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De acordo com pesquisa do Sebrae e da FGV divulgada em maio, 90% dos micro e pequenos negócios brasileiros tiveram queda no faturamento devido à crise causada pela pandemia de coronavírus. Nesse segmento, 44% das empresas tiveram que interromper a operação, 32% seguem funcionando digitalmente, 12% seguem operando mesmo sem acesso a uma infraestrutura tecnológica e apenas 11% mantém o funcionamento sem alterações. Nesse contexto, o capital de giro ganha ainda mais importância.
A referência já está no nome: capital de giro, um montante essencial para tocar os negócios no curto prazo, em outras palavras, para fazê-los girar. Não é por acaso que o crédito para capital de giro é uma das linhas mais solicitadas do mercado.
Resultado da soma de ativos correntes com dedução dos passivos, esse conjunto de recursos está relacionado a toda a operação da empresa, desde o trato com clientes e fornecedores até a montagem de estoque.
Se você quer saber mais sobre a aplicação desses meios em cada fase do negócio, leia o nosso Manual do capital de giro.
E para saber como aumentar o saldo para movimentar sua empresa, mesmo em tempos de crise, acompanhe estas 4 estratégias certeiras para conseguir capital de giro:
1 – Considere as cooperativas financeiras como opção
A mencionada pesquisa do Sebrae e da FGV revelou também que, apenas entre abril e maio, aumentou em 8% o número de empresários que buscaram crédito. Entre eles, a maioria (63%) solicitou o empréstimo a bancos públicos, 57% solicitou a bancos privados e 10% a cooperativas financeiras.
Contudo, essas proporções se invertem ao analisar a taxa de sucesso dos pedidos. As cooperativas foram as que mais concederam empréstimos no período analisado (31%), seguidas pelos bancos privados (12%) e pelos públicos (9%). Ou seja, é mais fácil conseguir crédito em uma cooperativa financeira.
Além disso, de acordo com o Relatório de Economia Bancária divulgado pelo Banco Central (BC) em junho deste ano, as cooperativas financeiras (também chamadas de cooperativas de crédito) são a melhor opção para os pequenos negócios, na hora de obter empréstimos, já que oferecem taxas de juros muito mais baixas do que os bancos comuns e apresentam um aumento de spreads consideravelmente menor.
Weniston Ricardo, analista da unidade de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae, reforça: “As pesquisas evidenciam que as cooperativas são uma alternativa mais justa para os pequenos negócios e, por isso, o Sebrae atua há quase 20 anos em parceria com os principais sistemas cooperativistas financeiros do país, apoiando o desenvolvimento do segmento e o estímulo à ampliação do número de pequenos negócios associados.”
O analista exemplifica fazendo referência ao maior sistema de cooperativas financeiras do país: “O recente convênio com o sistema Sicoob para o uso do Fampe [Fundo Aval à Micro e Pequenas Empresas] do Sebrae nas operações de crédito com as cooperativas reforça o nosso posicionamento."
2 – Revise seu estoque
Apesar do aumento na busca por crédito, o presidente do Sebrae, Carlos Melles, comenta que muitos empresários evitam tomar empréstimos, seja pelas taxas cobradas, pela burocracia de algumas instituições financeiras ou pela falta de garantias reais por parte da própria empresa.
Nesse caso, é bom saber que há outras opções para conseguir capital para operar em curto prazo. Rever o seu estoque é uma delas:
- Crie uma lista dos seus produtos ordenando-os da maior à menor demanda;
- Faça promoções dos produtos que têm menos demanda;
- Divulgue mais os produtos de maior demanda;
- Na hora de repor o estoque, priorize a compra de produtos que tenham maior giro;
- Não se superestoque.
Estratégias como essas também podem ser adotadas em paralelo à solicitação de empréstimo, contribuindo para a recuperação financeira da empresa e para a garantia de quitação do crédito. Confira outras dicas para isso:
3 – Reveja custos e despesas
- Corte custos que não sejam necessários agora e reduza aqueles que não trazem retorno em curto e médio prazo. Reveja a necessidade de viagens de negócios, de marketing em produtos de pouca demanda, de pequenas reformas, da compra de equipamentos, etc.
- Considere parcelar o pagamento de eventuais rescisões trabalhistas e/ou com fornecedores. Analise prazos e juros para planejar-se melhor.
- Considere o parcelamento de impostos. Converse com seu contador para analisar os prazos e os juros dessa alternativa. Mas preserve o prazo legal de vencimento das CND’s – essenciais para a continuidade dos negócios.
- Considere a possibilidade de pedir prorrogação a alguns fornecedores e planeje-se para cumprir com os novos prazos.
- Se for o caso, utilize o expediente de férias para fechar temporariamente parte do negócio. As Medidas Provisórias 927 e 936 anunciadas pelo governo federal propõem alternativas para a manutenção de empregos, permitindo redução de jornadas e salários, antecipação do período de férias, entre outros. Mas nunca deixe de pagar salários.
4 – Foque em recebimentos antecipados
- Priorize vendas à vista ou no cartão de crédito. Se for o caso, antecipe os recebimentos do cartão junto a sua instituição financeira ou a própria operadora.
- Para vendas a prazo no cartão, some a taxa de juros do seu custo de capital (quanto o banco te cobraria para emprestar dinheiro).
- Para vendas a prazo no boleto, ofereça descontos para pagamentos antes do dia – no máximo igual ao seu custo de capital. Coloque multa para pagamentos com atraso. Coloque instrução de cartório/negativação. Informe tudo isso no corpo do boleto. Se achar necessário, contate seus clientes lembrando-os do prazo de pagamento ou cobrando-os.
- Foque nas vendas em que você tem mais força. Dê prioridade aos produtos de maior demanda. Se seus clientes preferem comprar à vista, considere aumentar os juros do parcelamento. Se seus clientes preferem comprar a prazo, analise a possibilidade embutir os juros no preço à vista e oferecer o parcelamento sem acréscimos.
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