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ESG: uma nova tendência que você precisa conhecer

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Embora a aplicação de princípios mais sustentáveis aos negócios não seja exatamente uma novidade, nos últimos anos, um novo termo relacionado ao tema vem despontando no mercado: o ESG.

Em 2021, segundo o Google Trends, o volume de buscas no Google pelo acrônimo ESG atingiu seu nível mais alto em 16 anos. A procura pelo termo já é 13 vezes maior do que em 2019.

Além disso, de acordo com pesquisa da Global Network of Directors Institutes (GNDI), 85% dos conselheiros e institutos globais participantes acreditam que, a partir de agora, haverá um maior foco em questões ESG, de sustentabilidade e de geração de valor.

O ESG apresenta-se, portanto, como uma das principais tendências do mercado a partir deste ano.

Daí a importância de entender não apenas o que significa ESG, como também a origem do termo, as iniciativas que compõem esse conjunto de práticas, as funções do ESG e sua relevância no contexto atual.

Para saber tudo isso e muito mais, acompanhe:

O que é ESG

A sigla vem do inglês: Environmental, Social and Governance. Em português, a tradução seria Ambiental, Social e Governança.

Na prática, trata-se de um conjunto de iniciativas que podem ser adotadas pelas empresas para cuidar do meio ambiente, promover impacto social positivo, ter uma conduta corporativa ética e, claro, serem reconhecidas por isso.

O ESG pode funcionar, portanto, como uma espécie de selo de qualidade para as empresas, dando mais visibilidade às suas práticas de gestão ambiental, social e de governança.

Por outro lado, o ESG também tem servido para embasar decisões de investimento, apresentando dados e indicadores concretos que podem servir de métrica para nortear boas práticas de negócios.

Na opinião dos profissionais da empresa TOTVS: “diz muito sobre o quanto a empresa está comprometida em relação a uma agenda mundial de extrema relevância em governança corporativa. Está relacionado a uma empresa que está conectada às principais tendências e desafios globais da sociedade, que sabe o que é o certo a se fazer. É um compromisso”.

Leia também Desenvolvimento Sustentável é foco do cooperativismo

Iniciativas que compõem o ESG

Ainda não existe uma padronização global sobre todas as ações que podem ser incluídas como práticas ESG.

Além disso, essas iniciativas também podem variar de acordo com o setor em análise. Uma empresa de serviços digitais, por exemplo, não tem necessariamente um impacto ambiental direto. Porém, se essa mesma empresa conta com um data center, é preciso mensurar o impacto do consumo de energia e do descarte de equipamentos, entre outros fatores.

De todo modo, confira as principais práticas corporativas que costumam ser consideradas em cada critério ESG:

Na área ambiental (E)

  • Preservar a biodiversidade
  • Fazer uso racional dos recursos naturais
  • Zerar desperdícios
  • Tratar os resíduos sólidos
  • Reduzir a emissão de gases de efeito estufa
  • Buscar a plena eficiência energética

Na área social (S)

  • Respeitar os direitos humanos
  • Melhorar as condições e relações de trabalho
  • Proporcionar treinamento adequado para os colaboradores
  • Estimular políticas de inclusão e diversidade dentro e fora da empresa
  • Garantir a privacidade e segurança de dados de funcionários, clientes e parceiros
  • Promover impacto positivo nas comunidades onde atua

Em relação à governança corporativa (G)

  • Seguir condutas éticas e anticorrupção nos negócios
  • Adotar critérios de diversidade na escolha dos membros do conselho
  • Impedir casos de assédio, discriminação e preconceito
  • Preservar a independência do conselho de administração
  • Garantir remuneração justa e racional
  • Praticar a transparência fiscal

Origem do termo

A sigla ESG foi cunhada pela primeira vez em 2004, em uma publicação intitulada “Who Cares Wins” (em português, Quem se importa ganha), que tratava de demonstrar que as empresas engajadas com causas ambientais, sociais e de governança corporativa tinham melhores resultados.

Desde então, a aplicação desse conceito tem evoluído de diversas formas. Vale citar, por exemplo, o surgimento, em 2007, dos green bonds (títulos ou investimentos verdes), assim como o lançamento da Agenda 2030 da ONU, em 2015 – outro feito que deu impulso ao tema.

Podemos dizer, porém, que foi somente no ano passado que o ESG ganhou os holofotes do mercado, quando o diretor executivo da BlackRock – maior gestora de fundos do mundo, que controla mais de R$ 44 trilhões em ativos (seis vezes o PIB brasileiro em 2020) – anunciou que a sustentabilidade se tornaria um critério para as decisões de investimento da gestora.

Saiba mais a seguir:

Investimentos ESG

Além da maior consciência dos executivos e da pressão da sociedade por melhores práticas, os investidores são alguns dos principais responsáveis pelo crescente movimento de adoção do ESG nas empresas.

Após o comunicado do diretor da BlackRock, principalmente, muitos outros fundos de investimento passaram a adotar os princípios ESG como critério e muitos investidores passaram a investir mais em fundos como esses.

Segundo dados da Bloomberg, no ano passado, esses fundos aumentaram seus ativos em 32%, chegando ao recorde de US$ 1,8 trilhão. De acordo ainda com relatório da consultoria PwC, até 2025, 57% dos ativos europeus devem estar alocados em fundos assim. Além disso, 77% dos investidores europeus afirmaram que pretendem parar de aplicar em produtos que não sejam ESG nos próximos dois anos.

