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A Taxa Referencial e a poupança: entenda e aproveite

Para atualizar os valores de investimentos, operações de crédito e contratos ao longo do tempo, existem diversos tipos de índices e taxas que são utilizados como parâmetro. Um desses fatores de correção monetária é a chamada Taxa Referencial ou TR.

Criada na década de 90, essa taxa já teve, no passado, um papel semelhante ao que a taxa Selic exerce atualmente. A ideia era que ela pudesse servir de referência para os juros praticados no país naquela época.

Só que, com o tempo, outros índices começaram a ser adotados para atualizar diferentes tipos de instrumentos financeiros. E desde 2017, a Taxa Referencial estava completamente zerada.

Isso não significa, porém, que ela deixou de ser utilizada. Quem tem dinheiro guardado na poupança, trabalha com carteira assinada ou tem um financiamento imobiliário provavelmente já sabe que a TR continua sendo empregada em algumas operações.

A novidade é que, desde dezembro do ano passado, a TR voltou a subir e tem sido atualizada diariamente pelo Banco Central.

Quer saber qual o impacto dessa notícia no seu bolso e como utilizar isso a seu favor? Acompanhe, entenda e aproveite.

Como a TR é definida

Em primeiro lugar, é importante saber que a Taxa Referencial está diretamente relacionada à Taxa Básica Financeira (TBF). Em outras palavras, podemos dizer que o valor da TBF entra no cálculo da TR.

Outra informação relevante é que, para acompanhar a evolução do mercado financeiro nacional, foi estabelecido desde 2018 um novo método de cálculo para a TBF – influenciando, portanto, na definição da TR.

Atualmente, a TBF é calculada com base na média ponderada das taxas dos títulos públicos prefixados do Tesouro Nacional (LTNs) praticadas no mercado secundário.

Sabendo então, o valor da TBF, o Banco Central (BC) aplica um redutor que permite chegar ao valor final da TR. Assim, a Taxa Referencial é sempre um pouco menor do que a Taxa Básica Financeira.

De todo modo, se você quer descobrir a rentabilidade da TR sobre uma aplicação ou financiamento, não precisa se preocupar em fazer esse cálculo por conta própria. Basta utilizar a Calculadora do Cidadão do BC.

Por que a TR estava zerada?

Como a Taxa Referencial está relacionada à remuneração dos títulos públicos (que entram no cálculo da TBF), ela acaba sendo impactada pelo desempenho do mercado de juros. Ou seja, quando os juros caem, a TR diminui. Quando os juros aumentam, a TR sobe.

A questão é que os juros básicos da economia brasileira (a famosa taxa Selic) tinham sido elevados pela última vez em agosto de 2015. Até agosto de 2020, a Selic só caiu, chegando, nesse ano, ao nível mais baixo de sua história, 2,0%.

Com essa queda de juros, a TR poderia até ter chegado a ser negativa. Só que, por convenção, isso não é possível. Quer dizer, a TR nunca fica, efetivamente, negativa. Quando isso ocorre, o BC considera que a Taxa Referencial está zerada.

A subida da TR

Com a crise gerada pela pandemia de coronavírus, a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic (que é utilizada pelo BC para manter a inflação sob controle) passou por gradativos aumentos desde o ano passado.

Diante disso, a Taxa Referencial também foi, pouco a pouco, dando sinais de que sairia do zero. Em dezembro de 2021, isso finalmente aconteceu. Nesse mês, a TR passou a ser de 0,0488% ao ano.

Para tentar conter o avanço da inflação – agravada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia – a taxa Selic continuou subindo nos primeiros meses deste ano. Na reunião do Copom de março, houve um aumento de 1,5%, fazendo com que a Selic chegasse a 11,75%.

Diante desse aumento dos juros, em março, a Taxa Referencial ficou em 0,0971%.

A expectativa do mercado financeiro no momento é que a Selic continue sendo elevada, chegando a 13% no final de 2022. Paralelamente, a TR também deve seguir subindo.

O impacto da TR

Apesar de ter perdido certa relevância ao longo do tempo, a Taxa Referencial continua sendo utilizada como parâmetro em alguns instrumentos financeiros muito populares no país, como a poupança e o FGTS.

Por isso, quando a TR cai ou aumenta ela acaba impactando no bolso de milhares de brasileiros.

Confira a influência dessa taxa em diferentes casos:

  • Poupança

Para depósitos na caderneta que foram feitos até 03 de maio de 2012, a remuneração é calculada da seguinte forma: 0,5% ao mês + TR.

Para depósitos feitos a partir de 04 de maio de 2012, há duas possibilidades:

· quando a taxa Selic é igual ou inferior a 8,5%, a remuneração mensal da poupança é igual a 70% da Selic + TR;

· quando a Selic é superior a 8,5%, a remuneração da caderneta é igual a 0,5% ao mês + TR.

  • FGTS

Enquanto o trabalhador não saca o seu Fundo de Garantia, os depósitos mantidos nessa conta são remunerados a 3% ao ano + TR.

  • Financiamento imobiliário

Alguns contratos de financiamento imobiliário (sobretudo no âmbito do SFH) continuam tendo seu saldo devedor atualizado com base na Taxa Referencial. Muitas vezes, os juros devidos por quem toma o empréstimo também crescem com base nessa taxa.

Porém, como o BC eliminou, desde 2018, a obrigatoriedade de indexar a TR aos financiamentos imobiliários, nem todos os contratos atuais seguem esse padrão. Existem também alguns financiamentos de imóveis que são corrigidos com base em outros índices do mercado, como o INCC, o IGP-M ou o IPCA.

  • Títulos de capitalização

Valores que ficam depositados até o vencimento do título são corrigidos com base na TR. Ou seja, assim como na poupança, o rendimento dos títulos de capitalização está diretamente atrelado à Taxa Referencial. Porém, nem sempre eles pagam juros ou outro tipo de remuneração além dessa correção monetária.

A Taxa Referencial e a poupança

Como vimos no tópico anterior, a Taxa Referencial sempre influencia no rendimento da poupança. É claro que, quando a TR está zerada, apesar de ela continuar entrando no cálculo, acaba não fazendo diferença na remuneração da caderneta.

Só que, desde dezembro do ano passado (com o aumento da Selic para 9,25% nesse mês e o consequente aumento da TR), todos os depósitos em poupança passaram a ser remunerados com base na fórmula 0,5% ao mês + TR.

Na prática, isso significa que o rendimento da poupança começou a aumentar desde então. Em março deste ano, a taxa de rendimento da caderneta chegou a 6,17% ao ano.

Comparado a outros investimentos, esse rendimento da poupança não é exatamente elevado. Afinal, com o aumento da Selic, as aplicações da renda fixa também tendem a ser melhor remuneradas.

Por outro lado, esse aumento na remuneração da poupança não deixa de ser uma ótima notícia.

Primeiro porque a caderneta segue sendo a principal escolha da maioria dos brasileiros na hora de poupar. E poupar é, sem dúvida, o primeiro passo para quem quer começar a investir e ver o seu dinheiro render mais. Ou seja, a poupança é o primeiro passo de todo investidor.

Além disso, a poupança é uma das aplicações mais indicadas para guardar a sua reserva de emergência, já que não cobra juros pela retirada e tem excelente liquidez.

Portanto, para milhares de brasileiros, o atual aumento da Taxa Referencial pode ser considerado uma excelente oportunidade, estimulando você a poupar e a montar sua reserva de emergência, para ter uma vida financeira mais tranquila.

É claro que, depois disso, o próximo passo é começar a investir. Quer algumas dicas? Baixe grátis o e-book Investimentos.

daniele

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