O Brasil é o maior produtor mundial de café, além de ser também o maior exportador do produto. Não é por acaso que a cafeicultura nacional tem grande relevância na geração de empregos, renda e divisas de exportação, contribuindo significativamente para a economia do país. É nesse contexto que ganha destaque o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira, o Funcafé.
Criado em 1986 com o objetivo de desenvolver a cadeia produtiva do café do Brasil, o Funcafé oferece financiamentos e incentivos para a modernização da cafeicultura e para a pesquisa cafeeira, com apoio também à indústria e à exportação.
Na prática, são disponibilizadas, no âmbito desse Fundo, linhas de crédito específicas para: comercialização, custeio, capital de giro, aquisição de café e recuperação de cafezais danificados.
No ano passado, por exemplo, para apoiar os cafeicultores que tiveram perdas com as geadas, o Conselho Monetário Nacional (CMN), seguindo recomendação do Ministério da Agricultura, reservou R$ 1,32 bilhão do Fundo.
Vale comentar ainda que esses recursos são repassados por instituições financeiras integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) credenciadas junto ao Funcafé.
Aliás, você sabia que muitas cooperativas financeiras são integrantes desse sistema e que essas instituições têm se destacado cada vez mais na operacionalização dos recursos do Funcafé?
Acompanhe e saiba mais:
O Funcafé e o crédito cooperativo
De acordo com dados de março do Conselho Nacional do Café (CNC), no ano agrícola de 2021/2022, as cooperativas financeiras foram as instituições do SNCR que mais se destacaram no repasse de recursos do Funcafé.
No total, as cooperativas do ramo aprovaram, nesse período, operações no valor de R$ 1,4 bilhão dos recursos do Fundo, o que corresponde a 23,8% do total de recursos autorizados pelas demais instituições financeiras nacionais.
Para ter melhor noção, em Minas Gerais – estado que é o maior produtor do gênero no país – 10 cooperativas financeiras disponibilizaram recursos do Funcafé. Entre elas, 9 foram cooperativas integrantes do Sicoob – sistema cooperativo presente em todos os estados do Brasil.
De fato, de acordo com dados de março do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Banco Cooperativo Sicoob foi o 3º agente financeiro de todo o país com maior valor contratado de recursos do Funcafé.
Mas é bom saber que o apoio das cooperativas aos produtores rurais brasileiros não para por aí. Confira a seguir.
SNCC se destaca no crédito rural
Além de se destacarem na operacionalização do Funcafé, as cooperativas financeiras brasileiras também oferecem diversas outras linhas de crédito rural.
Essas instituições repassam recursos do Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf), do Pronamp, assim como linhas do BNDES, além de, muitas vezes, disponibilizarem recursos próprios para apoiar produtores rurais de todos os portes.
Em adição a essa ampla oferta, quem busca pelo crédito rural cooperativo tem acesso a taxas bem menores (já que essas instituições não visam ao lucro) e encontra também outras vantagens, podendo participar nas decisões da instituição e, inclusive, nas sobras, em caso de resultados positivos.
Não é por acaso, portanto, que o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, o SNCC (grupo de organizações integrado, sobretudo, pelas cooperativas financeiras) é o segmento que mais cresce no crédito rural, superando os demais grupos do Sistema Financeiro Nacional, de acordo com o Banco Central.
Destaca-se novamente o exemplo do Sicoob, já que, contando apenas os meses de agosto/21 a março/22, a instituição liberou mais de R$ 14,5 bilhões em crédito rural.
O valor corresponde a um crescimento de 32% em relação ao que foi liberado pela instituição no mesmo período do ano-safra anterior. Um desempenho que posiciona o Sicoob como a 3ª maior instituição financeira apoiadora do agronegócio brasileiro.
Sem contar que em alguns estados o Sicoob já ultrapassa essa posição. Em Santa Catarina, por exemplo, o Sicoob Central SC/RS é o maior financiador privado dos produtores rurais.
Por outro lado, é interessante ressaltar que, além do crédito rural, as cooperativas financeiras oferecem diversos outros produtos e serviços, desde contas e cartões até seguros, consórcios, investimentos, etc.
Cooperativas cafeeiras
Agora que você já sabe sobre todo o apoio que as cooperativas financeiras dão aos produtores rurais, incluindo os produtores de café, é válido comentar também sobre o papel das cooperativas do agro, com destaque para as cooperativas cafeeiras.
“As cooperativas desempenham um importante papel nessa cadeia produtiva”, diz a analista de desenvolvimento e monitoramento de cooperativas do Sistema Ocemg, Daiana Oliveira.
Para justificar essa afirmação, Daiana usa o exemplo do seu próprio estado, onde se produz quase metade de todo o café brasileiro. Segundo ela, em 2020, as cooperativas mineiras foram responsáveis por 56,8% do café produzido no estado.
“A cada 10 xícaras de café produzidas no Brasil, 3 passaram em uma cooperativa mineira. Há que se destacar ainda que o café foi o produto agrícola mais exportado pelas cooperativas mineiras em 2020. Ao todo, foram embarcadas 369,4 mil sacas do grão para mais de 54 países”, completa a analista da Ocemg.
