Não é de hoje que a atuação feminina vem crescendo nos mais diversos setores do mercado. Contudo, ainda há quem considere algumas áreas e/ou funções como sendo tipicamente masculinas. A agropecuária poderia até ser um exemplo disso, se não fosse pelo aumento da participação das mulheres no agronegócio que tem acontecido por todo o país.
O último Censo Agropecuário do IBGE comprova tal afirmação ao revelar que já existem 1,7 milhão de mulheres que são chefes de empreendimentos rurais por todo o Brasil, incluindo produtoras, gerentes e responsáveis diretas. Segundo a instituição, entre 2006 e 2017, a proporção das chefes de fazenda subiu de 12,6% para 18,6%.
Ainda assim, Melina Pinheiro, coordenadora de canais da Cargill, comenta que, no agronegócio, o machismo segue estando muito presente. A consultora de adsorventes da empresa, Thays Quadros, exemplifica: “quando vamos aos clientes que estão no campo, eles não estão esperando uma mulher. Ele espera um homem que use botina” e diz que muitos se surpreendem ao ver uma mulher bem preparada para a função, “que está adequadamente vestida, mas não dentro do que ele imaginou”.
Mas elas têm conseguido vencer esses tipos de preconceitos e demonstrado “que homens e mulheres se complementam de forma positiva nos pontos de vista e conduta dentro das diversas atividades”, como comenta Melina.
Inclusive, muitas mulheres do agronegócio vêm assumindo posições de destaque, no setor e no país. Conheça a seguir 5 lideranças femininas que são exemplo disso:
Filha de agricultores, nascida em Campo Grande (MS), a engenheira agrônoma Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias começou sua carreira política em 2014, como deputada federal e já esteve à frente de quatro secretarias de estado: Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, e Comércio e Turismo. Além disso, foi também a segunda presidente mulher da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a famosa bancada ruralista, um dos grupos políticos mais fortes (e masculinos) do Brasil.
Segundo Tereza, “no campo, quando você é mulher, existe uma desconfiança, mas preconceito mesmo, eu senti no meio político”. Ainda assim, ela decidiu: “eu não iria abaixar a cabeça” e, em 2019, assumiu o comando do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Na opinião do deputado Alceu Moreira, vice-presidente da FPA, Tereza Cristina cumpre todos os requisitos do cargo. “Ela conhece de perto os desejos e desafios da agricultura brasileira e também do país”, comentou Moreira em reportagem do site Agrolink. Na matéria, líderes das principais cadeias produtivas nacionais disseram estar de acordo com o deputado, destacando que a gestão da ministra fortalece o agronegócio brasileiro dentro e fora do país.
Reconhecida, em 2018, pelo MIT Technology Review – ranking elaborado pelo melhor universidade de tecnologia do mundo – como uma das jovens inovadoras mais brilhantes da América Latina, Mariana Vasconcelos é CEO e co-fundadora da Agrosmart.
Criada em 2014 como uma startup, a Agrosmart é hoje a plataforma de agricultura digital líder na América Latina, dedicada a fornecer aos agricultores dados precisos baseados em Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT).
Aos 28 anos, Mariana se orgulha de estar à frente de uma empresa que já monitora mais de 200 mil hectares de cultivos, e aproveita para sugerir a outras mulheres que desejam empreender: “Meu conselho é persistir, dar a cara a tapa, mostrar competência e ter referências de mulheres que te inspirem”.
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Dona da fazenda São João True Type, em Inhaúma, a mineira Huguette Emilienne Françoise Collin de Noronha Guarani é também conhecida como a rainha do leite.
Viúva e mãe de três rapazes, Huguette conta que adquiriu a propriedade junto com seu marido – Flávio de Noronha Guarani – em 1994 e que em 2002 o projeto de leite começou a rodar. Mas quando Flávio faleceu, muitos pensaram que o negócio seria vendido ou iria quebrar. “Todo dia vinha um falando: ‘Ah, você já vendeu?’ ‘Quando vai vender?’”, lembra a empresária.
Contrariando tais boatos, Huguette se tornou a única mulher entre os 10 maiores produtores de leite do país, conforme ranking da MilkPoint. Seu rebanho produz, em média, 33 mil litros por dia e todo o leite da fazenda é vendido para a Cooperativa Central de Produtores Rurais de Minas Gerais (instituição com participação nos laticínios Itambé e Vigor) e, posteriormente, transformado em leite condensado, leite em pó e iogurte.
Para Jacques Gontijo, presidente da cooperativa e ex-colega de faculdade de Flávio, foi a empresária que influenciou o marido a apostar na produção de leite: “Ela sempre gostou muito do leite e se mostrou muito determinada e uma produtora muito competente”.
Sobre a participação das mulheres no agronegócio, Huguette comenta ainda: “é um universo muito masculino, mas nunca senti nenhum tipo de preconceito. Para mim sempre o que chega é receptividade, acolhimento, curiosidade. Quase como se eu fosse uma referência.”
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Produzir mudas nativas, reflorestar a cidade de Bebedouro (SP) e fazer tudo isso com muita sustentabilidade são alguns dos objetivos de Patrícia Marta Matarazzo.
Psicóloga, nascida na capital paulista, Patrícia deixou as sessões e a sua cidade natal aos 33 anos, quando seu pai faleceu, para assumir a gestão da propriedade rural da família, a fazenda Santa Cruz do Pau D’Alho.
Atualmente, além de ser uma das 10 fazendas particulares brasileiras com o certificado Bonsucro (Iniciativa para uma Melhor Cana de Açúcar) da SGS – SCS Global Services, líder mundial em certificação independente, social e meio ambiental de produtos – o canavial de Patrícia é o pioneiro na obtenção da certificação da plataforma internacional SAI (Sustainable Agricultural Initiative), a qual visa promover a agricultura sustentável para a produção.
Para completar, a empresária ainda desenvolve na propriedade o Projeto Chiara, focado no reflorestamento e na conscientização de estudantes públicos e particulares sobre a importância da preservação do meio ambiente.
– Uma líder cooperativa
Graziela Hoff Gloger nasceu em Pinhalzinho (SC), formou-se em Medicina Veterinária em Santa Maria (RS) e, desde 2010, é subgerente de Bovinocultura da Cooper A1, a primeira cooperativa agropecuária formal de Santa Catarina, com sede em Palmitos.
Coordenadora de uma equipe de 15 técnicos agrícolas, focada no atendimento aos produtores de leite, Graziela comenta que “noventa por cento do serviço é trabalhar com pessoas” e essa é uma das questões que reforça a importância da participação das mulheres no setor agropecuário.
“Acredito que com a necessidade de empatia, organização, gerenciamento dos setores do agronegócio e também por termos estudado e nos especializado nos diversos ramos dele, viemos conquistando espaço”, explica a líder cooperativa.
Fato é que Graziela Gloger, Patrícia Matarazzo, Huguette Emilienne, Mariana Vasconcelos e Tereza Cristina são apenas alguns dos bons exemplos que podemos citar. Afinal, a atuação das mulheres no agronegócio segue aumentando e cada vez mais elas demonstram seu potencial para contribuir com o desenvolvimento do agro e de todo o país.
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