Com mais de 10 milhões de associados em todo o país, as cooperativas de crédito (também chamadas de cooperativas financeiras) vêm ganhando destaque cada vez maior no mercado financeiro brasileiro. Agora, com um novo governo e uma economia ainda em recuperação, como deve ficar a situação do cooperativismo de crédito no Brasil em 2019? Acompanhe:
Você sabia que um dos maiores financiadores do agronegócio no estado de Santa Catarina é o Sicoob – maior sistema cooperativo financeiro do Brasil? Esse exemplo é útil para dar melhor noção da força que o cooperativismo de crédito já alcançou no meio rural.
Só que, há alguns anos, as cooperativas financeiras também têm se dedicado a expandir sua presença no meio urbano, com novos pontos de atendimento, novos produtos e novas tecnologias. E o desafio da expansão em ambos os meios continua neste ano.
Além disso, a criação e adoção de novas tecnologias deve seguir sendo uma questão crucial para as cooperativas de crédito em 2019, tendo em vista o contínuo avanço das fintechs (empresas que misturam serviços financeiros com tecnologia).
O presidente da Federação Nacional de Cooperativas de Crédito (FNCC), André Brone, opina que “quando o assunto é fintech, a saída não será disputar mercado, mas trabalhar em parceria.”
Para Ênio Meinen, diretor de operação do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), “as inovações tecnológicas certamente continuarão tendo lugar de destaque na agenda de desafios do setor cooperativo, o que exigirá investimentos ainda mais expressivos e desapego em relação aos atuais modelos operacionais.”
Meinen ainda comenta: “Ganhos de escala e estruturas de apoio eficientes (fazer mais com menos) também serão fatores cruciais para a sustentabilidade do movimento, uma vez que a concorrência trilhará percurso semelhante. Aqui, a propósito, a Intercooperação surge como grande oportunidade e necessidade.”
A Intercooperação é um dos princípios que orienta a atuação das instituições cooperativas. E voltar-se para a essência do cooperativismo parece mesmo ser uma das maiores oportunidades das cooperativas financeiras para este ano.
Afinal, o modelo cooperativista destaca-se justamente por seus princípios mais justos e humanos, com melhores resultados para todos. Então, investir na comunicação e na educação para difundir o conhecimento sobre o segmento no país pode representar uma ótima aposta.
Este ano, uma nova equipe assumiu o governo do país. Mas o que isso significa para o cooperativismo? Há algum risco ou preocupação?
De acordo com o diretor do Bancoob, “a preocupação quanto a essa possibilidade já foi maior. Hoje as virtudes e a essencialidade das cooperativas já são bastante conhecidas. Não há como deixar à margem um setor que representa cerca de 11% de tudo que se produz no país, que responde por meio milhão de postos de trabalho e que gera divisas líquidas anuais de US$ 5 bilhões. Além disso, e por isso, os governos estão vinculados à diretriz constitucional que determina o apoio e estímulo ao cooperativismo (art. 174, § 2º, da Carta Magna). Em síntese, o fomento ao empreendedorismo cooperativo já não se situa mais no nível de programa de governo, mas de política de Estado.”
Enquanto isso, o mestre em Administração de Empresas Mauri Alex de Barros Pimentel opina que “dependendo das políticas a serem implementadas pelo novo governo, poderemos experimentar impactos positivos ou negativos no cooperativismo brasileiro. Tudo vai depender de como vamos figurar na agenda estratégica do governo. Acredito que o Sistema OCB terá papel importante como referência representativa nesse sentido.”
A esse respeito, vale relembrar que o Sistema OCB publicou recentemente o documento Propostas para um Brasil mais Cooperativo, dirigido aos representante dos Três Poderes, visando contribuir com a elaboração de políticas públicas que favoreçam o desenvolvimento nacional, tendo como ponto de partida as cooperativas brasileiras.
O cooperativismo financeiro já é reconhecido por promover a expansão do acesso ao crédito, favorecendo uma melhor distribuição de renda e focando no desenvolvimento sustentável das comunidades. Você sabia, por exemplo, que em cerca de 600 municípios brasileiros as cooperativas de crédito são as únicas instituições financeiras disponíveis?
Mauri Pimentel ainda comenta: “O caráter aglutinador do cooperativismo propicia que as pessoas antes alijadas dos meios de produção – muitas vezes à margem da economia – possam ser inseridas nos sistemas de produção e consumo, por meio de uma alternativa empreendedora que conjuga resultado econômico com justiça social.”
E complementa: “Na medida em que mais pessoas sejam devidamente incluídas na economia formal, teremos mais produção para alimentar os mercados interno e externo, mais geração de trabalho e emprego, melhor distribuição de renda, maior potencial consumidor no país e, consequentemente, mais recursos alimentando a economia. Desse modo, podemos encarar o cooperativismo como um importante propulsor do desenvolvimento, que, devidamente estimulado, representa um ativo estratégico para o novo governo rumo à recuperação da economia nacional.”
Com 4,4 milhões de associados, mais de 40 mil funcionários e mais de 2.900 pontos de atendimento, o Sicoob é o maior sistema cooperativo financeiro do país.
Atento aos desafios e às oportunidades do cooperativismo de crédito para 2019, o Sicoob deve continuar investindo durante este ano em um grande diferencial cooperativista, o atendimento olho no olho, mais próximo de seus cooperados.
O presidente Henrique Castelhano Vilares comenta que está prevista a inauguração de cerca de 300 novos pontos de atendimento este ano. “Já estamos em 1.680 municípios e queremos chegar a mais 250”, explica Vilares.
Além disso, o investimento em tecnologia também deve ter destaque no Sicoob em 2019. “Uma das principais ações será customizar nosso software para que ele possa ser comercializado a outras cooperativas em países do Mercosul”, comenta o presidente. E a instituição ainda prevê aplicar recursos em tecnologias de segurança e em interfaces que permitam a programadores externos criar aplicativos que se comunicam o sistema da empresa.
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