Quando falamos em sustentabilidade ou em desenvolvimento sustentável, o primeiro fator imaginado por muita gente é o ambiental. Só que, além dos cuidados com o meio ambiente, esses conceitos envolvem também a consciência social e a sustentabilidade econômica.
À primeira vista, falar em sustentabilidade econômica, especificamente, pode até parecer um pouco calculista. Só que, na verdade, essa ideia pode até contribuir para superar a crença de que a economia é um fim em si mesma, já que – dentro do contexto do desenvolvimento sustentável – esses três pilares (ambiental, social e econômico) estão intimamente relacionados, sendo realmente dependentes um do outro, e todos de fundamental importância.
Como explicou o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado durante debates na Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável da ONU:
“Todos sabem que é impossível colocar uma cerca em volta da floresta e esperar que, por conta disso, não haja desmatamento. Se a decisão de proteger a floresta não for acompanhada de perspectivas de desenvolvimento econômico, de inclusão social e de geração de empregos, não há como se garantir a proteção ambiental.”
Da mesma forma, podemos dizer que não é possível garantir o bem-estar da sociedade sem pensar no meio ambiente e nas questões econômicas e também não é possível garantir o sucesso econômico sem pensar nas pessoas e no meio ambiente.
Por isso, a ideia deste artigo é explicar melhor o que é sustentabilidade econômica, quais são as iniciativas que promovem esse propósito, além de trazer um bom exemplo para você entender melhor sobre a aplicação desse conceito na prática. Confira:
Ainda não existe uma definição oficial específica da sustentabilidade econômica, mas o tema tem sido abordado por diversos autores contemporâneos.
No livro “Sustentabilidade: direito ao futuro”, por exemplo, o professor Juarez Freitas defende que a dimensão econômica da sustentabilidade “evoca a pertinente ponderação, o adequado ‘trade-off’ entre eficiência e equidade”.
Nesse sentido, trata-se, portanto, da busca de equilíbrio entre a contínua produção de bens e serviços e a justa distribuição de riquezas.
No artigo “Human development and economic sustainability”, os autores Amrtya Sen e Sudhir Anand também dão ênfase à necessária equiparação entre a distribuição equitativa e o crescimento, chamando a atenção para o fato de que não podemos ignorar as reivindicações dos menos privilegiados do presente na ansiedade de proteger as gerações futuras.
Já o autor Ricardo Abramovay, no livro “Muito além da economia verde”, inclui também nessa equação o uso consciente dos recursos naturais, ao afirmar que a sustentabilidade econômica está intimamente ligada à ética, que se refere, por sua vez, ao bem, à justiça e à virtude – valores que, na opinião do autor, deveriam pautar as decisões sobre a utilização de recursos materiais e energéticos e sobre a organização do trabalho, entre outros fatores.
Para simplificar todas essas visões teóricas, é válido observar ainda a definição adotada pelo Sebrae que diz que:
“Sustentabilidade econômica é um conjunto de práticas econômicas, financeiras e administrativas que visam o desenvolvimento econômico de um país ou empresa, preservando o meio ambiente e garantindo a manutenção dos recursos naturais para as futuras gerações”.
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Como já deve ter dado para perceber, a sustentabilidade econômica é indissociável das ideias de consciência social e preservação ambiental. Por isso, as iniciativas que promovem a sustentabilidade econômica não são apenas as práticas especificamente financeiras.
No Brasil, um bom exemplo de iniciativa do tipo é o incentivo que o Banco Central tem dado à expansão do cooperativismo financeiro, ao reconhecer que as cooperativas do ramo promovem a inclusão financeira de muitos brasileiros, além de oferecer taxas mais justas, fomentar a educação financeira e o desenvolvimento das comunidades onde estão instaladas.
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Enquanto isso, no caso das empresas, é válido reforçar que a sustentabilidade econômica não se refere à manutenção do saldo positivo a qualquer custo, mas sim à manutenção do equilíbrio, como mencionado, entre o bom desempenho econômico, a justa distribuição de renda e o uso consciente de recursos.
– Um bom exemplo
Recentemente, a Central SC/RS do Sicoob – um dos maiores sistemas cooperativos financeiros do Brasil – disponibilizou o seu Relatório de Sustentabilidade 2020.
Totalmente acessível online, esse estudo demonstra como as cooperativas que integram o Sicoob SC/RS aplicam a sustentabilidade na prática, inclusive a sustentabilidade econômica.
Para começar, na seção “Desempenho Econômico”, afirma-se:
“Os resultados obtidos em 2020 demonstram o engajamento e a responsabilidade econômico-financeira das cooperativas. O portfólio de produtos e serviços oferecidos e o nosso formato de negócio, contribuiu para que pudéssemos enfrentar os desafios através do comprometimento das lideranças e empregados, e transparência nos processos executados”.
É válido esclarecer que as mencionadas sobras referem-se ao resultado financeiro das cooperativas, o qual – deduzidos os custos para manutenção do negócio – é rateado entre todos os associados, conforme a participação de cada um.
O bom desempenho econômico de uma cooperativa beneficia, portanto, a todos os seus cooperados, otimizando o equilíbrio entre crescimento e distribuição, como proposto pela ideia da sustentabilidade econômica.
Além disso, as cooperativas tem no Interesse pela Comunidade um dos seus princípios básicos de atuação e, por isso, já são naturalmente direcionadas a promover o desenvolvimento sustentável das comunidades onde estão instaladas, respeitando as peculiaridades sociais e a vocação econômica local, desenvolvendo soluções de negócios e apoiando ações humanitárias e socioambientalmente responsáveis.
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