Você já deve saber que a reciclagem ajuda a reduzir o consumo de recursos naturais e de matérias-primas, além de contribuir para a diminuição da poluição ambiental. Agora, você sabia que cerca de 90% de tudo que é reciclado no Brasil é coletado por catadores de maneira informal?
Então, digamos que você queira descartar um móvel, um eletrônico ou mesmo uma série de vidros ou papéis. Nesse caso, como encontrar um desses catadores?
Para responder à essa questão foi criado o aplicativo Cataki. A iniciativa foi até reconhecida com o prêmio de inovação do fórum Netexplo, conferido a projetos tecnológicos que tenham impacto social e nos negócios.
Entenda como funciona o Cataki e como participar:
O aplicativo ajuda a conectar diretamente as pessoas que queiram descartar resíduos recicláveis e os catadores, por isso, está até ficando conhecido como “o tinder da reciclagem”.
Breno Costa Alves, um dos coordenadores do projeto, explica: “Os catadores são cadastrados num banco de dados e começam a receber ligações dos usuários do app que querem descartar móveis, eletrônicos, vidro e papéis.”
Lançado em julho de 2017, o Cataki já tem 300 catadores cadastrados em mais de 30 cidades brasileiras, contando, por enquanto, com serviço mais estruturado em São Paulo e em Recife. Pelo app, é possível acessar o perfil dos catadores e entrar em contato para combinar o valor, o horário e o local da coleta.
Após registrar-se no Cataki, o catador Cláudio, de São Paulo, comentou satisfeito: “Uma moça me chamou para pegar uma máquina de lavar. Depois, me chamou outra vez para pegar uma porta. Um rapaz para quem ela me indicou me chamou para fazer um carreto. Depois, o dono de uma loja de ar-condicionado me deu todo o restante de chaparia. Só não pego mais trabalho, porque não estou dando conta de tantos pedidos.”
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O grafiteiro Mundano já era reconhecido internacionalmente pelo movimento Pimp my Carroça – projeto que contava com intervenções artísticas nas carroças como forma de dar visibilidade aos catadores.
Do intenso contato de Mundano com esse grupo veio a ideia do Cataki. Ele conta: “Muitas pessoas vinham me pedir indicação para a coleta (…) A partir dessa demanda, antes do Uber ser lançado no Brasil, tive a ideia de criar a plataforma para facilitar esse ‘match’ entre catadores e quem precisa do serviço deles.”
A relevância do projeto torna-se ainda maior ao saber que, todos os dias, o Brasil gera cerca de 200 mil toneladas de resíduos. E mais da metade vai parar em aterros, poluindo o meio ambiente.
Além disso, incluído nesse total aterrado, estão cerca de R$ 8 bilhões em materiais recicláveis por ano. De tudo que pode ser reciclado, o país aproveita, atualmente, apenas 2%.
Ou seja, o app Cataki pode ajudar a solucionar uma questão básica do país. O idealizador, Mundano, comenta: “Lutamos pelo reconhecimento dos catadores de lixo, que são verdadeiros agentes ambientais. O app é uma forma alternativa de aumentar a renda dos catadores com um benefício ambiental sem preço.”
O primeiro passo para participar é baixar o app Cataki, disponível para sistemas Android na Google Play e para iOS na AppStore.
Se você é um catador de recicláveis, conhece um catador próximo ou faz parte de uma cooperativa de catadores, pode realizar o cadastro no banco de dados da plataforma pelo próprio aplicativo ou pelo site do Cataki.
Se você quer encontrar um catador para negociar o descarte de algum material, basta procurar na lista de catadores do aplicativo, buscando por bairro, por material a ser reciclado ou pelo nome do próprio catador.
E se você quiser divulgar a iniciativa do Cataki, todos os materiais encontrados no site são publicados sob licença aberta e podem ser reproduzidos, incluindo vídeo sobre o app, flyer e adesivos. Além disso, o aplicativo é um software livre e continua em aperfeiçoamento, contando com a colaboração de voluntários.
Apesar dos poucos meses de funcionamento, percebe-se que o aplicativo Cataki já começa a incentivar uma rede colaborativa. Cadastrada no aplicativo, a catadora Fátima, da cidade de São Paulo, comenta: “Quando surge alguma coleta muito distante, eu repasso para um colega. Um ajuda o outro. Temos que ser unidos.”
O coordenador do projeto, Breno Alves, complementa a afirmação da catadora: “Nessa troca entre eles, nós descobrimos que, em São Paulo, tem uma catadora vendendo garrafa pet a R$ 0,25, enquanto outro catador oferece o produto a R$ 1,50. Com essa informação, a catadora passou a ter um comprador que paga seis vezes mais do que o anterior. Esse é um resultado real da rede colaborativa que eles próprios estão formando.”
Além da participação dos catadores no Cataki, o idealizador do app destaca a importância do envolvimento da população, cadastrando catadores conhecidos e utilizando o app para encontrar catadores. Para Mundano, “o grande desafio não é apenas criar coisas incríveis com tecnologia, mas como torná-las populares e acessíveis para uma camada com menos privilégios, à margem da sociedade”.
Alves completa: “Uma coisa de valor e que os catadores precisam é de atenção. Sentar junto e conversar. Ter alguém que te trata como pessoa e não como um ser invisível já é um ganho social muito importante. Esse é um ganho de rede e não de tecnologia.”
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