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Segundo Hugo Bethlem, do Instituto Capitalismo Consciente, o já famoso ESG - (environmental, social and governance), “para ser verdadeiro, deveria ser GSE, pois começar pela governança é fundamental”.
Cabe pontuar que Bethlem está tratando, nesse caso, sobre a governança corporativa, que se refere, por sua vez, ao processo de governar ou gerir uma empresa.
De acordo com o executivo, é essa gestão consciente, com leis, normas, interações e decisões pautadas pela sustentabilidade (ambiental, social e econômica) o que permite a uma empresa gerar um impacto verdadeiramente positivo.
Fica evidente, portanto, a importância da governança para a sustentabilidade corporativa.
Agora, você pode estar se perguntando como é possível aplicar isso na prática. Ou seja, como fazer que a gestão de uma empresa seja mais sustentável? Que tipo de práticas adotar? Que setores ou equipes devem coordenar esse processo? Quais diretrizes devem ser incorporadas ou revistas?
Para conferir as respostas para essas dúvidas e conhecer um caso real de aplicação da sustentabilidade na administração corporativa, acompanhe:
Práticas sustentáveis de governança
Para colocar em prática uma gestão mais sustentável, é preciso considerar, em primeiro lugar, as ações e interações dos próprios gestores e líderes. Nesse âmbito, algumas boas práticas são:
- Seguir condutas éticas e anticorrupção nos negócios;
- Adotar critérios de diversidade na escolha dos membros do conselho;
- Impedir casos de assédio, discriminação e preconceito;
- Preservar a independência do conselho de administração;
- Garantir remuneração justa e racional;
- Praticar a transparência fiscal.
Além disso, é válido ressaltar que a gestão corporativa sustentável é aquela que não está focada apenas em ativos tangíveis (como rendimento, remuneração dos acionistas, ROI, etc.), mas também em ativos intangíveis (como o impacto socioambiental positivo).
Assim, cabe a gestores e líderes garantir a viabilidade de práticas voltadas à sustentabilidade ambiental e social, como:
- Fazer uso racional dos recursos naturais;
- Zerar desperdícios;
- Buscar a plena eficiência energética;
- Proporcionar treinamento adequado para os colaboradores;
- Garantir a privacidade e segurança de dados de funcionários, clientes e parceiros;
- Promover impacto positivo nas comunidades onde atua, entre outras.
Equipes de governança pela sustentabilidade
A implementação de uma gestão corporativa mais sustentável tende a envolver diversos setores e equipes, de acordo com o porte e estrutura de cada empresa. Entre eles:
- Conselho de administração
Acompanha a estratégia, gestão e performance ESG, discute tendências e define as principais diretrizes sobre o tema.
- Comitê de sustentabilidade
Grupo que pode ser composto por membros do Conselho de Administração e diretores executivos (CEO, vice-presidentes, etc.) para avaliar o desempenho ESG, definir iniciativas e traçar estratégias de atuação.
- Comissão de sustentabilidade
Grupo que pode ser formado por diretores executivos e gestores de departamentos, para assessorar o Comitê, propor e facilitar novas práticas.
- Equipes dedicadas
Grupos formados por colaboradores dedicados à gestão de aspectos específicos do ESG. Responsáveis por conectar e disseminar a estratégia de sustentabilidade.
Diretrizes e normas da gestão sustentável
Para garantir a aplicação de ações mais sustentáveis na gestão e em todos os níveis da empresa, é necessário estabelecer diretrizes e normas que guiem essa atuação. Normalmente, esse tipo de orientações são determinadas por:
- Política de Sustentabilidade
Abrange os princípios, interesses e intenções que devem guiar a gestão de sustentabilidade corporativa.
- Norma de Responsabilidade Socioambiental
Define as diretrizes e procedimentos para a gestão sustentável do negócio, desde a governança até as relações com os stakeholders.
- Norma de Risco Socioambiental
Determina os riscos socioambientais que podem vir a ser gerados pelo negócio em operações com clientes e fornecedores e como proceder para evitá-los e/ou reduzí-los.
- Relatório de Sustentabilidade
Engloba a demonstração e análise de todos os fatores ESG relacionados ao negócio, colaborando para verificar os impactos gerados e para redirecionar diretrizes e estratégias de sustentabilidade.
Um caso real
Para entender melhor como aplicar a sustentabilidade na governança corporativa, vale a pena observar um caso exemplar recente: o do Sicoob, um dos maiores sistemas de cooperativas financeiras do Brasil.
Em outubro do ano passado, o Sicoob nacional lançou seu Relatório e Agenda de Sustentabilidade 2020. O documento traz uma análise completa das práticas sociais, ambientais e de governança da entidade, além de construir um plano estratégico futuro, alinhado com as diretrizes do Banco Central (regulador do setor).
Além disso, o Sicoob SC/RS – central sulista do Sistema – havia lançado anteriormente seu próprio Relatório de Sustentabilidade 2020.
O documento esclarece algumas das estratégias adotadas para trazer mais sustentabilidade à governança corporativa e a toda a instituição:
“Para fortalecer o nosso compromisso com os princípios do cooperativismo e com a sustentabilidade do nosso negócio, adotamos desde 2015 o Código de Ética, que contém os princípios norteadores sobre os padrões éticos de comportamento para condução das relações internas e externas. Além disso, instituímos desde 2013 a Política de Sustentabilidade Sistêmica, com objetivos e premissas que visam estimular o diálogo e engajamento entre as cooperativas e os públicos estratégicos, favorecendo a valorização da imagem e reputação do sistema.”
Vale destacar, ainda, as palavras do presidente do Sicoob SC/RS, Rui Schneider, que diz que o cooperativismo “já nasceu moderno, ao colocar o bem-estar humano no centro da produção, ao propor um modelo de negócio baseado na cooperação”.
De fato, ao observar dito Relatório, percebe-se que a instituição, entre outros fatores:
- conta com ampla participação feminina e estimula a diversidade e a inclusão;
- oferece oportunidades de treinamento e capacitação para seus colaboradores;
- conta com uma Política de Segurança da Informação para garantir a privacidade de cooperados, clientes e fornecedores;
- monitora o Risco Socioambiental de suas operações através de fiscalizações e questionários;
- desenvolve ações e projetos sociais e ambientais para beneficiar a comunidade.
Você pode conferir tudo isso e muito mais no Relatório de Sustentabilidade 2020 do Sicoob SC/RS, totalmente disponível online.