Destaques do 14º Concred, no Recife

Principais temas e debates do Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito

Vantagens da Cooperação | 25 de outubro de 2022
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Principais temas e debates do Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito

Entre os dias 10 e 12 de agosto, foi celebrada uma nova edição do maior evento do cooperativismo financeiro da América Latina, o 14º Concred, o Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito.

Após uma edição totalmente online, o Congresso aconteceu, desta vez, de forma híbrida, reunindo cerca de 4,5 mil pessoas no Centro de Convenções de Pernambuco, além dos participantes que acompanharam pela internet.

Realizado pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras), em parceria com o Sicoob Nordeste – uma das 16 centrais que integram o Sicoob, instituição financeira cooperativa presente em todos os estados do país – e com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras de Pernambuco (Sistema OCB-PE), o evento teve como tema: "Futuros Plurais e a Essência Humana: horizontes do Cooperativismo Financeiro rumo à Sociedade 5.0".

Além disso, o 14º Concred serviu como marco para a celebração dos 120 anos de atuação do cooperativismo de crédito em nosso país e do 35º aniversário da Confebras.

Confira os principais destaques do evento:

Debates sobre a economia

Um dos temas centrais discutidos durante o 14º Concred foi referente aos caminhos e perspectivas da economia brasileira. Nesse sentido, destaca-se o debate entre o economista Fabio Giambiagi, referência nas áreas de finanças públicas e previdência social, e o educador financeiro e comentarista Luís Artur Nogueira.

Na opinião de Giambiagi, o Brasil deve direcionar esforços para acordos políticos que ajudem o país a sair da estagnação. Para ele, essa grande pactuação deve estar focada em uma regra mais flexível para o teto de gastos, em medidas de controle para tais gastos, na redução da carga tributária, no aumento do investimento público e na implementação de novos programas sociais.

Enquanto isso, Nogueira ressaltou os desafios pontuais que o Brasil precisa enfrentar no curto prazo: a inflação alta, a dificuldade de obtenção de crédito, o dólar alto e o desemprego.

Segundo Nogueira, "as cooperativas têm um papel predominante nesse cenário, especialmente, no sentido de colaborar com a ruptura desse movimento de estagnação do mercado. E isso pode ser feito, por exemplo, com a oferta de crédito com melhores condições e juros para aqueles que precisam, diferente do que acontece com os bancos tradicionais".

Em relação a essa contribuição do cooperativismo financeiro para a economia brasileira, a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, também presente no evento, comentou: “A força de vocês se mostrou expressiva durante a pandemia, porque vocês contribuíram muito para a manutenção do emprego e da renda e para a economia do país. O cooperativismo de crédito garante que a riqueza circule além de ser essencial para alavancar a força produtiva local”.

Sociedade 5.0

Qualidade de vida, inclusão e sustentabilidade são alguns dos principais valores da sociedade 5.0 – tema-chave entre os debates ocorridos no 14º Concred.

Na opinião do coordenador de Desenvolvimento Social de Cooperativas do Sistema OCB, Guilherme Costa – que tratou da "Educação Rumo à Sociedade 5.0" – esse modelo de sociedade tem como foco as necessidades humanas e ambientais, o bem-estar da sociedade e sua comunidade – conceitos que já são amplamente praticados pelo cooperativismo.

Além disso, para Costa, a sociedade 5.0 envolve também o desenvolvimento tecnológico, a automação, a inteligência artificial, entre outros marcos tecnológicos.

Ao mesmo tempo, o futurista Tiago Mattos fez questão de reforçar que "a digitalização não é mais o futuro nem um diferencial no mundo pós-pandemia. A digitalização foi um passo importante e continua sendo para as empresas. Mas hoje se tornou a base para um diferencial competitivo".

Enquanto isso, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto – que se conectou ao evento de forma online – chamou a atenção para os diferenciais cooperativistas que tendem a contribuir com o alcance desse novo modelo de sociedade:

“Temos grandes expectativas com relação ao setor cooperativista, que desde sua origem antecipou tendências de futuro como adesão voluntária, livre gestão democrática, autonomia, independência, intercooperação e interesse pela comunidade. O cooperativismo é uma grande força propulsora que gera educação financeira e prosperidade”, disse Campos Neto.

O presidente do Sistema OCB-PE, Malaquias Ancelmo, acrescentou: “Precisamos construir uma sociedade nova, mais inclusiva, mais democrática, mais participativa. E o cooperativismo não é um puxadinho do capitalismo. É, sim, um movimento autônomo sugestionário que tem como missão construir uma sociedade nova no Brasil e no mundo”.

Responsabilidade socioambiental

Tendo em vista que o cooperativismo é um modelo socioeconômico centrado nas pessoas e que um dos princípios fundamentais do movimento é o Interesse pela Comunidade (a qual envolve também o meio ambiente), a responsabilidade social e ambiental, a sustentabilidade e a abordagem ESG (ambiental, social e governança) foram temas presentes durante toda a programação do 14º Concred.

Algumas das programações do evento especificamente focadas nesse âmbito foram: a palestra "Finanças Sustentáveis" com o consultor Carlos Piazza; o painel "Diversidade no Cooperativismo", com a superintendente do Sistema OCB, Tânia Zanella, a head de Diversidade, Equidade e Inclusão, Grazi Mendes, e a cofundadora da TransEmpregos, Maitê Schneider; e o painel "ESG nas Cooperativas Financeiras: Desafios e Oportunidades", com a engenheira ambiental Onara Lima e a chief purpose officer Claudia Leite.

Mas a responsabilidade socioambiental do evento não ficou restrita apenas aos debates; foi colocada em prática durante todo o Congresso.

Para começar, foi incentivada a economia de materiais e a separação de resíduos, gerando 800 quilos de recicláveis e duas caçambas de rejeitos ao longo dos três dias de programação. Além disso, foi quantificado todo o CO2 emitido durante o evento para promover a neutralização de carbono. Como resultado, o 14º Concred contou com os selos Evento Neutro e Resíduo Zero, concedidos pela consultoria em sustentabilidade Eccaplan.

Para mais, a equipe de profissionais contratados para a celebração do evento contava com pessoas de diversas etnias, orientações sexuais, além de cadeirantes e portadores de deficiências e síndromes. A diversidade também foi estimulada entre os participantes, que além de lideranças e da comunidade cooperativista, reuniu ainda a 1.000 jovens de escolas públicas do Recife por meio do Projeto Integração Juventude.

O presidente da Confebras, Moacir Krambeck, destacou, ademais, que a responsabilidade socioambiental vai além do próprio evento, constituindo-se no objetivo central do cooperativismo de crédito: "Levar cidadania financeira para as pessoas é o nosso propósito".

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