No dia 15 de setembro, o Banco Central do Brasil publicou novas regulamentações para incentivar as instituições financeiras a adotarem os princípios ESG – (ambiental, social e de governança). Em convergência com as diretrizes da autoridade monetária nacional, o Sicoob – um dos maiores sistemas de cooperativas financeiras do país – publicou, no dia 20 de outubro, o seu Relatório e Agenda de Sustentabilidade 2020.
De acordo com o diretor-presidente do Sicoob, Marco Aurélio Almada, “o Relatório comprova que nós já temos um grande e profundo compromisso com as comunidades em que nós estamos inseridos. Nós já temos um grande e profundo compromisso com as pessoas que trabalham nas nossas cooperativas”.
Só que, o executivo esclarece que esses compromissos “nós não assumimos originalmente por causa da pauta ESG, nós assumimos por causa da doutrina que a gente ´tá trazendo lá de trás”, a doutrina do cooperativismo.
De fato, “mesmo que a concepção de desenvolvimento sustentável tenha surgido mais de um século depois da criação do cooperativismo, o movimento [cooperativista] já nasceu regido por uma atuação social e ambiental, tendo, desde seus primórdios, princípios vinculados com a sustentabilidade”, como esclarece reportagem da revista MundoCoop.
Assim, Almada comenta que “o nosso Relatório de Sustentabilidade é bonito sem muito esforço porque ele é um inventário do que a gente faz”.
Por outro lado, o executivo afirma que é equivocado pensar que “se o cooperativismo já tem isso no DNA, a gente não precisa fazer muita coisa”. Segundo ele, o contexto atual e as novas demandas ESG trazem novos graus de desafios que precisam ser superados por todos, inclusive pelas cooperativas.
É a partir do reconhecimento de tais necessidades de superação que nasce a nova Agenda de Sustentabilidade do Sicoob.
Acompanhe e saiba mais sobre esse plano estratégico:
“A gente não vai resolver um problema novo com a mentalidade que, muitas vezes, produziu o problema”, diz Marco Aurélio Almada. Por isso, na opinião do executivo, uma das primeiras transformações que precisam ocorrer é na mentalidade da própria gestão da instituição. Nesse sentido, a ampliação da diversidade é um dos pontos-chave, segundo Almada.
Em relação a esse aspecto, ao observar o Relatório recentemente publicado pela entidade, é possível perceber que, entre 2018 e 2020, o número de mulheres nas equipes de liderança do Sicoob aumentou de 16% para 20%.
“Isso vai fazendo com que a nossa governança fique mais diversa. Ela tem ali dentro dela processos que percebem as realidades do mundo com sensibilidades diferentes. E o encontro dessas sensibilidades nos ajudam no posicionamento das nossas cooperativas de uma maneira cada vez mais objetiva e sintonizada”, esclarece Almada.
O diretor também destaca que, no quadro total de funcionários da instituição, as mulheres já são maioria (54% dos cerca de 43.000 colaboradores).
Outro dado interessante a esse respeito vem da Central SC/RS do Sicoob, que já havia publicado anteriormente o seu Relatório de Sustentabilidade 2020, revelando que, nessa região, as mulheres já ocupam a maior parte dos cargos entre gestores e contratados. São 3.728 diretoras e CLT mulheres e 2.252 diretores e CLT homens, além de estagiários e aprendizes, entre os quais também há predominância de profissionais do sexo feminino.
Para o diretor-presidente do Sicoob, a agenda ESG do BC é – assim como o PIX e o Open Finance – uma agenda de inovação.
“É uma agenda de inovação de como nós interagimos entre nós, tanto no contexto da governança e todos os seus desdobramentos lá dentro, como de como nós abordamos o nosso universo circundante e todos os stakeholders que estão relacionados com o nosso negócio. E isso precisa ser pensado também sob a ótica da inovação”, explica Almada.
O executivo ainda comenta que, em resposta a essa demanda de inovação, alguns bancos já começaram a lançar novos produtos relacionados à agenda ESG do BC.
