Imagine só:
(a) você troca de bicicleta a cada fim de semana, mas não precisa de espaço para guardá-la.
(b) você passa as férias com a família num barco, mas não se preocupa com as despesas do píer.
(c) você leva a namorada para passear de Ferrari, mas não precisa pagar IPVA.
Sabia que tudo isso já é possível graças à economia compartilhada?
A frase – que está no site da marca alemã Mercedes Benz – resume bem a nova tendência. Desde o advento da internet, as distâncias diminuíram e as pessoas compartilham cada vez mais, de tudo, de notícias a fotos, de músicas a filmes. Como resultado, hoje, muita gente, prefere baixar a música ou filme na internet do que comprar o CD ou DVD, por exemplo. Por que possuir não é mais tão importante. As pessoas têm percebido a vantagem de ter acesso a bens e serviços sem precisar possuí-los. A experiência é o novo foco do consumo.
É um modelo socioeconômico e cultural impulsionado pela popularização das tecnologias digitais. Trata-se de uma relação comercial entre indivíduos comuns. As pessoas negociam e compartilham seus próprios bens umas com as outras. Portanto, consumidor e fornecedor se confundem. Além disso, podemos dizer que os produtos passam a ser usados como serviço: você paga para usufruir do benefício do objeto por meio de empréstimo, troca, aluguel e compartilhamento.
– Nos EUA, a RelayRides oferece carros para aluguel, apesar de não possuir automóveis próprios. O que a empresa faz, na verdade, é fornecer a plataforma digital que permite que proprietários (pessoas físicas) e locatários façam negócios entre si.
– O serviço de hospedagem Airbnb funciona sob o mesmo princípio e oferece 800 mil acomodações em 190 países (tem até castelos, casas na árvore e barcos). Para ter uma noção melhor, a maior rede de hotéis do mundo, a Intercontinental, tem 693 mil quartos em 100 países.
No modelo tradicional, os bens são produzidos, vendidos, comprados e, depois, descartados. Nesse novo modelo, entre a compra e o descarte há inúmeras outras transações daquele bem entre pessoas comuns. Ou seja, a economia compartilhada propõe um consumo mais consciente. Ela transforma os excessos na base do sistema de transação comercial. Por isso, é uma forma sustentável de fazer negócio.
Além de permitir a qualquer usuário uma renda extra, compartilhando seus próprios bens (já pensou em alugar sua casa nas férias, por exemplo?), a economia compartilhada amplia o acesso a diversos bens e serviços (barateados quando negociados sem intermediários). E o melhor: ademais das vantagens financeiras, o acesso é ajustado às necessidades do usuário. Você não precisa comprar uma lancha para passear em uma no fim de semana, por exemplo.
Só para você ter uma ideia:
– Em 2013, na América do Norte, 1 milhão de pessoas compartilharam 15,6 mil carros.
– Neste mesmo ano, a economia compartilhada movimentou, mundo afora, um total de US$ 3,5 trilhões. E estes números só vêm crescendo.
Os mais contrariados são mesmo os comerciantes e empresários que ainda não compreenderam como se inserir na nova tendência. Há, por exemplo, hoteleiros que reclamam do compartilhamento de espaços ou taxistas que difamam o compartilhamento de transporte. As acusações vão desde a falta de segurança até a sonegação de impostos e concorrência desleal. Mas economistas alertam: as reclamações não devem brecar o processo, que se encontra em franca expansão.
– ESPAÇOS – alugue quartos, casas, barcos, castelos e até vagas de garagem ou compartilhe espaços de trabalho.
– TRANSPORTE – pegue carona, alugue carros e bicicletas.
– BENS – compre, venda, troque e alugue objetos, como roupas, calçados, bolsas, etc.
– COMIDA – compartilhe uma refeição ou uma aula de culinária.
– DINHEIRO – participe de financiamentos coletivos de projetos.
– SERVIÇOS – encontre prestadores e ofereça serviços sem intermediários.
Nem precisa de bola de cristal para perceber o rumo que as coisas estão tomando. Se somarmos a torrente de redes sociais da atualidade (e a mudança de comportamento que trouxeram) com a realidade de recessão global, que tem incitado a busca de novas alternativas econômicas, chegaremos à economia compartilhada como uma das respostas mais viáveis e sustentáveis que possa haver. Para R. Abramovay, titular do departamento de economia da FEA-USP, “o consumo […] vai valorizar cada vez mais a sensação, a socialização, a relação humana.” A economia compartilhada está aí para isso.
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A economia compartilhada volta a aproximar os seres humanos ,como no inicio de tudo onde o homem trocava seus serviços .É claro que de uma forma moderna e mais eficiente mais esse tipo de negócio gera relacionamento fidelizados e sustentabilidade ao nosso planeta