Você já utilizou aplicativos como Uber, Airbnb ou outras plataformas online de serviços? Tecnologias como essas têm se expandido rapidamente e estão revolucionando o mercado atual, inclusive as relações de trabalho. Agora, imagine se os donos dessas plataformas fossem os próprios prestadores de serviços ou seus usuários ou, quem sabe, ambos. É disso que trata o cooperativismo de plataforma.
O termo cooperativismo de plataforma foi cunhado, pela primeira vez, pelos professores norte-americanos Trebor Scholz e Nathan Schneider, no livro Ours to Hack and to Own (Nossos para hackear e para possuir, em tradução livre).
Os autores explicam que as cooperativas de plataforma ou plataformas cooperativas são instituições cooperativas que atuam no mercado tecnológico, mais especificamente, como plataformas de serviços online, só que orientadas pelos princípios cooperativistas.
Na visão dos autores, não se trata, porém, de uma simples demanda evolutiva do cooperativismo frente às novas tecnologias, mas trata-se, sobretudo, de desenvolver alternativas mais justas de negócios neste novo panorama da economia compartilhada, com espaço para maior diversificação e melhor distribuição de benefícios.
Entenda por que as cooperativas de plataforma são uma tendência que pode favorecer trabalhadores e consumidores, propondo uma nova lógica para a economia digital:
Muitas empresas que fazem parte da economia de compartilhamento – como Couchsurfing, Blablacar, etc. – surgiram a partir da observação de recursos subutilizados, propondo o compartilhamento da propriedade desses bens. Uma ideia bastante positiva do ponto de vista sustentável.
Além disso, as plataformas online criadas para o compartilhamento desses recursos trazem diversos benefícios para os consumidores, como a conveniência, o acesso à mão de obra de baixo custo, a flexibilidade e até a possibilidade de ganhar uma renda extra.
Para Trebor Scholz, a questão é quando essa renda extra torna-se uma alternativa fixa, em que os prestadores de serviço, em troca de certo grau de flexibilidade, abrem mão de vários direitos que teriam como trabalhadores formais.
Dessa forma, o autor observa que as atuais plataformas online de compartilhamento estão produzindo modelos para novas formas de trabalho, que incorrem em mais desigualdade e menos benefícios para os trabalhadores.
Scholz questiona, por exemplo: “Qual é a lógica de se encaminhar para uma empresa do Vale do Silício os lucros da locação de curto prazo no Rio de Janeiro, São Paulo ou Recife, entregues através da plataforma de software americana Airbnb?”
O professor argumenta, então, que esse modelo de negócios de compartilhamento pode ser desafiado e aprimorado para benefício daqueles que, de fato, estão prestando o serviço. Como? Por meio das plataformas cooperativas. Veja só:
Em artigo publicado em abril pela revista Yes!, o jornalista Gideon Rosenblatt inicia com um bom exemplo: “Imagine por um momento que os motoristas da Uber, e não os acionistas, fossem proprietários da Uber.”
Em concordância com Scholz, o jornalista argumenta: “À medida que a automação e a inteligência artificial custam empregos em um setor econômico após o outros, a renda relacionada ao emprego diminui e a receita de investimentos se expande, exacerbando a disparidade de riqueza.”
Nesse cenário, a criação de cooperativas que atuem em setores de tecnologia, oferecendo serviços de compartilhamento por meio de aplicativos, pode ser uma ótima estratégia, segundo Rosenblatt. Pois, dessa forma, a força de trabalho passa a ser proprietária da plataforma e, assim, é possível melhorar a distribuição de renda, além de aliviar a informalidade e o desemprego ocasionados pela acelerada automação da sociedade.
Fairmondo
Cooperativa digital de comércio online presente na Alemanha e na Inglaterra, a Fairmondo é uma espécie de ebay coletivo, de propriedade dos próprios usuários.
Green Taxi Cooperative
Cooperativa de taxistas de Denver, EUA, que já conta com mais de 800 motoristas cooperados, além de app ao estilo do Uber.
Loconomics
Cooperativa de profissionais autônomos de serviços. A plataforma – de propriedade dos próprios trabalhadores – ajuda-os a encontrarem clientes.
Stocksy
É um banco de imagens criado por uma cooperativa digital de fotógrafos e videomakers, os quais, assim, podem receber melhor pelo compartilhamento do seu trabalho.
Em seu artigo na revista Yes!, Rosenblatt comenta, ainda, que é muito mais fácil para uma plataforma online tradicional conseguir um financiamento do que para uma plataforma cooperativa. Afinal, os investidores de plataformas tradicionais podem lucrar com o negócio, enquanto as instituições cooperativas não visam ao lucro, mas ao benefício de todos os cooperados.
Diante disso, o jornalista alerta para o desafio de criar novas formas de financiamento especialmente desenvolvidas para impulsionar esta nova tendência cooperativa, seja por meio de fundações filantrópicas, por estratégias de financiamento coletivo ou até pela criação de novos tipos de organizações e serviços nos moldes das criptomoedas.
Para Rosenblatt, um dos desafios que temos pela frente é desenvolver formas de financiar o necessário surgimento de diversas cooperativas de plataforma de maneira rápida, como exige a velocidade da tecnologia.
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