Saber como economizar, poupar e investir, como lidar com o cartão de crédito e como controlar o orçamento são alguns exemplos de conhecimentos financeiros úteis para pessoas de todos os gêneros. Em outras palavras, podemos dizer que a educação financeira é para todos. Por que, então, falar de finanças para mulheres?
Para responder a essa pergunta, é necessário observar, em primeiro lugar, que a realidade familiar – assim como a do mercado de trabalho – vem se alterando e, cada vez mais, as mulheres têm sido protagonistas nas decisões financeiras e de investimentos.
Por outro lado, devemos reconhecer que os contextos histórico e educativo-familiar interferem muito nos valores e crenças que adquirimos em relação ao dinheiro.
Nesse sentido, é válido recordar que, por décadas, o papel de provedor financeiro cabia aos homens, enquanto as mulheres eram colocadas como guardiãs da moral da família. Alguns fatos relacionados a esse contexto merecem ser destacados:
Tudo isso só reforça a importância de falar de finanças para mulheres. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe:
Apesar das diversas conquistas já alcançadas pelas mulheres, ainda existem muitos estereótipos e preconceitos em relação ao comportamento financeiro feminino.
Há quem diga, por exemplo, que as mulheres gastam mais do que os homens. Há quem afirme que as mulheres são mais comedidas na hora de investir. Mas será que isso é verdade?
A ideia de que as mulheres consomem mais do que os homens tem relação, em primeiro lugar, com o fato de que, muitas vezes, são elas as responsáveis pelas compras da casa e pela administração do espaço doméstico (o que supõe gastos com toda a família, inclusive, marido e filhos). De acordo com pesquisa da Sophia Mind, 74% das mulheres são responsáveis por todas as compras da casa. Além disso, no Brasil, quase 30 milhões de mulheres são chefes de família.
É válido considerar também que muitas dessas compras feitas, em geral, pelas mulheres são de produtos não duráveis (comida, produtos de limpeza e higiene, roupas, cosméticos), enquanto as compras masculinas, em vários casos, estão associadas a produtos mais duráveis (eletrônicos, móveis, assinaturas, etc.).
Ainda assim, é bom reforçar que toda generalização tende a ser imprecisa e os padrões de consumo podem variar não apenas conforme o gênero, mas também são influenciados pela educação familiar, experiências vividas, idade, estado civil, situação financeira geral, entre outros fatores.
Estudos sobre as diferenças de gênero na relação com o dinheiro indicam que, em geral, as mulheres mantêm uma postura mais conservadora (preferindo investimentos como a poupança e a previdência), enquanto muitos homens são mais afeitos aos riscos.
Neste caso, vale observar que, por um lado, a desigualdade salarial e o foco nos gastos familiares tendem a contribuir para um acúmulo financeiro menor por parte das mulheres, reduzindo seu poder de investimento. A própria preocupação com o futuro da família também pode influenciar nesse comportamento mais conservador.
Além disso, a educação também é representativa já que, enquanto os homens, desde pequenos, costumam ser incentivados a não terem medo e serem mais arrojados, as mulheres, muitas vezes, são orientadas, desde meninas, a serem mais comedidas, delicadas e pacientes.
Por outro lado, como mencionamos, toda generalização é duvidosa e já existem inúmeros casos de mulheres investidoras que comprovam que investir bem não é uma questão de gênero, mas de educação financeira. A já famosa Nathalia Arcuri, do canal Me Poupe, é um ótimo exemplo disso.
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Ao falar de finanças para mulheres, não podemos deixar de fazer certas comparações, analisando as diferenças de condições entre os gêneros.
Nesse sentido, é preciso levar em conta, em primeiro lugar, a persistente desigualdade salarial entre homens e mulheres, mesmo quando ocupam cargos similares.
De acordo com pesquisa do IBGE, com dados referentes a 2018, as mulheres recebem menos do que os homens em todas as áreas, chegando seus ganhos somente até 53,2% do ganho masculino nos serviços e a 78,5%, em humanidades e artes.
Outro levantamento, feito pela agência de empregos Catho, em fevereiro de 2021, comprovou que essa diferença salarial segue existindo, sendo que as mulheres chegam a receber até 34% menos do que os homens, mesmo quando ocupam os mesmos cargos que eles e realizam tarefas similares.
É proveitoso observar ainda alguns insights trazidos pelo relatório “The Changing Faces of Women´s Wealth” (As diferentes faces da riqueza das mulheres) da WealthiHer Network. Segundo esse estudo:
Cientes dessas diferenças, torna-se ainda mais relevante tratar do tema finanças para mulheres. Aliás, saber o que as próprias mulheres falam sobre isso é ainda mais interessante. Confira a seguir.
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Na opinião da Dra. Jenny Chu, professora universitária e diretora do Wo+Men´s Leadership Center, “a educação financeira e o empoderamento ajudarão a superar os desafios que as mulheres ainda enfrentam para garantir seu futuro financeiro”.
Em matéria da Forbes Brasil, a Dra. Chu ainda acrescenta: “Para as mulheres com a ambição de ser mais experientes financeiramente, meu conselho seria fazer um balanço de sua renda atual, ativos (fontes de renda) e passivos (fontes de despesas) e, em seguida, mapear metas financeiras detalhadas e realistas. Com este roteiro, você poderá buscar conselhos confiáveis sobre medidas específicas para atingir essas metas. Quaisquer que sejam seus objetivos, lembre-se de diversificar e tomar cuidado com as taxas das transações”.
Para a CEO e fundadora do Starling Bank, Anne Boden, ao tratar sobre finanças para mulheres e sobre a participação feminina no mercado, “uma parte importante do problema são as ideias profundamente arraigadas que temos sobre a categoria de trabalho que os ´homens fazem` e o modelo de trabalho que as ´mulheres fazem`, definidos e moldados por anos de condicionamento social invisível”. Boden ainda lança uma convocatória para todas as mulheres, dizendo: “Temos que desafiar essas ideias desde o início”.
Enquanto isso, Milena Bursztyn, investidora da Germin8Ventures, comenta que “muitas vezes, existe o equívoco de que as mulheres não são financeiramente experientes”. Para ela, “isso se deve ao fato do dinheiro ser um tabu. Por muito tempo, as mulheres se sentiram desconfortáveis ao falar sobre dinheiro, como administram suas finanças pessoais, como investem, quem lhes dá conselhos. Mas isso está mudando rapidamente com o surgimento da educação financeira e o aumento da participação das mulheres na força de trabalho. Remover a barreira à participação das mulheres nos mercados financeiros é um passo importante na implementação de uma mentalidade de sucesso quando se trata de finanças”.
“Comece a falar sobre dinheiro em seus círculos e incline-se para as comunidades on-line. Ser capaz de falar abertamente sobre dinheiro te ajuda a se tornar mais confiante e assertiva, o que é fundamental para construir um futuro financeiro mais saudável”, aconselha a apresentadora do podcast The Wallet, Emilie Bellet.
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