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Quadrinhos, HQ’s, tirinhas, gibi, revistinha, historieta, comics, narrativa gráfica, arte sequencial. Os nomes são muitos, assim como a função dessas histórias: podem ser para divertir ou para ensinar, podem ser de aventura, de super-heróis, humorísticas, entre outros.
Há quem pense que se trata de um gênero mais voltado ao público infantil e esse tipo de história já foi considerada, inclusive, como um subproduto cultural.
Por outro lado, há também quem classifique os quadrinhos como a 9ª arte (atrás do cinema, 7ª, e da televisão, 8ª) e é fácil encontrar exemplos de obras do gênero voltadas especificamente para o público adulto.
Você sabia, por exemplo, que também existem quadrinhos históricos, políticos, jornalísticos e muito mais?
Sabia que grandes obras como Dom Casmurro, O Guarani, Os Três Mosqueteiros, Os Miseráveis e O Conde de Monte Cristo também viraram comics?
Sabia que, além de nomes já conhecidos (como Maurício de Souza, Ziraldo e Laerte), outros grandes escritores como Nelson Rodrigues, Millôr Fernandes e Daniel Galera também se dedicaram a criar esse tipo de histórias?
As HQ’s podem, sim, ser usadas para falar sobre assuntos sérios. Existem, inclusive, algumas dessas histórias que tratam sobre cooperativismo e sobre empreendedorismo. Quer ver só? Acompanhe:
Mafalda e o cooperativismo
Mafalda é uma menina com ideias de ‘gente grande’. Misturando idealismo, inteligência, doçura e uma pitada de ironia, a personagem criada por Quino trata de temas bastante sérios, como a economia e a paz mundial, os valores humanos e também o cooperativismo. Veja só:
Segundo seu autor, Mafalda espelhava as inquietudes sociais e políticas do mundo nos anos 60. Mas suas mensagens continuam sendo bastante válidas até hoje, como é possível perceber pela tirinha acima.
A propósito, vale a pena comentar que Mafalda tem razão. As cooperativas são instituições geridas de forma democrática, em que todos os associados têm direito de participar das decisões e também das sobras da instituição, entre outras vantagens.
Aliás, você sabia que o Brasil já chegou a ter uma cooperativa só de quadrinistas? Confira a seguir!
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A Cooperativa Editora e o Zé Carioca
Em 1962, alguns dos mais brilhantes quadrinistas do país – entre eles, Julio Shimamoto, Luiz Saindenberg, Getulio Delphim, Renato Canini, Flavio Teixeira e João Mottini – se juntaram para formar a Cooperativa Editora de Trabalhos de Porto Alegre, a CETPA. Iniciativa apadrinhada pelo então governador Leonel Brizola, como forma de aumentar a presença de quadrinhos brasileiros no mercado nacional.
Algumas das publicações da CETPA:
- História do Rio Grande do Sul - Shimamoto
- História do Cooperativismo - Saidenberg
- Zé Candango - Renato Canini e Ze Geraldo
A cooperativa acabou fechando suas portas junto com o golpe militar de 1964, mas o trabalho de nacionalização iniciado aí teve certa continuidade posterior, por meio do egresso da CETPA Renato Canini, contratado pela Editora Abril nos anos 70 para desenhar o gibi do Zé Carioca.
Na opinião de muitos fãs, foram Canini e Ivan Saidenberg (irmão de Luiz) que transformaram o papagaio em um carioca da gema, amante do samba, do futebol e da feijoada.
Maus e o empreendedorismo
Ganhadora do prêmio Pulitzer em 1992, a novela gráfica "Maus" (rato, em alemão) é obra de Art Spiegelman – autor estadounidense referência em comics underground – que conta a história de seu pai, Vladek Spiegelman, um judeu polonês que conseguiu sobreviver ao Holocausto.
Não se trata de uma obra que trata especificamente sobre empreendedorismo, mas o leitor certamente vai perceber que foi o perfil empreendedor de Vladek que o ajudou a continuar vivo.
Ao longo da história é possível notar como o pai de Art explora suas habilidades interpessoais e consegue encontrar oportunidades mesmo vivendo em condições precárias dentro de campos de concentração. Inclusive em situações de grande estresse, Vladek segue confiante e motivado a salvar-se para ver sua esposa novamente.
É por detalhes como esse – e também por sua estética característica, representando os judeus como ratos e os alemães como gatos, entre outros – que, apesar do tema potencialmente trágico, Maus adquire certa leveza e consegue emocionar, além de ensinar importantes lições.
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A catadora e escritora Carolina de Jesus
Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914, em uma comunidade rural de Sacramento, MG. Teve uma infância difícil e cursou apenas um ano e meio de estudos, tempo em que aprendeu a ler e escrever e apaixonou-se pela leitura.
Após a morte de sua mãe, emigrou para São Paulo e acabou indo viver na extinta favela Canindé, onde escreveu "Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, cujos 10 mil primeiros exemplares esgotaram-se em apenas uma semana.
Mãe solteira, ex-catadora de lixo, Carolina foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil, com 4 obras publicados até 1977 (ano de seu falecimento) e 6 de publicação póstuma. Seu primeiro livro já vendeu mais de 1 milhão de exemplares até hoje e foi traduzido para 14 línguas.
Um exemplo de superação de obstáculos e de dedicação a uma vocação que, desde 2016, pode ser descoberto na HQ “Carolina”, novela gráfica de João Pinheiro e Sirlene Barbosa que foi finalista do prêmio Jabuti de 2018.
Coleção Financinhas
Neste caso, estamos falando de uma iniciativa cooperativa – mais precisamente, uma iniciativa do Instituto Sicoob, braço social do maior sistema de cooperativista financeiro do Brasil, o Sicoob – voltada à educação financeira de crianças de 6 a 10 anos.
São 3 livros infantis:
- Caio achou uma moedinha
- Miguel, Aninha e Dedé ganharam um dinheirinho
- Margô e Davi foram ao mercadinho
Esse material já fazia parte de um projeto contínuo desenvolvido junto a escolas públicas e privadas, com contação de histórias para as crianças e atividades educativas ao final.
Mas agora, os três livros também estão disponíveis online para download gratuito, Basta acessar o site da Coleção Financinhas.