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Custo de vida 2016/2017

Aluguel, água, luz, gás, telefone, Internet, compras de supermercado, restaurantes, lazer e entretenimento, etc. O custo de vida é a soma de todos os preços pagos pelos diversos bens e serviços consumidos pelas pessoas.

É claro que, para calcular o custo de vida, e sua variação ao longo do tempo, é necessário estabelecer alguns parâmetros, como faixa de renda em que será feita a medida, o impacto de cada item e a abrangência geográfica.

No Brasil, um dos indicadores oficiais do custo de vida é o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – produzido e divulgado continuamente pelo SNIPC – Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor. E uma das formas de medir a inflação – aumento generalizado e contínuo de preços – é justamente a variação do IPCA.

Aliás, após quase dez anos de pouca variação – seguindo a média de 5,3% – o IPCA voltou a subir em 2015, atingindo os 10,67%. Ou seja, os preços aumentaram. E a inflação foi realmente sentida por todos de uma forma ou de outra. Mas neste ano as previsões já são de um índice um pouco menor. Segundo estimativas do IBRE – Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas – o IPCA 2016 deve ser 7,5%.

Confira outras conjecturas econômicas que devem influenciar no seu custo de vida nos próximos meses:

– Indicadores econômicos

No primeiro semestre deste ano, o PIB encolheu 4,6% em relação ao primeiro semestre de 2015. No segundo trimestre, o PIB ainda caiu 0,6% em relação ao primeiro, acima do que a média do mercado previa.

A redução é preocupante, já que um dos principais indicadores da saúde financeira do país (que dá o tamanho do descontrole fiscal) é a relação entre a dívida bruta e o tamanho do PIB – que havia saltado de 51,69%, no fim de 2013, para 69,5%, em julho deste ano.

E a inflação continua em alta. O IPCA de agosto ainda mostra aumentos nos preços de todos os grupos de produtos e serviços, exceto comunicação. Educação e despesas pessoais foram os grupos de maior elevação no mês em todo o país (0,99% e 0,96% respectivamente), seguidos por saúde e cuidados pessoais (0,80%). Artigos de residência (0,36%), alimentação e bebidas (0,30%), habitação (0,30%) e transportes (0,27%) tiveram aumento um pouco menor. E vestuários subiram em 0,15%.

No total, a inflação até agosto (5,42%) já superou a meta do ano, que era de 4,5%. Mas se a estimativa do IBRE/FGV estiver correta e esse índice chegar só aos 7,5%, já teremos um IPCA menor que o de 2015. Ou seja, já parece haver uma luz no fim do túnel.

– Melhora dos índices de confiança

Apesar do cenário instável, alguns indicadores começam a dar alento às previsões de recuperação econômica mais rápida. A produção industrial, por exemplo, cresceu 0,3% no segundo trimestre sobre o primeiro. Os investimentos também parecem estar retornando. Após dez trimestres de queda, eles aumentaram 0,4% na última medição.

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) também tem dado sinais de recuperação. De março a julho deste ano, o ICI registrou uma sequência de cinco altas consecutivas, acumulando 12,4 pontos. Em agosto, houve recuo de 1 ponto. Mas o superintendente de estatísticas públicas do IBRE/FGV, Aloisio Campelo, destaca que “a queda no ICI em agosto pode ser interpretada como uma acomodação após uma sequência de altas expressivas, sem alterar a tendência de alta do índice no ano”.

– A velocidade da recuperação ainda é incerta

Infelizmente, nem todos os indicadores são positivos. Um dos casos é o setor de serviços, que responde por cerca de 70% do PIB e encolheu 0,8% no segundo trimestre em relação ao primeiro. O consumo das famílias também teve queda de 0,7%. Aliás, já são seis trimestres consecutivos de retração.

E há ainda outros problemas a serem enfrentados, como a inflação elevada, que tende a manter os juros reais altos por mais tempo, o mercado de trabalho enfraquecido e a alta taxa de desemprego. Isso sem falar na grave crise fiscal.

– Demora nos ajustes aumenta riscos

Um estudo realizado pelos economistas Rubens Penha Cysne, professor da Escola Brasileira de Economia e Finanças da FGV-Rio, e Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), mostra que quanto mais o governo demorar para fazer o ajuste fiscal ou para reduzir as contas públicas, maior será a conta a ser paga por empresas e trabalhadores.

De acordo com o levantamento, se o governo terminar o ano sem implementar o ajuste, o esforço fiscal adicional para implantá-lo no primeiro trimestre de 2017 seria de R$ 21 bilhões (0,35% maior do que teria sido necessário em junho deste ano). Se o ajuste ficar para o fim do ano que vem, esse esforço adicional ainda dobra para 0,71% do PIB, ou R$ 42,72 bilhões.

Ou seja, quanto mais o governo demora para implantar os ajustes fiscais ou aplicar os devidos cortes, mais vai ter que cortar (ou terá que elevar ainda mais a carga tributária), para tentar estancar o aumento da dívida pública.

Enquanto as reformas nacionais não vêm, é bom ficar atento ao seu orçamento e conferir até se o seu planejamento financeiro não precisa também de uma reforma.

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