Quem trabalha no campo sabe: nem todas as partes do solo são iguais. Em cada parcela de uma propriedade rural, solo e clima interagem de maneiras diferenciadas. A Agricultura de Precisão (AP) parte dessa premissa, analisando em detalhe a variabilidade de cada elemento da atividade agrícola para propor interferências que promovam melhorias no manejo das culturas.
De acordo com a definição da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, “trata-se de um conjunto de ferramentas e tecnologias aplicadas para permitir um sistema de gerenciamento agrícola baseado na variabilidade espacial e temporal da unidade produtiva e visa ao aumento de retorno econômico e à redução do impacto ao ambiente.”
Em outras palavras, podemos dizer que a AP está associada ao uso de aparelhagem de tecnologia avançada (como microprocessadores, GPS e softwares de informação geográfica, entre outros) que permite levantar dados de diversas amostras de solo (tomadas de distintas partes da propriedade) – comparando-os, analisando-os e acompanhando-os – para propor a aplicação dosada e localizada de insumos e de outras técnicas, com o objetivo de otimizar a produção.
Podem ser utilizados, por exemplo: equipamentos e máquinas que fazem a análise do solo e distribuem os insumos a taxas variadas; aparelhos de GPS para ajudar no monitoramento da adubação e produtos agroquímicos na quantidade e local certos; medidores de clorofila; tapeadores de pragas; sensores de rendimento, entre outros.
Essas tecnologias permitem aperfeiçoar o uso de insumos agrícolas, reduzir os impactos ao meio ambiente, melhorar a gestão da propriedade e aumentar os ganhos do produtor.
Quer saber como aplicar esse conjunto de métodos na sua propriedade? Quer descobrir quem oferece incentivos a iniciativas do gênero? Acompanhe e saiba mais:
Para muitos agricultores familiares, pequenos e médios produtores rurais, o custo do investimento em aparelhagens de tecnologia avançada para a aplicação da Agricultura de Precisão pode acabar mostrando-se inviável. A solução para isso tem sido dada, em muitos casos, pelas cooperativas.
Muitas cooperativas agropecuárias, por exemplo, adquirem os equipamentos e oferecem aos cooperados o maquinário necessário. Como os produtores são todos associados à cooperativa, o custo do investimento é dividido entre todos e os benefícios também podem ser aproveitados por todos.
Há ainda diversos exemplos de cooperativas que fazem parcerias com universidades e outras instituições para promover o ciclo completo da AP, da capacitação ao desenvolvimento e aplicação; assim como de feiras e exposições tecnológicas promovidas por instituições cooperativistas para levar ao conhecimento dos produtores as novidades da área.
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Historicamente, a AP foi introduzida no Brasil em meados dos anos 90, principalmente por empresas multinacionais que ofereciam tecnologia importada para o mapeamento da produtividade nas lavouras.
Em 1996, ocorreu o primeiro Simpósio sobre Agricultura de Precisão no país, organizado pela Escola Superior de Agricultura da USP, pioneira no meio acadêmico na abordagem dessa temática.
Após a publicação de diversos Boletins Técnicos sobre o assunto, em 2013, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) começou a elaborar a Agenda Estratégica 2014-2030 para a Promoção Nacional da AP, visando ao desenvolvimento sustentável e à competitividade do agronegócio em benefício da sociedade brasileira.
Isso quer dizer que o próprio Governo Federal já reconhece a valia desse conjunto de métodos para impulsionar o desenvolvimento do país. A seguir, comentaremos sobre uma iniciativa mais recente desse Ministério que comprova esse apoio à AP.
Mas antes disso vale sublinhar ainda que, a Agenda Estratégica do MAPA inclui entre suas propostas de ações o estímulo e apoio a programas específicos de cooperativas. Ou seja, além de incentivar a Agricultura de Precisão, o MAPA também reconhece o papel das cooperativas nesse sentido.
Em junho deste ano, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e a organização Agricultura de Precisão para o Desenvolvimento (PAD, na sigla em inglês) – cofundada por Michael Kremer, Prêmio Nobel de Economia 2019 –, firmaram uma parceria para impulsionar a digitalização da atividade agropecuária na América Latina e no Caribe.
Em agosto, a ministra Tereza Cristina (MAPA) anunciou que o Brasil será o primeiro país dessa região a beneficiar-se da parceria, com a implantação de um programa piloto que oferecerá serviços digitais de consultoria para agricultores familiares da região Nordeste.
A ideia é enviar a esse produtores mensagens de celular com orientações técnicas, dados meteorológicos, dicas de plantio, informações sanitárias e de rendimento das colheitas, entre outros.
Sabendo que, no Brasil, apenas 46,5% dos estabelecimentos rurais têm conexão de internet e somente 13% têm conexão de banda larga, é válido dizer que as mensagens enviadas pelo novo programa do MAPA – IICA – PAD poderão ser recebidas até por quem não tem acesso à rede.
O sucesso dessa iniciativa já foi demonstrado em outros países africanos e asiáticos. Desde 2015, a organização comandada por Kremer já beneficiou a 3,6 milhões de agricultores, em locais como: Bangladesh, Índia, Quênia, Paquistão e Zâmbia.
“Essa aliança traz metodologias compostas por processos ágeis e mais rentáveis, com uma tecnologia já testada e aprovada por um Prêmio Nobel de Economia. É uma maneira inteligente de enfrentar os efeitos e as ameaças da pandemia sobre a segurança alimentar e de continuar inovando”, comentou a ministra Tereza Cristina.
Outra opção para investir em equipamentos e técnicas de Agricultura de Precisão é recorrer ao crédito rural.
Nesse sentido, é bom saber que foram ampliados os recursos oferecidos pelo Plano Safra 2020/2021, em relação à edição anterior. O valor total disponibilizado para investimentos chega a R$ 56,92 bilhões.
Ao considerar o crédito rural como alternativa, uma boa dica é analisar as opções oferecidas por cooperativas financeiras.
Você sabia que, no estado de Santa Catarina, por exemplo, o Sicoob – maior sistema cooperativista financeiro do país – é um dos maiores financiadores do agronegócio?
Para ter uma noção, em 2019/2020, o Sistema disponibilizou cerca de R$ 14 bilhões para despesas de custeio, comercialização e investimentos no período. E este ano, apenas no mês de julho, o Sicoob já liberou mais de R$ 635 milhões em crédito rural no âmbito do Plano Safra.
Além disso, a associação a instituições cooperativistas ainda tem outras vantagens, como a participação nas decisões e nos resultados da entidade, assim como benefícios para as comunidades.
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