentabilidade no relacionamento com fornecedores depende, antes de tudo, da conscientização interna e da aplicação de políticas e práticas mais sustentáveis dentro da própria empresa. Só assim é possível cobrar da cadeia de abastecimento uma postura mais sutentável.
Nesse sentido, pode ser favorável, inclusive, capacitar previamente a área de compras com treinamentos voltados ao desenvolvimento, auditoria e monitoramento de fornecedores sustentáveis, com base em critérios ambientais, sociais e de governança, como os recém-mencionados.
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Contar com fornecedores mais sustentáveis não depende apenas de selecionar novos parceiros que já adotem práticas do tipo.
Também é possível trabalhar a gestão do relacionamento com fornecedores para desenvolver gradualmente uma cultura mais sustentável de atuação.
O primeiro passo, nesse contexto, é reunir esforços para conscientizar a todos os provedores já existentes sobre a importância da adoção de políticas e práticas mais sustentáveis.
Alguns exemplos de esforços para a conscientização de fornecedores:
Além disso, também pode ser favorável a cocriação de estratégias que confiram mais sustentabilidade aos processos já desenvolvidos. É possível, por exemplo, convidar os atuais fornecedores da empresa para uma conversa em que todos possam sugerir ideias de práticas e adaptações para tornar mais sustentáveis todos os processos e negócios envolvidos.
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Outra etapa importante para aplicar a sustentabilidade no relacionamento com fornecedores é realizar o monitoramento contínuo das práticas adotadas por esses parceiros com base nos critérios de sustentabilidade pré-estabelecidos.
Em outras palavras, podemos dizer que não basta apenas definir diretrizes para a contratação de fornecedores mais sustentáveis e conscientizar os provedores já existentes sobre a importância dessa postura. É fundamental também observar como se dá na prática a atuação dessa cadeia de fornecimento e quais são os resultados gerados.
O gerenciamento de resíduos realizado por determinado fornecedor tem sido efetivo?
A política de não discriminação adotada por determinado parceiro tem resultados práticos na diversidade e inclusão de gestores e colaboradores?
A política de sustentabilidade anunciada por um terceiro tem se refletido em ações concretas no dia a dia da empresa?
Para responder a perguntas como essas, além de manter uma comunicação frequente, transparente e amigável com seus provedores, também pode ser útil:
Além de permitir confirmar o comprometimento contínuo dos seus fornecedores com a sustentabilidade, esse monitoramento também ajuda a descobrir o que deve ser melhorado e gera oportunidades para a cocriação de estratégias conjuntas de atuação mais sustentável.
No Relatório de Sustentabilidade 2020 do Sicoob SC/RS, é possível encontrar um caso exemplar de gestão sustentável do relacionamento com fornecedores.
Para começar, a instituição dedica uma seção exclusiva do seu Relatório exatamente para esse tema. Nesse tópico, o Sicoob Central SC/RS esclarece:
“Para aquisição de materiais, equipamentos e serviços, o Sicoob busca estabelecer parcerias com fornecedores que estejam comprometidos com a sustentabilidade nas dimensões econômicas, sociais e ambientais, e com as legislações vigentes”.
A fim de concretizar essa diretriz, o Sicoob SC/RS conta – segundo o mesmo Relatório – com um Manual de Instruções Gerais (MIG) de Compras que estabelece um fluxo padronizado para a gestão de fornecedores.
“Além disso, de forma a garantir a segurança das informações fornecidas, o Sicoob SC/RS instituiu em 2020 a Política de Segurança da Informação para Fornecedores com o objetivo de balizar o comportamento dos fornecedores sobre os ativos da informação, conscientizá-los sobre o correto uso dos recursos da organização e definir responsabilidades e punições sobre a segurança da informação”, esclarece também o Relatório.
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