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Dizer que “cooperativismo é coisa de agricultor” não é de todo correto, já que esse modelo socioeconômico alternativo aplica-se a diversos ramos da economia e está presente tanto no campo quanto nas cidades, reunindo mais de 15 milhões de associados por todo o país. Mas é bem verdade que o cooperativismo é bastante desenvolvido no meio rural brasileiro. Um dos fatores que contribui para isso é a união entre cooperativas financeiras e do agro.
É válido destacar, aliás, que atualmente quase metade de toda a produção agropecuária brasileira passa de alguma forma por uma cooperativa.
Em muitos casos, estamos falando de cooperativas do agro, que ajudam a receber, armazenar, industrializar e/ou comercializar a produção dos cooperados. Mas também é preciso levar em conta o papel das cooperativas financeiras que oferecem crédito a agricultores familiares e produtores de maior porte, para custeio, investimento, comercialização e industrialização, entre outros produtos financeiros.
Nesse contexto, é pertinente mencionar também os casos de intercooperação entre as cooperativas financeiras e do agro. Exemplo disso foi o convênio firmado entre o Sicoob – um dos maiores sistemas de cooperativas financeiras do país – e a Cooperativa Central Aurora Alimentos, já em 2013, para financiar o Programa de Qualidade Total Rural, visando ao aumento da produtividade, à redução de custos e à melhoria da qualidade de vida no campo, com incentivo para jovens e mulheres continuarem com a atividade rural.
Aliás, você sabia que o Sicoob SC/RS – uma das duas centrais sulistas do sistema Sicoob – nasceu no campo e é, atualmente, o maior financiador privado dos produtores rurais de Santa Catarina?
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Agronegócio e cooperativismo financeiro
“As cooperativas de crédito são muito mais leves que os bancos tradicionais. Conseguiram furar o bloqueio de um grupo muito fechado de bancos e são, hoje, as que mais estão ganhando ´share` [participação] no crédito rural, crescendo a uma taxa de dois dígitos há um bom tempo”, afirma o economista Antônio da Luz, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O conselheiro do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Rio Grande do Sul (Sescoop-RS), Márcio Port, acrescenta: “As cooperativas de crédito, somadas no país, são as instituições financeiras que mais liberam recursos para o BNDES e são líderes no financiamento para a agricultura familiar”.
O gerente de Agronegócios do Sicoob Central SC/RS, Rodinei Munaretto, confirma:
“A instituição financeira cooperativa dispõe de crédito e financiamento para construção, ampliação, reformas e benfeitorias: aquisição de máquinas, equipamentos e veículos; obras de irrigação e drenagem; formação de lavouras permanentes; formação ou recuperação de pastagens, entre outros”.
O gerente comenta que “há também linhas de crédito para financiar bens novos, estruturas de armazenagem, energia alternativa, implantação de sistemas orgânicos, aquisição de material genético, programas de inovação tecnológica, automação para segmentos de avicultura e suinocultura, e projetos de modernização e expansão da produtividade nos setores agropecuários”.
E a lista não para. Segundo Munaretto, as cooperativas do Sicoob SC/RS oferecem ainda “financiamento para aquisição de tratores, colheitadeiras, plataformas de corte, pulverizadores, semeadoras, sistemas de irrigação e correção de acidez e fertilidade do solo, e tudo que o produtor precisa para modernizar e rentabilizar o seu negócio”.
Diante de tantos exemplos, não parece casualidade que, em um período de apenas seis meses (entre julho e dezembro de 2021), a instituição tenha liberado um total de R$ 2,2 bilhões em crédito rural (entre todas as finalidades), segundo nos conta Luiza Zitzke Oliveira, supervisora de Crédito Rural do Sicoob Central SC/RS.
