[Especial Dia Internacional da Mulher] Mulheres no Cooperativismo: uma história para Inspirar

Celebrando o Dia Internacional da Mulher, apresentamos uma entrevista exclusiva feita com a presidente do Sicoob Central Rondon, Aifa Naomi. Confira!

Cooperação | 06 de março de 2025
Dia Internacional da Mulher
Entrevista
Mulheres Cooperativistas
Representatividade

Nós falamos bastante sobre cooperativismo aqui no blog. Mas é importante, para todos nós, nunca esquecermos da sua essência. Afinal de contas, na prática, o cooperativismo é uma coisa só: um modelo econômico baseado na união de esforços e na busca por crescimento coletivo. Mas o que pouco se fala, é que para que o cooperativismo tenha chegado onde chegou, há uma incontestável influência da força feminina. Há uma quantidade gigantesca de mulheres no cooperativismo, trabalhando dia e noite em prol desse movimento. Liderando, promovendo inclusão e transformando o mundo ao seu redor.

Hoje é dia de celebrá-las. 

O crescimento da participação feminina no cooperativismo

Já não é novidade para ninguém que, nas últimas décadas, as mulheres vêm conquistando espaço em setores predominantemente masculinos. No cooperativismo, esse avanço também é evidente.

Uma prova disso são os dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro, produzido pelo Sistema OCB. De acordo com o levantamento mais recente, o gênero feminino representa 41% dos mais de 20 milhões de cooperados no país. Ou seja, mais de 8 milhões de mulheres cooperadas. 

Além disso, ainda de acordo com a pesquisa, a presença feminina em cargos de liderança aumentou de 20% em 2021 para 22% em 2022; isso sem falar no protagonismo da categoria “Trabalho, produção de bens e serviços”, onde são maioria, sendo responsáveis por 55% do segmento.

Esses resultados são muito mais do que simples números. São a evidência clara de como as mulheres são essenciais no cooperativismo, influenciando positivamente as práticas e as diretrizes das cooperativas.

Uma história para inspirar

Agora, vamos para a prática? Não há nada melhor do que exemplos reais para ilustrar a importância das mulheres no cooperativismo. 

A seguir, conheça a história inspiradora de uma mulher que prova como determinação e liderança podem transformar não apenas a própria trajetória, mas também abrir caminhos para outras no cooperativismo.

Aifa Naomi: liderança e inovação no cooperativismo

Aifa Naomi tem sido uma figura essencial no fortalecimento do cooperativismo financeiro, destacando-se por sua visão estratégica e compromisso com o desenvolvimento sustentável. Com anos de experiência no setor, ela tem trabalhado para ampliar o impacto das cooperativas, promovendo inovação e desenvolvimento comunitário por meio de sua posição como presidente da Sicoob Central Rondon.

Sua trajetória reflete a importância da diversidade e da representatividade nas lideranças cooperativistas. Quer saber mais sobre sua jornada e contribuições para o cooperativismo? Confira a entrevista completa a seguir.


Entrevista na íntegra com Aifa Naomi

OSDVM: Aifa, o cooperativismo promove colaboração, equidade e inclusão. Na sua opinião, como esses valores contribuem com a participação feminina no setor?

AIFA: A participação das mulheres nas empresas fortalece a comunicação. Considerando estatísticas já publicadas, as mulheres tendem a se comunicar mais que os homens — e essa habilidade eleva o nível de comunicação mais assertiva entre os níveis hierárquicos das empresas e consequentemente contribui para o melhor entendimento e colaboração entre a equipe. 

Além disso, a presença feminina na gestão cria um ambiente de trabalho mais inclusivo e colaborativo. As mulheres agregam diferentes perspectivas e experiências com sua visão mais sensível, capaz de equilibrar o racional com o emocional. A presença feminina na gestão beneficia o negócio demonstrando que a empresa promove a diversidade criando um ambiente mais justo e diverso que pode impactar na imagem da gestão. Afinal, a maioria dos consumidores das empresas são mulheres e ninguém melhor do que elas para entender as expectativas e, com isso, agregar valor às áreas de desenvolvimento de produtos e serviços, áreas de comunicação e marketing — aumentando a assertividade — e, principalmente. levando ao cliente uma experiência interessante e feliz.

Trajetória

OSDVM: Até aqui, como foi a sua trajetória no cooperativismo? Quais desafios você enfrentou até chegar à presidência do Sicoob Central Rondon

AIFA: Iniciei no cooperativismo em 1998 na criação de uma cooperativa de crédito mútuo para os servidores do judiciário de Mato Grosso e, na ocasião, a cooperativa se filiou como singular no Sicoob Central Rondon. 

Na implantação da cooperativa já fui designada como diretora e, a partir daí, voltei para um banco de universidade para estudar, entender o que era esse novo negócio e o que eu tinha que aprender para fazer parte dele e assumir as responsabilidades de um diretor. Posso dizer que esse aprendizado é constante já que é um mercado dinâmico que sofre impactos diversos diariamente. 

Em 2012 me tornei presidente do Conselho de Administração da cooperativa, mudando um pouco o modo de atuar e assumindo outros papéis. Em 2015, me tornei presidente do Sicoob Central Rondon. Novos desafios e novas expectativas. O momento era de mudanças no modelo de negócio e necessidade urgente de crescimento, tanto em número de associados como em negócios. Novo público e muitas tarefas para cumprir com entregas necessárias aos entes que nos supervisionam e fiscalizam.  Como tenho um apetite especial por desafios, entendi que eu podia mudar o jogo e escrever uma nova história na Central. 

