Na sua opinião, o que é mais vantajoso: tomar decisões favorecendo a si mesmo ou pensar no coletivo e cooperar para o bem comum?
Os estudos e pesquisas científicos a esse respeito têm apresentado novos dados e argumentos que alteram as concepções anteriores sobre os proveitos do individualismo.
O professor Andrew Coleman, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, explica que Charles Darwin já observava a natureza intrigado, atendo-se particularmente aos insetos e seus modelos de cooperação.
Segundo o professor, fazendo uma comparação simplista, “pode-se pensar que a seleção natural poderia favorecer indivíduos que são exploradores e egoístas”, visto que eles parecem mais avançados que as espécies com hábitos cooperativos.
Até pouco tempo atrás, a maior parte das teorias científicas confirmava essa ideia de que o individualismo poderia ser mais vantajoso do que a cooperação. Veja como esse pensamento também passou por uma evolução:
Teorias anteriores: “o dilema do prisioneiro” e o “equilíbrio de Nash”
O dilema do prisioneiro é um problema-hipotético que pode ser usado, entre outros, para compreender modelos de comportamento e tomadas de decisões complexas.
Nesse modelo, supõe-se que dois suspeitos são interrogados em celas separadas e devem decidir se delatam um ao outro ou preferem se calar.
Imagine-se que um acordo de liberdade seja oferecido a cada suspeito para que ele denuncie o companheiro, o que levaria o denunciado a pegar 10 anos de prisão. Porém, caso ambos os prisioneiros denunciem um ao outro, os dois pegam 5 anos de prisão. E se ambos ficarem em silêncio juntos (cooperação), eles ficam apenas 6 meses na prisão.
Apesar da cooperação parecer mais vantajosa para quem conhece todas as variáveis do problema, um suspeito não sabe que decisão o outro vai tomar. Portanto, deve confiar no cúmplice e cooperar com ele ou tentar a vantagem individual à liberdade?
Analisando tal dilema, o ilustre matemático John Nash demonstrou, na década de 50, que é possível que a busca individual da melhor solução conduza o jogo a um resultado de equilíbrio. O que seria um ponto a favor do individualismo.
Estudo sobre o egoísmo
Em 2012, o físico Freeman Dyson e o cientista da computação William Press encontraram, então, uma nova solução matemática para o dilema do prisioneiro.
Segundo eles, se um dos participantes soubesse previamente da decisão do outro jogador (suspeito) poderia aproveitar-se disso usando uma estratégia egoísta e adaptando sua reação conforme tal conhecimento.
Ou seja, a solução de Dyson e Press tratava de demonstrar a valia da estratégia individualista, levando à extorsão e não à cooperação. Mas esse conceito já apresenta evoluções. Veja só:
Novas descobertas e a importância da cooperação
“Por muitos anos, as pessoas se questionaram se Nash estava certo. Por exemplo, por que vemos cooperação no reino animal, no mundo dos micróbios e até mesmo dos humanos?” – a afirmação é do cientista Christoph Adami, da Michigan State University, um dos autores de um novo estudo sobre o assunto.
Sobre o dilema do prisioneiro, Adami relembra que “a teoria parte do pressuposto de que os dois prisioneiros interrogados não podem falar entre si”, mas se isso acontecesse, eles fariam um pacto e ganhariam a liberdade mais rápido. Ou seja, é essencial considerar a comunicação nessa relação.
Sobre a solução de Dyson e Press, o estudo norte-americano indica que, em um ambiente evolucionário, conhecer a decisão do outro participante pode não ser uma vantagem a longo prazo, porque o outro pode desenvolver o mesmo mecanismo de defesa que o seu.
Para embasar tais afirmações, os cientistas da Michigan State University criaram um modelo no computador, que realizou centenas de milhares de combinações, testando os resultados de ações de cooperação e de individualismo.
Em conclusão, Christoph Adami aponta que atitudes egoístas e de má fé podem "dar uma vantagem competitiva a curto prazo, mas certamente não a longo prazo”. Segundo o cientista, agir assim, sem levar em conta a cooperação, "inevitavelmente, levaria à extinção da nossa espécie”.
Assim, como muitos já desconfiavam, finalmente, começa-se a reconhecer que a cooperação é fundamental para nossa vida em sociedade e para a nossa evolução.
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