Representando uma alternativa aos bancos tradicionais, as cooperativas financeiras têm expandido sua atuação por todo o país. Já são mais de 10 milhões de brasileiros associados, e o Banco Central (BC) quer ampliar ainda mais essa participação. Na contramão desse movimento, os bancos fecham agências.
Só para se ter uma ideia, no ano passado, o Sicoob – maior sistema cooperativo financeiro do Brasil – abriu 197 novas agências, chegando a 3.480 postos espalhados por todos os estados e regiões do país. Ao passo que, os quatro maiores bancos de varejo do mercado tiveram redução de até 24% no número de agências em comparação com os postos que disponibilizavam em 2019.
“Essa reacomodação é natural, observada também fora do Brasil, e está associada à evolução digital e a oportunidades de racionalização estrutural no âmbito dos bancos, que atingiram a plenitude da sua rede há mais tempo e hoje apresentam algum nível de sobreposição. As cooperativas – que também vêm dando forte ênfase ao atendimento remoto – ainda têm um grande espaço geográfico a ser coberto com pontos fixos, inclusive para equilibrar em alguma medida, a sua presença física com a rede bancária. Ademais, dado o seu modelo societário, não podem impor este ou aquele canal de contato.”
É o que explica o diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob, Ênio Meinen, fazendo referência ao fato de que, nas cooperativas, os cooperados são associados, ou seja, são, também, donos do negócio.
Taxas menores, participação nas sobras e poder de decisão são outras vantagens exclusivas oferecidas por esse tipo de instituição. Não é por acaso que a expansão do cooperativismo financeiro pelo país não para. Saiba mais:
Em centenas de municípios brasileiros, as cooperativas financeiras (também chamadas de cooperativas de crédito) são as únicas instituições financeiras disponíveis.
Trata-se normalmente de regiões remotas e periferias – locais que não costumam ser atrativos para os grandes bancos –, e onde, muitas vezes, predominam as transações em dinheiro efetivo e em cheque.
Para se ter uma noção, apenas entre novembro de 2020 e janeiro deste ano, foram depositados no Sicoob mais de 8 milhões de cheques.
O presidente da instituição, Marco Aurélio Almada, comenta: “Os pequenos têm dificuldade de acesso a serviços financeiros, mas também a meios de pagamento. O cooperativismo serve para ajudar com essa dor, provendo atendimento em geografias que não são interessantes aos grandes bancos.”
Para o analista sênior da agência Fitch, Pedro Carvalho, “enquanto a tendência dos bancos é a busca de aumento da eficiência, reduzindo assim o custo fixo com agências, as cooperativas de crédito vão na contramão, aumentando a presença no interior do país.”
É exatamente por isso que no tópico Inclusão Financeira da Agenda BC# (pacote de medidas estratégicas do Banco Central), a expansão do cooperativismo financeiro é um dos objetivos de destaque.
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Por outro lado, engana-se quem pensa que o cooperativismo é coisa só de pequenas cidades do interior. As cooperativas financeiras também estão cada vez mais presentes nos grandes centros urbanos.
O próprio Sicoob é um bom exemplo disso, já que, atualmente, é a terceira maior rede do segmento financeiro e possui o segundo maior número de agências por todo o Brasil, atrás apenas de um dos maiores e mais tradicionais bancos de varejo do país.
Vale dizer ainda que, em 2020, durante a pandemia, as cooperativas foram líderes na concessão de empréstimos a pequenos negócios. Diante do que o coordenador do curso de Economia da FGV, Joelson Sampaio, destacou: “Elas exerceram um papel fundamental ao longo da crise, que foi fazer o dinheiro chegar ao pequeno produtor, empresário, comerciante e empreendedor.”
Porém, na opinião de Ênio Meinen, “nos territórios mais populosos, sobretudo em regiões metropolitanas, há demanda das comunidades para uma maior presença física do segmento, até mesmo como alternativa aos bancos.”
Sabendo disso, o Sicoob pretende, este ano, ultrapassar o crescimento de 2020, com novas agências em 2.144 municípios, representando um aumento de 14%.
Além do mais, no universo online, as cooperativas financeiras também têm se destacado. Veja a seguir.
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Internet banking e app para controle das contas não são as únicas alternativas oferecidas pelas coops financeiras.
Só para se ter uma ideia, logo no início da pandemia, o Sicoob desenvolveu um mecanismo de reconhecimento facial para que os cooperados pudessem fazer suas operações com mais segurança sem ter que ir até uma agência.
Com atualizações no app Sicoob Moob, a instituição implementou, ainda, as Assembleias Virtuais, para a participação online dos cooperados nas decisões da entidade. Isso só para citar alguns exemplos.
Sem contar que o Sicoob já conta com cerca de 100 mil cooperados digitais. Aliás, a associação pode ser feita totalmente online, com apenas alguns cliques por meio do app Faça Parte.
Para Ênio Meinem, “o atendimento físico e o digital devem caminhar lado a lado para que se cumpra efetivamente o propósito cooperativo de promover justiça financeira e prosperidade, com ampla inclusão e sem o viés do lucro.”
O executivo diz ainda que “ao facultar a escolha do canal de relacionamento, o Sicoob vai ao encontro do usuário, respeitando a preferência dos atuais e futuro cooperados, donos do empreendimento cooperativo. Além disso, honra com o seu compromisso de engajamento territorial, nos termos do sétimo princípio cooperativista [o Interesse pela Comunidade], o que inclui a preservação e a geração de milhares de empregos.”
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