Aristóteles diz que o ser humano tem três tipos de conhecimento: o teórico, o prático e o produtivo. Posso dizer que eu tinha os dois primeiros. Era necessário fazer alguns ajustes e ser, também, produtiva. Então, colocamos a mão na massa — eu e um grande time (grande de competência e motivação) e iniciamos a nova jornada que, após 10 anos, apresenta números de crescimento acima da média do mercado e finalmente “fincamos” a bandeira Sicoob nos estados em que atuamos.

Desafios

OSDVM: Ainda há barreiras para mulheres em cargos de liderança no cooperativismo? O que pode ser feito para ampliar essa representatividade?

AIFA: Sim. O cooperativismo tem um papel importante na economia brasileira, mas segue com uma participação baixa nas lideranças. Com evolução,  mas ainda com um percentual considerado baixo. As barreiras, na minha opinião, são originadas da falta de comunicação com o público feminino, já que a média de associadas do sexo feminino é de 41%. No Sicoob essa média é maior, chegando a 60%. Quando falamos de empregados, essa média sobe para 51%; e quando passamos para a liderança, a ocupação de cargos por mulheres fica em 22%. No Sicoob Nacional dos 14 Conselheiros eu sou a única mulher com essa representatividade. 

A criação de comitês, políticas de incentivos para a participação e comunicação com o público feminino, e formação específica para atrair mulheres para esse nicho, são algumas iniciativas que podem auxiliar as mulheres que queiram buscar esse espaço.

Sensibilidade comunitária

OSDVM: Como a presença feminina no cooperativismo pode ajudar na ampliação do desenvolvimento econômico e social das comunidades?

AIFA: A presença da mulher nos papéis dentro do cooperativismo traz para as comunidades um olhar mais sensível e estimulador. A dedicação e a sensibilidade feminina, conjugadas com resiliência e determinação, constituem novas lideranças que podem trazer um entendimento melhor das necessidades e expectativas dos consumidores  e, assim, novas soluções — beneficiando o negócio e a comunidade.

Diferenciais

OSDVM: Você vê um diferencial na atuação das mulheres no cooperativismo? Que características mais se destacam?

AIFA: Aqui trago a minha experiência pessoal, nos diversos papéis que represento. É um mundo ainda masculino e que se assusta com a presença de mulheres. Sempre optei pela autenticidade na minha atuação. Sempre de maneira feminina e educada, mas usando a  firmeza e a determinação quando necessário. Em nenhum momento ressalto competitividade entre os sexos e, sim, a colaboração advinda de ideias diferentes para  objetivos em comum. Tem dado certo. Claro que em um ambiente onde os homens predominam, você tem que ter um pouco mais de resiliência e paciência. Mas tudo isso vale se a intenção é chegar a um objetivo em comum que, no nosso caso, é oferecer a melhor experiência ao nosso associado.

Futuro das mulheres no cooperativismo

OSDVM: Que conselhos daria para mulheres que desejam crescer no cooperativismo?

AIFA: Para as futuras líderes meu conselho é adquirir conhecimento. O conhecimento é o farol que deve nos guiar sempre. Estude, aprenda, reaprenda e siga em frente. Com a beleza feminina, com a graça que nos é peculiar, mas com conhecimento. Ele é o nosso porto seguro.


Leia também: Finanças para mulheres


Como o cooperativismo pode incentivar mais mulheres?

A entrevista com a Aifa Naomi evidencia algo importante: o crescimento da participação feminina no cooperativismo é uma realidade, mas ainda há muito espaço para avançar. Para que mais mulheres tenham a oportunidade de ocupar cargos de liderança e contribuir ativamente nas tomadas de decisão, é essencial investir em iniciativas concretas.

Em primeiro lugar, programas de capacitação. O amplo acesso a treinamentos específicos sobre gestão, governança cooperativa e empreendedorismo, é o primeiro passo para permitir que mais mulheres assumam papéis estratégicos nas cooperativas. Além disso, redes de apoio são indispensáveis. Criar espaços onde as mulheres possam trocar experiências, buscar mentorias e fortalecer sua presença dentro das cooperativas pode ser um grande diferencial.

Outro ponto importante é a revisão das políticas internas das cooperativas. Medidas como quotas de gênero em cargos de liderança ou incentivos para o empreendedorismo feminino podem ajudar a equilibrar o histórico de desigualdade e abrir caminhos para novas lideranças femininas.

Por fim, a conscientização e a valorização das histórias de mulheres que já fazem a diferença no setor é fundamental. Quanto mais exemplos inspiradores forem compartilhados, mais mulheres se sentirão encorajadas a ingressar no cooperativismo e assumir posições de destaque.

O futuro é cooperativo — e feminino!

Uma história como a da Aifa  exemplifica a força e a determinação das mulheres no cooperativismo brasileiro. Ela demonstra que, com oportunidades e apoio adequados, é possível transformar realidades e promover um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável. 

O futuro do cooperativismo depende da valorização e do incentivo à liderança feminina, garantindo que mais mulheres possam contribuir ativamente para o crescimento e a inovação desse modelo econômico e social.


Gostou deste artigo? Acompanhe mais conteúdos do nosso blog sobre empreendedorismo e finanças e descubra como podemos ajudar você a dar os primeiros passos com soluções financeiras que cabem no seu bolso.

Gostou dessa dica? Cooperação começa por aqui, compartilhe esse conhecimento.


    Artigos que você também pode gostar

    Guia financeiro para casais

    Guia financeiro para casais

    O que fazer no carnaval sem gastar muito? Confira 7 dicas para aproveitar sem pesar no bolso

    O que fazer no carnaval sem gastar muito? Confira 7 dicas para aproveitar sem pesar no bolso