Educação financeira (também) se aprende na escola

A Base Nacional Comum Curricular e o papel dos pais na educação financeira

Guia de Bolso | 18 de junho de 2018
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Educação financeira (também) se aprende na escola
Educação financeira (também) se aprende na escola



Porcentagem, regra de três, fórmula de Bhaskara, é claro que, para o desenvolvimento da criança, é importante aprender tudo isso. Mas por que não aprender também noções de consumo e de economia, por exemplo? Afinal, ter acesso à educação financeira desde a infância faz toda a diferença.

Uma pesquisa da Associação Brasileira de Educação Financeira (Abefin) em parceria com Instituto Axxus e Unicamp comprova a influência desse tipo de aprendizado na vida da criança e nas finanças familiares. Foram dois tipos de entrevistados: pais cujos filhos têm e pais cujos filhos não têm acesso à educação financeira.

De acordo com o levantamento, 100% dos entrevistados cujos filhos têm educação financeira contam com a participação das crianças nas discussões relacionadas às finanças familiares. Por outro lado, entre as crianças que não têm acesso a essa matéria, só 11% envolve-se nas conversas sobre o orçamento familiar.

Além disso, ao serem questionados sobre a capacidade de manterem seu padrão de vida caso deixassem de receber seu salário mensal, os pais dos alunos que têm educação financeira responderam que poderiam manter-se por mais tempo do que os pais de crianças sem acesso a esse tipo de conhecimento.

Tendo reconhecido a importância dessa área de estudos, o Ministério da Educação incluiu, recentemente, a educação financeira e a educação para o consumo como habilidades obrigatórias entre os componentes curriculares da Base Nacional Comum Curricular.

Ou seja, as escolas, tanto públicas quanto particulares, devem começar a ensinar melhor às crianças sobre finanças, sobre o consumo e os seus resultados. E as famílias brasileiras só têm a ganhar com isso. Saiba mais:

Iniciativas anteriores: a ENEF

Em termos nacionais, a discussão sobre o tema ganhou força em 2010, com a instituição da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) que, entre outras ações, mapeou as iniciativas de educação financeira já existentes no país.

Conforme tal mapeamento, em 2014, havia 803 ações em diferentes regiões brasileiras, sendo: 60% iniciativas gratuitas, 50% iniciativas com atuação nacional, 46% presenciais, 17% virtuais e 37% mistas (presencial + virtual).

A ENEF também mantém uma plataforma online onde é possível ter acesso, gratuitamente, a livros para Educação Infantil e Ensino Fundamental, vídeos e outros conteúdos e recursos sobre educação financeira.

Cursos, workshops e outros eventos de orientação também estão entre as realizações da ENEF. Contudo, mesmo diante de tais esforços, a educação para as finanças merecia, ainda, um impulso maior para chegar a todos os lares do Brasil. Então, acompanhe:

A Base Nacional Comum Curricular

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento que estabelece referências para os currículos escolares de todo o país. Em sua última versão – disponível no site do MEC – a educação financeira consta como uma das habilidades obrigatórias que devem ser ensinadas, e adquiridas pelos estudantes, de agora em diante.

Para o presidente da União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Alessio Costa Lima, o ano letivo de 2018 deverá servir para discutir como implementar essas habilidades. “Até o fim do ano, esperamos que a maioria dos currículos estejam devidamente atualizados, prontos para serem encaminhados e aprovados e, a partir de 2019, de fato, chegarão à sala de aula.”

É bom lembrar que a BNCC estabelece as áreas de conhecimento e habilidades obrigatórias no currículo escolar, mas são os estados, os municípios e as próprias escolas que decidem como os temas entrarão na grade.

Em todo caso, a educação financeira favorece uma abordagem interdisciplinar e contínua. As crianças podem trabalhar o tema não apenas nas aulas de matemática, como também nas de interpretação de texto, por exemplo, lendo boletos, carnês e faturas.

A autora do livro O Barato da Dona Baratinha complementa: “A educação começa esclarecendo o ato de consumir e suas consequências. Menciono ainda [no livro] o outro lado do consumo que é o de produzir lixo e consumir recursos naturais.”

Ronaldo Vieira da Silva, do departamento de Promoção da Cidadania Financeira do BC, observa: “O objetivo é que o jovem, quando inicie sua vida financeira, já esteja familiarizado com algumas coisas básicas.”

O papel dos pais e responsáveis

Mesmo com a inclusão da educação financeira no currículo escolar, o papel de pais e responsáveis nesse aprendizado continua sendo essencial. Cabe aos pais abordar o assunto no dia a dia, explicando conceitos variados sobre o tema e, principalmente, dando o exemplo.

A fisioterapeuta Priscila Valadares, mãe do Caio e do Rafael, exemplifica: “Ensino que as coisas mudam de valor de acordo com as marcas, qualidade, quantidade e que temos que avaliar o que vale a pena comprar. Tento fazer eles entenderem o que é o consumo e como funciona. Quero que cresçam conscientes, pessoas melhores.”

A servidora pública Arlene Costa Nascimento conta que a filha Cecília, aos 6 anos, pediu para montar uma barraquinha para vender coisas produzidas por ela (bolos, pulseiras, etc.). “Na primeira vez, veio alguém de fora e comprou dela e ela usou o dinheiro para comprar uma bateria. A partir daí, ela pediu pra fazer isso mais vezes e iniciamos com o projeto Feirinha Suco de Limão, no qual as crianças podem vender coisas que produziram durante as férias.” Uma forma de ensinar que o dinheiro não surge do nada, que exige esforço e promove realizações.

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Photo by Jess Watters on Unsplash

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