Vantagens da Cooperação

Cooperativismo e o empoderamento feminino

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O cooperativismo, você já deve saber, é um modelo socioeconômico mais justo e humano, com instituições geridas democraticamente e resultados repartidos entre todos. Portanto, no mundo cooperativista, a igualdade (inclusive entre gêneros) é um fator basilar. E para garantí-la, o cooperativismo também promove o empoderamento feminino.

Sabia que foi uma mulher – Ana Tweedale – quem ajudou a conseguir o local onde ocorriam as reuniões e depois passou a funcionar a primeira cooperativa do mundo, a Sociedade dos Probos de Rochdale (Inglaterra, 1844)?

Desde então, a participação feminina e a importância das mulheres dentro do âmbito cooperativista só têm crescido. Segundo dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (Sistema OCB), atualmente, cerca de 52% dos cooperados são mulheres.

Quer conhecer alguns princípios e ações cooperativistas de valorização da mulher e entender como esse modelo contribui na prática para o empoderamento feminino? Acompanhe a seguir.

Educação, formação e informação

Um dos sete princípios cooperativistas orienta as instituições que adotam esse modelo a promover a educação e formação de seus cooperados e trabalhadores, assim como a informação da comunidade. Nesse sentido, são diversos os cursos, palestras e workshops especialmente preparados para as mulheres.

Exemplo disso é o Programa Mulheres Cooperativistas oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Santa Catarina (Sescoop/SC). A formação envolve sete encontros com instrutores e facilitadores para debater temas como: educação cooperativista, protagonismo feminino, relacionamento familiar, empreendedorismo, etc.

Em dezembro de 2019, 36 mulheres associadas à cooperativa agropecuária Cravil concluíram o Programa Mulheres Cooperativistas do Sescoop/SC. Patrícia de Souza, coordenadora da área de Promoção Social, comentou: “Aqui na Cravil esse trabalho com mulheres já vem de longos anos. A cooperativa é pioneira, com certeza. E o Programa Mulheres Cooperativistas do Sescoop/SC só vai somar e agregar ao belo trabalho que a Cravil já realiza nesse sentido”.

O empoderamento na prática

Em uma instituição cooperativa, cada pessoa – independentemente do cargo, da renda, do gênero, da idade, etc. – tem direito a um voto. Todos têm direito a votar e ser votados. Assim, o cooperativismo permite igualar as oportunidades para ambos os sexos. Inclusive, são inúmeros os casos de mulheres que ocupam cargos gerenciais no cooperativismo. Sem falar nas cooperativas formadas totalmente por mulheres.

Além disso, o presidente da cooperativa agroindustrial C. Vale, Alfredo Lang, comenta: “A gente entende que uma cooperativa precisa ser competitiva para conseguir sobreviver, mas esse não deve ser o seu único propósito. Você precisa gerar oportunidades para as pessoas melhorarem de vida, crescerem profissionalmente. Sem isso, de que vale uma cooperativa forte? Vale mais o que você faz em favor dos outros e não em favor de si mesmo; esse é o legado que uma cooperativa deve deixar”.

O comentário de Lang – que reforça o caráter mais humanizado das instituições cooperativas – faz parte de uma reportagem da revista Saber Cooperar (edição nº 27) que conta a história de Cecília.

“’O cooperativismo me salvou’, disse a jovem, que prefere manter o verdadeiro nome em sigilo”.

De acordo com a matéria, Cecília, “como 70% das mulheres do mundo, foi vítima de algum tipo de violência no decorrer da vida apenas por pertencer ao sexo feminino. Foi ameaçada de morte por um marido, desqualificada por outro e sexualmente abusada na infância. Mas, apesar disso tudo – como cada vez mais mulheres –, conseguiu romper esse ciclo de violência antes que fosse tarde demais. E fez isso com a ajuda do cooperativismo”, desde que foi contratada como colaboradora da C. Vale.

Cecília opina: “A independência financeira da mulher é o caminho para o fim da violência! E eu consegui essa independência graças ao cooperativismo”.

A colega de trabalho de Cecília, Sara Ferneda comenta: “Embora a gente nem sempre saiba que uma colega é vítima de violência, o fato de ela fazer parte de uma rede cooperativista faz toda a diferença. Aqui, cuidamos uns dos outros e nos preocupamos com o bem-estar de todos os cooperados e colaboradores”.

Na opinião delas

Os variados encontros femininos promovidos por cooperativas e pelo Sistema OCB em cada região representam boas oportunidades para entender melhor a opinião das mulheres cooperativistas.

Em dezembro de 2019, por exemplo, o Sistema OCB de Tocantins realizou a 11ª edição do Encontro de Mulheres Cooperativistas, com o mote ‘Construir o cooperativismo do futuro com protagonismo e liderança feminina’.

Nessa ocasião, Herica Moraes, coordenadora da Femicoop do Sicoob Credipar, avaliou: “O papel da mulher na cooperativa não é só para apoiar e investir no cooperativismo, mas manter uma prática cada vez mais vivenciada dos princípios do cooperativismo, essa parte mais humanizada, mais social, precisa ser mais disseminada e o nosso papel é nos tornar, como a gente já vem fazendo, multiplicadoras dessas ideias”.

Por outro lado, a superintendente do Sistema OCB/TO, Maria José de Oliveira, comenta que, até agora, as mulheres ocupam apenas 25% dos cargos de governança das cooperativas e, portanto, ainda há um longo caminho a percorrer.

Maria José destaca: “O nosso chamado é para que as cooperativas empoderem as mulheres e eliminem barreiras, dando voz e vez para que elas exerçam cada vez mais liderança e protagonismo. Precisamos promover espaços para repensar nosso modelo de negócios, que, por essência, já carrega esse jeito mais humanizado e a preocupação em prol de um mundo melhor para todos”.

Ao mesmo tempo, na opinião da palestrante e analista de desenvolvimento do Sistema OCB/TO, Divani Ferreira, o cooperativismo “é um movimento maduro, tem um terreno fértil, muito propício para sermos arrojadas na implementação de ações incisivas e promover a mudança que nós queremos”.

De acordo com Divani, durante sua palestra no Encontro de Mulheres Cooperativistas, as participantes “apontaram que elas já têm esse espaço para capacitação, espaço de empoderamento, de formação, mas que o elemento preponderante desse processo de mudança está nelas mesmas”.

 

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daniele

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