Desde o início do desenvolvimento industrial, a economia vem seguindo um modelo linear: começando pela extração da matéria-prima, passando pela fabricação de produtos, venda, uso e chegando, enfim, ao descarte.
Contudo, esse modelo já tem dado sinais de que não é mais sustentável. Afinal, o desperdício resultante desse sistema linear poderia até ser suportado em um mundo com dois ou três bilhões de habitantes. Agora, com sete bilhões de pessoas, é preciso pensar em novas alternativas, com melhor aproveitamento dos recursos finitos que temos. A Economia Circular é uma dessas alternativas. Saiba mais:
Trata-se de um novo modelo econômico que considera o aproveitamento de recursos de forma cíclica, idealmente sem geração de resíduos biológicos ou técnicos.
Dessa forma, um recurso natural que entra na cadeia de produção como matéria-prima primária, deve ser – posteriormente ao seu uso – transformado integralmente em uma matéria-prima secundária que retorna à cadeia de produção, criando o ciclo que denomina o processo.
Mais do que um modelo com diversos benefícios ambientais, a Economia Circular é um imperativo econômico de sobrevivência, em um mundo com recursos finitos e com uma população em constante crescimento.
A Economia Circular pressupõe mudanças em todo o sistema produtivo. Para começar, a própria fabricação de produtos deve levar em conta uma utilização mais duradoura, com materiais que possam ser integralmente reaproveitados, reutilizados e, posteriormente, reciclados. O redesenho de produtos com foco em sua performance – projetados com a intenção de permanecerem dentro de um ciclo – é a nova fronteira para a Economia Circular.
Na China, uma das maiores empresas de aparelhos eletrônicos, a TCL, iniciou um projeto piloto para reciclagem de eletrodomésticos, com uma taxa de 85-90% de recomercialização. A iniciativa envolve inovações na produção e logística, além da própria reciclagem e revenda. Um bom exemplo de investida em uma cadeia produtiva circular.
Esse é o ponto em que a Economia Circular se encontra com a Economia Compartilhada. Pois ambos os modelos incentivam o uso de produtos em detrimento da posse deles. Ou seja, em vez de comprar ou vender uma máquina de lavar, por exemplo, compra-se ou vende-se a função de lavar roupas.
O tratamento de um produto como serviço amplia seu uso por diversas pessoas, ocasionando um melhor aproveitamento de recursos e um consumo menor de matéria-prima para a produção de novos itens. Esse é um dos princípios da Economia Circular.
Saiba mais também sobre a Economia compartilhada.
Como mencionamos, a Economia Circular propõe toda uma transformação no sistema atual de produção. Não se trata apenas de dar uma destinação correta aos produtos após o uso para que sejam reciclados, mas também de repensar todo o processo para que os recursos sejam revalorizados ao longo da cadeia produtiva.
Ou seja, mais do que uma nova forma de pensamento econômico, a aplicação do modelo circular envolve: o desenvolvimento científico e tecnológico empregados à criação de produtos projetados para permanecerem dentro de um ciclo; a substituição da posse pelo uso, com redução do consumo de produtos; a reciclagem e revalorização dos recursos que seriam descartados; além da remanufatura, redistribuição e recomercialização dos produtos. Um modelo inovador e sustentável que merece ser propagado.
No Brasil, a aplicação da Economia Circular ainda é incipiente. Estima-se que apenas 3% do volume colocado no mercado brasileiro volte ao fabricante. De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, o país deixa de ganhar cerca de R$ 8 bilhões anuais devido à destinação inadequada dos resíduos sólidos (IPEA, 2010). Os números mostram como é fundamental promover o debate entre setores industriais, governantes e consumidores, sobre a responsabilidade compartilhada de implementar um novo sistema mais benéfico e próspero para todos.
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