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Imagine uma instituição financeira – com produtos e serviços similares aos de bancos comuns – só que sem fins lucrativos e orientada por princípios mais justos e humanos. Assim são as cooperativas de crédito (também chamadas de cooperativas financeiras): as principais integrantes do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, o SNCC, um grupo de organizações que não para de crescer.
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Com abrangência nacional, o SNCC é formado atualmente por 2 bancos cooperativos, 4 confederações, 34 centrais e 875 cooperativas singulares ativas, além de federações e confederações de serviços, como a Confederação Nacional de Auditoria Cooperativa (CNAC). Mas o número de maior destaque, certamente, é o de cooperados, já que o cooperativismo é formado por e para as pessoas, e já são mais de 10 milhões de brasileiros, entre pessoas físicas e jurídicas, que apostam nessa ideia e saem ganhando.
Provas disso podem ser encontradas no relatório de 2019 do SNCC, divulgado recentemente pelo Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop). Acompanhe a seguir alguns dos destaques desse diagnóstico e descubra como o crescimento do Sistema de Crédito Cooperativo faz a diferença na vida dos brasileiros:
Mais unidades de atendimento
De acordo com o relatório divulgado, entre dezembro de 2018 e dezembro de 2019, as cooperativas criaram 632 novas unidades de atendimento à população por todo o país, somando 6.830 unidades – entre sedes e postos de atendimento – no total. Enquanto isso, o número de agências bancárias apresentou recuo em todos os trimestres do ano.
Com dados atualizados do IBGE e do Banco Central, o relatório indica ainda que “em dez-19, dos 5.570 municípios do país, 663, com população de 3,57 milhões, eram atendidos apenas por cooperativas ou por cooperativas e Posto de Atendimento Avançado (PAA)”.
Nesse sentido, cabe destacar o papel de inclusão financeira exercido pelas cooperativas de crédito, que tratam de chegar onde os bancos comuns não estão.
Exemplo disso foi dado por uma das cooperativas do Sicoob – sistema líder em cooperativismo financeiro no Brasil – que, em outubro de 2019, inaugurou a primeira instituição financeira do distrito de Nova União, MT. Os moradores comemoraram:
“A vinda da cooperativa vai melhorar muito a vida da gente. Para se ter uma ideia, quando tinha que receber pagamento ou quitar um boleto com valor mais alto, viajava cerca de 70 km de estrada de chão. Era um sofrimento, principalmente no período chuvoso, quando o acesso ficava muito ruim”, comentou o agricultor Silvino Matias da Silva, que vive em Nova União há 17 anos.
“Há muitos anos aguardávamos a chegada de uma instituição financeira. Acredito que a cooperativa contribuirá com o desenvolvimento dos negócios, pois agora ficará mais fácil o acesso às linhas de crédito para investirmos na propriedade”, opinou Rogério Pereira, também morador do distrito.
Maior volume de depósitos
O número de depósitos totais em cooperativas de crédito também aumentou entre 2018 e 2019 na proporção de 14,59%. Os depósitos à vista foram os que tiveram maior crescimento, seguidos pela poupança e pelos depósitos a prazo. Comparando os depósitos cooperativos ao consolidado bancário comercial e financeiras, o crescimento foi de 5,72% em 2018 para 6,04% em 2019.
Além disso, vale destacar a participação do crédito cooperativo em depósitos nos sistemas financeiros estaduais. Nesse sentido, Santa Catarina foi o estado que mais chamou a atenção, com 25,64% dos depósitos cooperativos. Enquanto o Mato Grosso teve 24,29% e Rondônia, 22,78%. Expressivos também foram os depósitos do Mato Grosso do Sul (19,67%), do Paraná (14,85%), do Rio Grande do Sul (13,29%) e do Goiás (12,32%).
Mas o que representam todas essas porcentagens? Simples: a confiança dos brasileiros no cooperativismo de crédito. Todos esses números demonstram que moradores de diferentes partes do país têm aplicado seu dinheiro junto a cooperativas financeiras. E o crescimento dos depósitos comprova que é cada vez maior o otimismo dos cooperados e a força do SNCC.
Aliás, você sabia que é cada vez maior o número de jovens ligados ao cooperativismo? Bruna do Espírito Santo, associada do Sicoob, comenta: “As pessoas estão cansadas de ver os lucros indo sempre para as mãos dos mesmos banqueiros. A cooperativa democratiza o resultado e é isso que nós da geração Y buscamos: igualdade econômica e direitos de participação”.
Maior participação nas operações de crédito
Enquanto as operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) tiveram aumento de apenas 4,52% entre 2018 e 2019, no SNCC o crescimento foi de 25,87%, de acordo com o mencionado relatório.
Segundo esse diagnóstico, as operações de crédito do SNCC para pessoas físicas elevaram-se em 23,12% no período, com destaque para o crédito rural e agroindustrial seguido pelos empréstimos sem consignação em folha.
No caso das pessoas jurídicas, as operações de crédito do SNCC tiveram aumento ainda maior, de 30,55%, com ênfase no crédito de capital de giro, seguido pelas carteiras de investimentos.
Em suma, a participação do SNCC no SFN subiu de 3,76% em 2018 para 4,53% em 2019. Em relação ao consolidado bancário comercial e financeiras, essa participação passou de 4,26% em 2018 para 5,06% em 2019.
Os associados, que já desfrutam de todos os benefícios do crédito cooperativo – como taxas menores, participação e atenção personalizada – demonstram que valorizam esse crescimento. O servidor público federal Manoel Barreto, por exemplo, comenta: “A realidade das cooperativas é muito favorável atualmente considerando-se que oferecem os mesmos produtos de bancos e financeiras, mas com melhores condições”.
Waldecy J. da Silva, servidor da CGU, diz ainda que: “eles sempre dão um jeito de ajudar, nunca vi isso em nenhum banco ou financeira, razão pela qual uso quase todos os serviços oferecidos pela cooperativa”.
Expansão do FGCoop
Assim como os bancos comuns e seus clientes contam com o Fundo Garantidor do Crédito (FGC), as cooperativas financeiras e seus associados contam com o Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito, o FGCoop, que protege depositantes e investidores cooperados com o mesmo nível de segurança oferecido pelo FGC (R$ 250 mil por CPF).
Diante disso, também é válido saber que – conforme o relatório do SNCC –, em 2019, o FGCoop teve aumento de R$ 2,70 milhões na receita acumulada em relação a 2018, sendo que o Patrimônio Social (PS) do Fundo atingiu R$ 1,34 trilhão, com crescimento de R$ 305,12 milhões em relação ao ano anterior. Com isso, o volume de contas garantidas também aumentou, de 148,2 milhões em 2018 para 172,1 milhões em 2019.
Números que só aumentam a tranquilidade dos cooperados. Afinal, fazer parte de uma cooperativa financeira, além de ser seguro, – com o crescimento contínuo do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo – também é cada vez mais vantajoso.