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A falta de experiência é só um dos desafios. Conheça soluções e uma iniciativa exemplar
Como conseguir o primeiro emprego sem ter experiência? E como ter experiência sem ter conseguido ainda o primeiro emprego? Esse dilema representa apenas uma das dificuldades dos jovens para entrar no mercado de trabalho.
Para entender os principais desafios relacionados ao tema, conhecer algumas soluções e uma iniciativa empresarial exemplar que tem contribuído para melhorar essa situação, acompanhe:
Taxa de desemprego entre jovens
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua do IBGE, no primeiro trimestre de 2022 – enquanto a taxa média de desemprego brasileira era de 11,1% – o desemprego entre pessoas de 18 a 24 anos chegava a 22,8%.
O levantamento ainda demonstra que, nesse mesmo período, do total de desempregados do Brasil (11,9 milhões de pessoas), mais de 30% eram jovens dessa faixa etária, o que corresponde a um total superior a 3,6 milhões de jovens fora do mercado.
E essa dificuldade para entrar no mercado de trabalho pela primeira vez não é algo recente. Observando a série histórica da pesquisa (iniciada em 2012), a curva que representa o grupo de desempregados entre 18 e 24 sempre teve taxas de desocupação superiores às demais idades, exceto quando se trata do grupo de 14 a 17 anos.
Principais desafios
Para o especialista em Relações do Trabalho, José Pastore, a falta de experiência e o alto custo dos encargos sociais são alguns dos principais desafios para os jovens na hora de entrar no mercado de trabalho. Segundo ele, os empresários se perguntam: "por que vou contratar um jovem sem experiência se ele gera as mesmas despesas de contratação de um profissional experiente?"
Na opinião de Adriana Caldana, especialista em Psicologia do Trabalho, a questão vai além da falta de experiência, já que os jovens deveriam estar abertos a "aprender capacidades para além do que um curso de graduação pode oferecer".
Eliane Figueiredo, diretora-presidente de uma consultoria especializada em recrutamento e seleção, concorda com Caldana, argumentando que, além de habilidades técnicas, os jovens também precisam desenvolver capacidade de argumentação, senso crítico e habilidade de realizar tarefas em grupo.
"As habilidades necessárias serão aquelas voltadas ao relacionamento, como liderança, comunicação, trabalho em equipe, resolução de conflitos, gerenciamento de emoções e construção de parcerias", complementa Figueiredo.
A life-coach Tatiana Girardi acrescenta ainda que, apesar de muito bem preparados em nível de conhecimento, muitos jovens não conseguem se adaptar às exigências e necessidades das corporações.
"Se ele for um profissional com técnica, consegue entrar em uma empresa, mas não progride porque não sabe viver em um ambiente agressivo, com orçamento limitado e objetivos a serem cumpridos em um tempo curto", comenta Girardi.
Algumas soluções
A dica de Eliane Figueiredo para que os jovens consigam desenvolver habilidades que os permitam entrar no mercado de trabalho mais facilmente é manter-se constantemente atualizado, participar de atividades extracurriculares e cultivar a porção empreendedora que há em cada um.
Tatiana Girardi compartilha de opinião similar, dizendo que é importante estimular a criatividade dos jovens. "A criatividade está muito ligada à curiosidade, então, ser curioso e utilizar isso para conhecer fará com que o repertório de conhecimento aumente, o que propicia encontrar soluções mais facilmente e inovar", explica Girardi.
O especialista em gamificação Luciano Meira destaca ainda o papel da educação nesse processo. "Acredito que a escola deveria ser capaz de fomentar ambientes empreendedores, transformando as salas de aulas em protótipos de startups, voltadas à resolução de problemas, à investigação mesmo de situações significativas por meio do desenvolvimento de projetos, do gerenciamento de riscos, da entrega de soluções sustentáveis", diz Meira.
Adriana Caldana acrescenta que a tecnologia também pode abrir portas. "Alguns jovens que se colocam em startups e empresas ligadas à tecnologia conseguem, às vezes, um ganho expressivo até precocemente".
Para mais, segundo ela, além das escolas, "as empresas precisam construir a mentalidade de mentoria" e "as organizações da sociedade civil também podem se articular para fazer esse movimento de atuação".
Meira complementa: "A escola associada ao mundo do trabalho deve refletir sobre o conhecimento que é capaz de realizar coisas, transformando seu entorno e as cidades do ponto de vista da moradia, mobilidade, cuidados com a infância e a saúde pública, apenas para citar alguns exemplos".
Uma iniciativa empresarial exemplar
Reconhecendo o papel que podem desempenhar para enfrentar esse desafio que muitos jovens encontram para entrar no mercado de trabalho, já existem diversas empresas que desenvolvem programas de capacitação e mentoria de jovens aprendizes.
Um bom exemplo é o da Central SC/RS do Sicoob instituição financeira cooperativa presente em todos os estados do Brasil – que desenvolve o programa Start Jovem, visando ao desenvolvimento profissional e pessoal dos jovens aprendizes e contribuindo com suas carreiras dentro e fora da instituição.
Para tanto, são promovidos encontros online mensais, durante os quais são trabalhados temas e competências como: comunicação, educação financeira, inteligência emocional, entre outros. Ao final de cada ciclo, os jovens se dividem em grupos e são desafiados a criarem um projeto novo ou de melhoria que seja inovador e aplicável ao Sicoob Central SC/RS. Esses projetos são apresentados a uma banca avaliadora que tem a missão de definir qual projeto será o grande vencedor.
Julia Oliveira, analista de Gestão Estratégica de Pessoas na instituição, comenta: "O Start Jovem trouxe um novo olhar sobre os aprendizes do Sicoob. Saindo do modelo de colaborador que se limita à realização de atividades operacionais e rotineiras para um profissional de visão que tem boas ideias e grandes possibilidades de contribuição".
Em julho, durante a 13ª edição do Prêmio Ser Humano, o programa Start Jovem do Sicoob SC/RS foi um dos premiados pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). O outro foi o programa Recicla, desenvolvido pela mesma instituição.