Já imaginou um time de futebol que, em vez de ser controlado por um grande empresário ou investidor, seja gerido pelos próprios torcedores associados ao clube?
Pode parecer um pouco distante da realidade brasileira, mas isso já acontece com diversos times de futebol pelo mundo (e com outras equipes esportivas também).
Afinal, o cooperativismo e o futebol possuem diversas semelhanças. E grandes times europeus que são geridos como cooperativas já mostraram que essa relação pode fazer muito sucesso. Confira só:
– A origem do futebol e do cooperativismo
As coincidências entre o futebol e o cooperativismo começam na origem de ambos. Isso porque foi na Inglaterra que teve início o movimento cooperativista, em 1844, em plena Revolução Industrial.
E também foram os ingleses os pioneiros do futebol moderno, com a fundação da primeira associação de clubes (Football Association – FA –, atual Federação Inglesa), em 1863.
Atualmente, o futebol é considerado o maior fenômeno social da humanidade (capaz de reunir bilhões de pessoas para assistir a uma final de Copa, por exemplo).
Enquanto o cooperativismo, como expressão socioeconômica, é a maior organização não governamental do mundo, com mais de 1 bilhão de membros em todo o planeta.
– A intercooperação e o espírito de equipe
O futebol é um jogo de time. O sucesso tem a ver com a soma de esforços de toda a equipe. Não basta ter algumas estrelas no ataque, por exemplo, se os centroavantes não ajudarem a levar a bola até os artilheiros. Não basta ter bons zagueiros se o jogo nunca passar do meio de campo. Enfim, no futebol, a vitória depende, em grande parte, do espírito de equipe, da cooperação entre todos os jogadores do time.
E nas cooperativas também, como o próprio nome já diz, a união é que faz força. Todos cooperam e todos ganham. O esforço é de todos e os resultados também. Assim como no futebol, no cooperativismo, não se vence sozinho. Aliás, a Intercooperação é um dos Sete Princípios do Cooperativismo, incentivando sempre uma atitude cooperativa em todos os níveis: entre os membros, entre as cooperativas de mesmo ramo e até mesmo entre cooperativas de diferentes setores.
– Semelhanças na estrutura
As cooperativas organizam-se em três níveis de entidades: as cooperativas singulares são as de 1º nível; juntas, elas formam as cooperativas centrais, de 2º nível; essas por sua vez, quando associadas, formam as confederações de cooperativas (ou sistemas cooperativos), o 3º nível.
Analogamente, no futebol, essa organização em três níveis também acontece, com associações de futebol (1º nível) formando federações (2º nível) que, associadas, formam as confederações de futebol (3º nível).
Outra semelhança de estrutura entre o futebol e o cooperativismo começa dentro de campo, onde os jogadores de futebol devem ocupar os espaços da melhor forma possível, sendo esse um movimento tático fundamental. Enquanto fora de campo, as cooperativas ocupam espaços sendo destaque em localidades pouco povoadas, levando inclusão e serviços para pessoas que não teriam acesso.
– Modelos inclusivos e igualitários
O cooperativismo é um modelo de adesão livre e voluntária, sem discriminação de sexo ou gênero, social, racial, política ou religiosa. Esse é o primeiro dos Sete Princípios do Cooperativismo. Todos podem participar. E o cooperativismo ainda assume uma postura de inclusão social, seguindo também o Princípio do Interesse pela Comunidade.
Do mesmo modo, o futebol destaca-se como um esporte igualitário e inclusivo, em torno do qual pessoas de todas as cores, credos e gêneros se confraternizam.
– Times de futebol que são cooperativas
Com tantas coincidências entre o cooperativismo e o futebol, não é de se estranhar que muitos times estruturem-se sob o modelo jurídico-cooperativo. Barcelona, Real Madrid e Bayern de Munique são alguns exemplos clássicos de times cooperativos. Além deles, quase um quarto dos clubes de topo da UEFA são geridos como cooperativas por seus torcedores associados.
Na opinião do colunista Dave Boyle, do The Guardian, quando os clubes de futebol são dirigidos como cooperativas, eles são mais estáveis do que quando são administrados por investidores visando apenas o lucro, pois os fãs têm compromisso e sentimentos reais para com o time.
Para ter uma noção melhor de como funciona um time de futebol cooperativo, veja alguns exemplos do que acontece no FC Barcelona:
> A adesão é voluntária e livre. Qualquer um, sem discriminação, pode se tornar associado do clube, integralizando cotas-parte.
> Todos os associados têm o mesmo poder de voto e podem ser eleitos para o Conselho de Administração.
> Os associados participam economicamente do clube integralizando cotas-parte ao associarem-se. Além disso, podem opinar sobre custos de adesão, preços dos ingressos, vendas e comercialização dos produtos do time.
> Seguindo o princípio de Interesse pela Comunidade, conforme aprovado pelos associados, o Barcelona paga 0,7% de sua receita para a Fundação FC Barcelona, a qual tem acordos, por exemplo, com a Unicef, doando para a organização alguns milhões de euros por ano, além do time trazer o logo da Unicef estampado nos uniformes.
A ideia é tão interessante que outras equipes esportivas pelo mundo também aderiram ao modelo cooperativo, como: o time de hóquei no gelo Kitchener Rangers, do Canadá; o time de baseball Rochester Red Wings dos Estados Unidos; e o clube de futebol americano Hastings Conquerors da Inglaterra.
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