De todo modo, é preciso esclarecer que os produtos e serviços disponibilizados pelas cooperativas financeiras vão muito além do crédito rural. Entre outras facilidades (como contas PF e PJ, cartões, débito automático, poupança, etc.), essas instituições também oferecem:
- seguros de vida, seguro rural e outros seguros patrimoniais, para garantir a tranquilidade do produtor rural cooperado e de sua família;
- consórcios;
- previdência
- e investimentos especialmente voltados para o desenvolvimento do campo, como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA).
Só que, no caso do Sicoob SC/RS, essa ligação com o meio rural é ainda mais forte. Confira a seguir.
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Uma história de união
De acordo com o presidente do Sicoob Central SC/RS, Rui Schneider da Silva, “o cooperativismo surgiu em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul para atender às dificuldades do homem do campo, principalmente a falta de crédito”.
Com o Sicoob SC/RS também foi assim. A instituição nasceu no dia 8 de novembro de 1985, reunindo cooperativas financeiras e do agro (mais especificamente, sete cooperativas singulares de crédito e duas de produção rural) que se juntaram para fundar a Cooperativa Central de Crédito Rural de Santa Catarina (Cocecrer/SC).
Rui Schneider da Silva conta que, em 1997, “a Cocecrer/SC passou a integrar o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) e mudou o nome para Cooperativa Central de Crédito de Santa Catarina (Sicoob Central SC) e, em 2009, com a permissão do Banco Central do Brasil para atuar também no Rio Grande do Sul, se transformou em Sicoob Central SC/RS”.
Podemos dizer, portanto, que o Sicoob SC/RS praticamente brotou no campo. E é notável que, até hoje, mesmo depois de se expandir para grandes centros urbanos, a instituição segue sendo uma grande parceira dos produtores rurais.
Prova disso é que, das 38 cooperativas singulares que integram atualmente a Central SC/RS, 30 delas trabalham com produtos e serviços voltados ao produtor rural (entre outros), esclarece Luiza Zitzke. Além disso – acrescenta – há 91.720 produtores rurais que são, atualmente, associados ao Sicoob SC/RS.
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Raízes no campo e frutos para todos
Ao contar-nos sobre a história do Sicoob SC/RS, Rui Schneider diz que “no início, houve dificuldades naturais de estruturar cooperativas de realidades tão diferentes em suas especificidades regionais. Mas os desafios foram vencidos, tanto do ponto de vista tecnológico quanto de gestão, com a criação de estruturas operacionais que permitiram alavancar o crescimento das cooperativas”.
De fato, o caso do Sicoob SC/RS é uma ótima demonstração de que a união entre cooperativas financeiras e do agro pode trazer bons frutos para todos.
Como afirma o diretor de Negócios da Central SC/RS, Olavo Lazzarotto, “onde tem uma cooperativa do Sicoob há um impulso ao desenvolvimento da região, com a geração de emprego, renda e qualidade de vida para a população da cidade”.
Nesse sentido, é bom saber que o Sicoob SC/RS já está presente em 278 municípios catarinenses (94,2% do total), em 93 municípios gaúchos e outros 32 paranaenses, com mais de 591 agências e mais de 545 correspondentes bancários.
Além do que, a instituição segue em expansão, com o objetivo de levar a todos os moradores da região produtos e serviços financeiros com taxas mais justas e melhores condições de negociação, com tecnologia e facilidade, e principalmente, com valores humanos que fazem a diferença.
O produtor rural Ginei Gheno, de Concórdia (SC), proprietário da Ervateira Gheno, comenta:
“Nós somos um dos primeiros associados da cooperativa. O Sicoob sempre acreditou em nossa ideia, acreditou em nosso sonho de crescer. Quando começamos tínhamos quatro pessoas da família trabalhando. Hoje, diretamente somos mais de 50, sem contar os produtores que fornecem a matéria-prima. Cerca de 85% do movimento gerado pela empresa permanece no Sicoob. Nós comercializamos a produção para o mercado nacional e internacional. Há vários anos exportamos para a Argentina e o Uruguai, e brevemente entraremos em novos mercados. A cooperativa proporcionou a possibilidade de sermos grandes.”
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