Em outubro deste ano, acontecem por todo o Brasil (exceto no Distrito Federal) as eleições municipais de 2020. Você já começou a se preparar? Não, não estamos falando só de estar com o título em dia e não são apenas os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores que precisam se planejar para participar do pleito. Quem vai votar também precisa pensar sobre o assunto com antecedência para poder exercer seu direito de forma consciente e responsável. A boa notícia é que a gente tem um jeito cooperativo de te ajudar nessa missão.
Você já deve saber que o cooperativismo é um modelo socioeconômico alternativo, com valores mais justos e humanos e que, desde a origem do movimento, em 1844, na Inglaterra, as instituições cooperativas têm sua atuação orientada por 7 princípios básicos. O que talvez você não tenha imaginado é que esses princípios cooperativistas também podem inspirar atitudes que refletem em um voto consciente. Para entender melhor essa ideia, acompanhe:
1 – Educação, formação e informação
Este é o quinto dos sete princípios cooperativistas. E o primeiro quando se trata de inspirar um voto mais consciente. Afinal, para exercer seu papel de cidadão de forma responsável, o primeiro passo é informar-se bem:
• entender o que faz cada cargo político;
• buscar conhecer mais a fundo cada candidato;
• compreender a real situação do seu município e como cada candidato pode contribuir para melhorar esse contexto;
• conhecer as regras que políticos e cidadãos devem seguir durante o período eleitoral (sobre propaganda, boca de urna, etc.).
Um exemplo claro de que a maioria dos brasileiros precisa informar-se melhor sobre temas como esses vem de um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS) em 2016, que revelou que 85% dos eleitores não sabia definir o que faz um vereador. Um índice ainda mais preocupante se consideramos que os vereadores deveriam ser os representantes políticos mais próximos da população.
Ajude a mudar essa realidade: assista ou ouça os programas políticos e debates pela TV ou pelo rádio, fique atento a notícias de jornal, busque informações confiáveis na internet e não espalhe notícias sem verificar a confiabilidade das fontes. Debater com parentes e amigos e divulgar bons candidatos também pode ser enriquecedor, mas sempre mantendo o respeito e a educação.
2 – Participação econômica na cooperativa
Em uma cooperativa, os cooperados são todos associados que participam economicamente da instituição. Se pensarmos na administração pública, por sua vez, podemos perceber que os cidadãos, igualmente, têm participação econômica na gestão da máquina pública. Portanto, vale a pena ficar de olho nas contas do governo.
Você sabia, por exemplo, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulga na internet as arrecadações e os gastos dos candidatos, partidos políticos e coligações durante toda a campanha eleitoral? Observar informações como essas pode ser importante para entender como os candidatos lidam com as finanças. Afinal, eles serão responsáveis por fazer projetos e aplicar verbas que, no final das contas, mexem com o bolso de todos.
3 – Adesão livre e voluntária
De acordo com o primeiro princípio cooperativista, “as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminação de sexo ou gênero, social, racial, política ou religiosa".
Da mesma forma, em uma eleição democrática, a escolha de voto deve ser livre e voluntária. Além da compra de votos ser considerada crime eleitoral, quem vende seu direito de escolha perde a chance de optar por um futuro melhor. Negociar seu voto em troca de algum favor ou aceitar dinheiro para colocar propaganda política na sua casa, no seu carro ou em outro bem particular também não vale a pena.
Além disso, ao avaliar os candidatos, lembre-se que o caráter, a conduta, a experiência, os ideais e as propostas de cada um são mais relevantes para gerir um município do que características físicas e religiosas ou preferências pessoais. Faça suas escolhas livre de preconceitos e de forma voluntária. Não se baseie pelo que pensa a maioria. Aproveite seu direito de se expressar. Sua opinião pode fazer a diferença nas urnas e no futuro de todos.
4 – Interesse pela comunidade
Conforme o sétimo princípio do cooperativismo, as instituições cooperativas têm um compromisso com o desenvolvimento das comunidades onde estão instaladas: devem respeitar as peculiaridades sociais e a vocação econômica do local, desenvolvendo soluções de negócios e apoiando ações humanitárias e socioambientalmente sustentáveis.
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Analise: quais candidatos demonstram esse tipo de interesse pela comunidade? Eles estão realmente comprometidos em desenvolver o município econômica, social e ambientalmente para todos que vivem nele? Os ideias e propostas dos candidatos demonstram esse tipo de compromisso político?
Pensando bem, esse princípio cooperativista poderia até servir como orientação de conduta para os candidatos eleitos. Já imaginou?
5 – Gestão democrática
Outro princípio cooperativista que pode ajudar a refletir sobre o voto consciente é o da Gestão Democrática. Você sabia que, em uma instituição cooperativa todos os associados têm o mesmo poder de voto? Os membros também participam da formulação das políticas e da tomada de decisões das cooperativas, têm acesso a todas as informações de gestão, financeira ou política e podem examinar livros e documentos a qualquer tempo.
No caso do governo, não deveria ser assim também? Ou seja, a população não deveria ter maior poder de participação nas decisões da administração pública? O primeiro passo para defender esse direito é optar por candidatos realmente dispostos a ouvir a população e governar para todos.
Verifique, por exemplo:
• como é o acesso aos candidatos? Eles põem contatos à disposição? Respondem mensagens?
• quais candidatos são realmente transparentes em suas ideias, ações e finanças?
• como os candidatos reagem a críticas? Atacando, defendendo-se, mostrando provas?
• aqueles que já tiveram outros cargos políticos, como votaram em projetos de interesse da população?
Finalmente, lembre-se também de que defender os interesses de classes e minorias é importante, mas um candidato eleito deve governar para todos:
• ouvindo a população e embasando-se em seus interesses;
• dando voz a quem necessita de forma a igualar oportunidades, mas sem dar preferências;
• fazendo projetos, aprovando leis e desenvolvendo iniciativas que beneficiem a todos.
Reflita sobre questões como essas, inspire-se nos princípios do cooperativismo e prepare-se para participar das eleições municipais de 2020 com consciência e responsabilidade.
EXTRA: Frente Parlamentar do Cooperativismo
Sabia que existe um grupo de deputados e senadores que defendem princípios como esses no Congresso Nacional? Trata-se da Frente Parlamentar do Cooperativismo, a Frencoop, uma bancada formada por políticos que atuam em defesa das cooperativas brasileiras.
Criada em 1984, a Frencoop já alcançou várias conquistas notórias, como:
• a regulamentação do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo;
• a lei do artesão;
• o novo código florestal brasileiro;
• a lei das cooperativas de trabalho;
• a metodologia de subvenção tarifária para cooperativas de distribuição de energia elétrica, etc.
O sucesso da bancada tem, inclusive, incentivado a criação de outras frentes similares em Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores de todo o país. Quem apoia o cooperativismo pode, portanto, analisar mais a fundo as ideias dos candidatos em relação a esse aspecto. O Sistema OCB costuma disponibilizar mais informações sobre candidatos ligados ao movimento cooperativista, facilitando essa pesquisa.
Já conhece o sistema líder em cooperativismo financeiro no Brasil, o Sicoob? Faça parte!