As razões para isso podem ser compreendidas por meio de dois exemplos brasileiros.

O primeiro é o da empresa Vale, apontada como responsável pela queda da barragem de Brumadinho em 2019. Na ocasião, a empresa perdeu valor de mercado e, desde então, vem se esforçando na adoção de iniciativas ambientais, sociais e de governança.

O segundo caso foi o espancamento e morte de João Alberto Silveira Freitas, em 2020, em uma unidade do Carrefour.

Carlo Pereira, diretor executivo da Rede Brasil do Pacto Global, explica: “Uma empresa não ter ações relacionadas à diversidade e ao antirracismo, além de um problema é um risco. A morte do João Alberto custou milhões de reais para o Carrefour. O investidor não vai querer estar numa empresa dessa, não só pelo impacto financeiro, mas na imagem também”.

A partir de tais exemplos fica mais claro porque os investidores começam a interessar-se mais por empresas que aplicam práticas ESG. É como se o fato de não seguir princípios ambientais, sociais e de governança passasse a fazer parte do processo de precificação de risco dos investimentos.

Só que, gradativamente, os consumidores em geral também passam a prestar mais atenção – e, em muitos casos, a dar preferência – a empresas que adotem ditas práticas mais sustentáveis.

Leia também Atitudes sustentáveis na escola e no trabalho

ESG e cooperativismo

“Mesmo que a concepção de desenvolvimento sustentável tenha surgido mais de um século depois da criação do cooperativismo, o movimento [cooperativista] já nasceu regido por uma atuação social e ambiental, tendo, desde seus primórdios, princípios vinculados com a sustentabilidade”, esclarece reportagem da revista Mundocoop.

De fato, por orientarem-se por princípios mais justos e humanos – como o Interesse pela Comunidade – as cooperativas já costumam incluir, naturalmente, em sua atuação diversas práticas em favor do meio ambiente, da sociedade e da governança corporativa, sendo reconhecidas, inclusive, como parceiras da ONU no alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Um bom exemplo disso é o Sicoob SC/RS – uma das centrais que formam o Sicoob, um dos maiores sistemas cooperativistas financeiros do país – que é signatário do Movimento Nacional ODS Santa Catarina, sendo apoiador oficial do ODS 8 – Trabalho digno e crescimento econômico.

Além do mais, o Sicoob SC/RS lançou recentemente o seu Relatório de Sustentabilidade 2020. Além de seguir as diretrizes da Global Report Initiative (GRI) e estar totalmente disponível online, esse estudo permite analisar as preocupações e práticas ambientais, sociais e de governança da instituição, revelando que as iniciativas atualmente conhecidas como ESG já fazem parte do DNA cooperativista há muito tempo.

Outro destaque recente que vale a pena mencionar veio da intercooperação entre a Coopercitrus – Cooperativa de Produtores Rurais – e a Sicoob Credicitrus, que juntaram forças, em 2019, para a criação da Fundação Coopercitrus Credicitrus, uma entidade educacional, de pesquisa, difusão de tecnologias e transformação social, voltada para a formação de novos profissionais do agronegócio e o fortalecimento das comunidades ao redor.

Percebe-se, portanto, que, apesar do ESG ser uma terminologia relativamente recente e em franca expansão no momento atual, as instituições cooperativistas já estão adaptadas a trabalhar guiadas por semelhantes práticas mais sustentáveis e, quem sabe, podem até servir de exemplo para outras empresas que desejam aplicar o ESG na prática.

Sustentabilidade ou greenwashing?

Apesar de já existirem sites internacionais de avaliação de sustentabilidade (como MSCI ESG – , Sustainalytics – e Refinitiv ESG – ) e índices de Bolsa (como ISE B3 e S&P/BR Brasil ESG), ainda não há nenhuma entidade oficial que ateste se uma empresa incorpora ou não princípios ESG.

Diante disso, ainda não é possível determinar exatamente quantas nem quais empresas adotam realmente esse tipo de práticas mais sustentáveis.

Uma preocupação em relação a isso vem de um levantamento recente do IBGE que demonstra que a maioria das empresas brasileiras que investem em sustentabilidade (59,4%) estão pensando apenas em obter uma imagem institucional melhor.

A questão é que aplicar práticas ESG não tem a ver apenas com passar uma imagem mais positiva. Aliás, na opinião dos especialistas, é melhor evitar a propaganda verde enganosa (a chamada greenwashing).

“Todo o planejamento estratégico das empresas, processo, programas e projetos precisam derivar desses propósitos e missões, com muita mensuração de impacto e sucesso dessas atividades. Se não tiver comprovação, evidência das atividades de ESG, será uma farsa ou ESGwashing como as pessoas já têm chamado”, comenta o professor e coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental, Marco Nakagawa.

O diretor da Rede Brasil do Pacto Global, Carlo Pereira, acrescenta: “Estamos na época da hipertransparência e o espaço para as empresas brincarem com essa agenda é cada vez menor. Quem entrar na roubada de fazer greenwashing vai se dar mal porque vai ter que se movimentar mais rápido e gastar mais dinheiro do que se fizesse o compromisso direito”.

daniele

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