No entanto, apesar dessas iniciativas serem mais visíveis no mercado no momento, Almada esclarece que “o cooperativismo normalmente começa antes”. A questão é que, no cooperativismo, o processo começa por levar informações aos cooperados (os verdadeiros donos do negócio cooperativo) para debater e aprovar as melhores práticas a serem seguidas, atuando de forma mais assertiva, com benefícios para todos.
De acordo com o Relatório e Agenda de Sustentabilidade 2020 do Sicoob, “a educação financeira está no centro da nossa agenda estratégica. O tema faz parte do nosso Planejamento 2020-2030, e nossas iniciativas são disseminadas pela Educação Corporativa e pelo Instituto Sicoob”.
O documento esclarece ainda que “a Educação Corporativa disponibiliza trilhas de aprendizagem e soluções educacionais por meio da plataforma de aprendizagem educacional para os empregados e pelo aplicativo Moob para os cooperados. Já as iniciativas coordenadas pelo Instituto Sicoob são destinadas às comunidades e abrangem indivíduos de todas as faixas etárias e de renda”.
Durante a apresentação da Agenda de Sustentabilidade da entidade, Marco Aurélio Almada também deu ênfase ao tema, comentando que, em dois eventos em que o Sicoob participou este ano (do BC e da CNN), o sistema foi apontado como a instituição mais ativa na educação financeira.
Essa afirmação pode ser comprovada por diversas iniciativas da instituição, como a disponibilização da Coleção Financinhas para o público infantil, do curso-game Se Liga Finanças Online, voltado a um público mais jovem, e das Clínicas Financeiras Virtuais, que contibuem para que pessoas de todas as idades possam ter melhor controle da sua vida financeira, entre outros projetos.
Outro ponto que chama a atenção no Relatório e Agenda de Sustentabilidade do Sicoob é o alinhamento com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
No documento, a instituição afirma: “Nós apoiamos o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (…) trabalhamos pela disseminação dos 17 ODS e somos proativos na promoção e no incentivo à realização de ações que contribuam com a Agenda 2030. Fazemos isso internamente, em todos os níveis, bem como junto aos demais públicos com os quais nos relacionamos”.
Entre os 17 objetivos estabelecidos pela ONU, as ações socioambientais do Sicoob contribuem especialmente para:
Por outro lado, na opinião de Marco Aurélio Almada, um dos novos desafios apresentados pelo contexto atual é o de conseguir tratar a agenda ecoambiental e social com a mesma atenção com a qual já se costuma tratar a governança. O executivo ainda comenta que, no caso do cooperativismo, a agenda social sempre esteve em foco. Porém, a responsabilidade ecoambiental ainda tem espaço para ser ampliada.
Nesse sentido, a instituição já adianta que os processos de avaliação dos riscos socioambientais serão aperfeiçoados, assim como a divulgação de tais análises seguindo as recomendações da TCFD (Task Force on Climate-Related Financial Disclosures). Essas iniciativas ainda devem ser acompanhadas por ações de educação e conscientização a respeito de ditos riscos.
Para finalizar essa breve análise dos principais pontos da nova Agenda de Sustentabilidade do Sicoob, nós não poderíamos deixar de falar sobre o Instituto Sicoob, agência de investimento social estratégico dessa instituição, responsável desde 2018 pela coordenação sistêmica desse planejamento sustentável.
O Instituto Sicoob trabalha com o compromisso de disseminar a cultura cooperativista e de promover a educação financeira e o desenvolvimento sustentável das comunidades. Para isso, atua em três frentes: Cidadania Financeira, Cooperativismo e Empreendedorismo, e Desenvolvimento Sustentável.
Além disso, no processo de construção do Relatório e Agenda de Sustentabilidade 2020 do Sicoob, o Instituto “promoveu o engajamento de stakeholders para a nossa análise de materialidade e conduziu as atividades de diálogo com os públicos interno e externo. As atividades envolveram a realização de oficinas, painéis, webinars, palestras, solução educacional de sustentabilidade, fóruns internos de lideranças, entre outras atividades voltadas a capacitar nosso quadro, em todos os níveis, acerca da sustentabilidade, da materialidade Sicoob e dos tópicos GRI (Global Reporting Initiative)”.
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