Desde 2018, o comércio eletrônico tem apresentado constantes altas no Brasil. Para se ter uma ideia, segundo o relatório Compre&Confie da NeoTrust, apenas nos três primeiros meses de 2020, o faturamento das empresas brasileiras com o e-commerce foi de R$ 20,4 bilhões, o que representou um aumento de 26,7% em relação ao mesmo período de 2019. Foram 49,8 milhões de pedidos, 32,6% mais do que no primeiro trimestre do ano anterior.
Só que, com as medidas preventivas levadas a cabo devido à pandemia, ocorreu uma disparada nas vendas online, chegando, em abril, a 81% de crescimento comparado ao mesmo mês de 2019. E não foi apenas a venda de produtos de primeira necessidade que aumentou, mas também a de brinquedos, eletrônicos, instrumentos musicais e cama, mesa e banho, só para destacar os principais.
Nesse contexto, diversos modelos de negócio que integram o comércio eletrônico começam a chamar ainda mais atenção, entre eles o dropshipping, uma técnica de comercialização online de produtos em que o vendedor não mantêm um estoque próprio.
De maneira geral, essa modalidade funciona da seguinte forma: o cliente final faz o pedido de compra e paga ao revendedor, o qual por sua vez transfere o pedido a um fornecedor que fica encarregado da embalagem e do envio do produto diretamente ao cliente.
Para entender melhor sobre essa modalidade de e-commerce, acompanhe a seguir:
Há quem confunda o dropshipping com outras modalidades de vendas online e sistemas de entrega, como o crossdocking e as negociações em marketplaces. Confira as diferenças:
Trata-se de um sistema de distribuição. Neste caso, os fornecedores também recebem os pedidos (que podem ser de revendedores ou da mesma empresa) conforme as compras são realizadas. Em geral, a mercadoria é encaminhada a um armazém ou centro de distribuição (que pode ser do revendedor ou da mesma empresa), mas não é estocada, é preparada diretamente para o envio ao cliente (que pode ser o revendedor ou o cliente final).
São plataformas online que reúnem diversos lojistas, funcionando como uma espécie de shopping virtual. Muitas vezes, um mesmo produto pode ser oferecido por diferentes varejistas e, inclusive, por diferentes preços.
Enquanto isso, no dropshipping, a loja virtual é gerenciada por apenas um lojista (revendedor) e o que varia são os fornecedores, que controlam o armazenamento e o envio dos produtos ao cliente (podendo, inclusive, fazer a distribuição por crossdocking).
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Assim como todos os modelos de negócios, o comércio eletrônico sem estoque possui vantagens e desvantagens, que devem ser levadas em conta pelo empreendedor interessado em investir nesse tipo de atividade.
Pontos positivos:
Como não é necessário investir em estoque, o investimento para começar a operar é baixo. Além disso, em geral, não é necessário um escritório físico e a equipe de trabalho pode ser bastante enxuta, reduzindo os custos de manutenção do negócio.
Tendo em conta que o lojista só faz o pedido do produto ao fornecedor depois que a venda é realizada, os riscos de perdas e depreciações são menores do que em negócios com grandes estoques.
Sem ter que se preocupar com a logística, quem investe em dropshipping pode concentrar-se melhor na estratégia de vendas e, assim, ter melhores resultados.
Pontos negativos:
Como os pedidos ao fornecedor são feitos após a compra pelo consumidor final, nem sempre é possível adquirir um volume de produtos que permita a negociação de preços, o que pode acabar reduzindo a margem entre valor de compra e venda e, por consequência, os ganhos do revendedor.
Em geral, quem venda por dropshipping não acompanha a qualidade do processo de envio e, caso o consumidor final compre vários produtos de diferentes fornecedores, o valor do frete pode ser mais elevado.
Para evitar a ruptura de estoque (quando o produto anunciado não está mais disponível no fornecedor), o lojista precisa manter uma comunicação estreita e constante com seus parceiros, o que nem sempre é fácil quando se trata de grandes atacadistas.
Rafa Bordes, empreendedor espanhol que gerencia vários negócios de dropshipping, comenta que o modelo pode servir também como uma prova de mercado, para verificar se um produto tem boa demanda, e complementa: “Para ganhar dinheiro com esse sistema, é preciso conhecer muito bem o mercado e adaptar-se rápido”. Veja a seguir outras recomendações:
De acordo com o Sebrae, “empresas de pequeno porte que atuam de forma generalista, oferecendo produtos de diferentes segmentos, concorrem diretamente com grandes varejistas. Quando o negócio é especializado em um nicho é possível conhecer a fundo os produtos vendidos e as necessidades dos consumidores, investindo no atendimento personalizado.”
Ou seja, apostar em um nicho é bastante recomendável.
Por outro lado, no caso específico do dropshipping, como o revendedor não tem controle sobre o armazenamento e entrega, os riscos são maiores quando se trata de produtos frágeis, perecíveis ou volumosos. Similarmente, ao apostar pelo segmento de moda, podem haver contratempos relacionados a pedidos de troca, já que o consumidor final não tem como experimentar o produto previamente.
Em que segmentos vale apostar, então, para fazer suas vendas online sem estoque? Algumas ideias:
É válido observar também que o segmento ou nicho escolhido deve levar em conta a região em que se pretende fazer negócios, identificando possíveis demandas e brechas de mercado em que é possível atuar. Pesquisas de mercado são bastante efetivas para encontrar essas oportunidades.
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