Talvez você ainda não tenha reparado, mas os princípios que regem o cooperativismo têm tudo a ver com alguns importantes valores humanos.
Baseados no estatuto da cooperativa de consumo de Rochdale (1844), os sete princípios do cooperativismo já foram revisitados em 1937, 1966 e 1995 (em congressos coordenados pela Aliança Cooperativa Internacional) para que se mantivessem aderentes à dinâmica social do momento.
Atualmente, as instituições cooperativas continuam funcionando baseadas nesses sete princípios – fundamentos de um modelo socioeconômico alternativo que visa os benefícios conjuntos em detrimento do ganho individual. Não é a tôa que os princípios do cooperativismo têm grande relação com valores humanos primordiais. Veja só:
“As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminação de sexo ou gênero, social, racial, política e religiosa.”
Isso significa que, em uma cooperativa, o acesso é livre a quem quiser cooperar (exceto nos casos de inaptidão nos termos da lei ou do estatuto social), sendo que a manifestação de adesão compete ao próprio interessado. Assim, são praticados os valores de liberdade e igualdade no negócio cooperativo.
“As cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau, os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são também organizadas de maneira democrática.”
Em uma cooperativa, não há usuários ou clientes, mas associados. Assim, todos têm o direito e o dever de votar e ser votados, participando ativamente da gestão da instituição, com responsabilidade e de forma democrática.
Nas cooperativas singulares, cada associado tem direito a um voto, todos com o mesmo peso, independente da condição financeira ou participação econômica. Nas centrais e confederações de cooperativas é permitido o voto múltiplo, mas baseado no número de associados (ou no número de cooperativas singulares) da base, mantendo a atuação responsável e democrática de todos.
“Os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros podem receber, habitualmente, havendo condições econômico financeiras para tanto, uma remuneração sobre o capital integralizado, como condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes finalidades: desenvolvimento da cooperativa, possibilitando a formação de reservas, em parte indivisíveis; retorno aos sócios na proporção de suas transações com as cooperativas e apoio a outras atividades que forem aprovadas pelos associados.”
Como donos da cooperativa, os associados têm a responsabilidade de operar com a instituição e de contribuir financeiramente com ela. Os recursos de todos são investidos nas operações e serviços da própria cooperativa, na formação de reservas e, além de gerar vantagens no dia a dia, caso haja sobras, elas retornam aos associados, proporcionalmente às operações realizadas no período e à remuneração de suas quotas-partes de capital. Tudo feito de forma democrática, responsável e com total transparência para todos os associados.
“As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa.”
O empreendimento cooperativo é autônomo e independente por excelência, o que exige autoconfiança de todos seus associados, afinal, a cooperativa é uma iniciativa concebida pelos esforços de seus membros (quadro social) e moldada pela autogestão, não sendo permitida a influência externa nem a ingerência política (o que não impede o livre exercício da regulamentação e supervisão por órgãos estatais).
Qualquer iniciativa ou negócio que envolva a participação de pessoas, entidades ou órgãos externos não pode afetar o controle democrático pelos próprios associados nem imputar-lhes prejuízo ou implicar privilégios aos administradores ou executivos das cooperativas. Portanto, a honestidade é outro ponto fundamental ao exercício cooperativo.
“As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.”
A sustentabilidade do modelo cooperativo e sua expansão entre os diferentes públicos requer a preparação dos atores internos e demais colaboradores e a conscientização do público em geral. Ou seja, o cooperativismo promove a educação, a formação e a informação como métodos basilares de desenvolvimento do modelo.
Incentiva-se ainda a educação, formação e informação de crianças e jovens sobre o modelo cooperativo, a fim de infundir-lhes valores humanitários intrinsecamente ligados aos princípios cooperativos, com respeito à toda a sociedade, afinal, quanto mais cooperativa for uma nação, mais justa e próspera ela deverá ser.
“As cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.”
O princípio é autodescritivo, incentivando a integração e ajuda mútua entre os membros, entre as cooperativas de mesmo ramo e também entre cooperativas de diferentes setores, sempre em prol do benefício coletivo dos associados.
Para que ocorram essas integrações horizontais, verticais e até intersistêmicas, valores como a solidariedade e a empatia são elementares ao negócio cooperativo.
“As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros.”
Por sua própria vocação socioeconômica, as cooperativas têm um compromisso com o desenvolvimento de suas comunidades. Isso significa que elas devem respeitar as peculiaridades sociais e a vocação econômica do local, desenvolvendo soluções de negócios e apoiando ações humanitárias e socioambientalmente sustentáveis. Assim, as cooperativas devem atuar com total responsabilidade socioambiental.
Cabe aos membros decidir que diretrizes as administrações devem seguir para cumprir essa importante orientação doutrinária.
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