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Desde o nascimento do cooperativismo – em 1844, na Inglaterra – a educação já fazia parte da lista de práticas proposta pelos pioneiros de Rochdale, que mais tarde se tornaram os 7 princípios cooperativos. Não é por acaso que, desde então, as cooperativas contribuem com a educação, formação e informação de seus cooperados, colaboradores e também das comunidades.
Vale esclarecer que as cooperativas são definidas juridicamente como sociedades civis e comerciais sem fins lucrativos, e atuam nos mais diversos setores da economia. Por isso, muitas vezes, as cooperativas até chegam a parecer-se, à primeira vista, com empresas comuns. Só que, além de serem formadas por seus associados (clientes e donos da instituição ao mesmo tempo), as cooperativas também possuem outros diferenciais, como é o caso do estímulo à educação, formação e informação.
Aliás, é bom saber também que não são apenas as cooperativas que atuam no ramo educacional que desempenham esse papel. As cooperativas financeiras, as cooperativas do agro e todas as demais instituições cooperativistas também estão alinhadas com essa visão.
Quer ver só? Acompanhe alguns exemplos e confira como as cooperativas contribuem com a Educação brasileira:
Cooperativas educacionais
Existem basicamente dois tipos de cooperativas educacionais:
- aquelas que são formadas por pais de alunos para a contratação de serviços educacionais (classificadas junto às cooperativas de Consumo) e
- aquelas que são formadas por profissionais da Educação (professores, pedagogos, etc.) para oferecer serviços educativos (integrantes das cooperativas de Trabalho e Produção de Bens e Serviços).
Em todo caso, a cooperativa educacional atua como mantenedora da escola, cujo funcionamento é similar ao de uma escola convencional, respeitando todas as diretrizes do MEC.
Por outra parte, é válido comentar que essas instituições possuem diferenciais significativos. O primeiro deles é que os pais e/ou professores têm a oportunidade de participar mais ativamente da educação das crianças e jovens, integrando o conselho pedagógico da escola, ajudando a decidir qual o melhor método de ensino, quais as atividades extracurriculares mais adequadas, entre outras decisões fundamentais como essas.
Além disso, essas instituições promovem a educação com base em valores, como o cooperativismo, a cidadania e o desenvolvimento da comunidade, incluindo ensinamentos e práticas relacionados a esses atributos.
Sem contar que, como não visam ao lucro, as cooperativas educacionais podem oferecer mensalidades relativamente menores e, quando há sobras (resultados financeiros positivos), esses recursos podem ser transformados em melhorias para todos os estudantes.
Educação financeira
Outro ramo do cooperativismo que já é reconhecido por estimular a educação, formação e informação dos brasileiros é o ramo financeiro.
A sétima edição da Semana Nacional da Educação Financeira (Enef), que ocorreu em 2021, comprovou que as cooperativas contribuem com a educação financeira de milhares de brasileiros.
Das 2.667 ações e 611 campanhas realizadas durante a 7ª Semana Enef, 86% foram iniciativas de cooperativas financeiras, que alcançaram 56,7 milhões de brasileiros, de acordo com dados do Banco Central.
Em relação ao tema, o superintendente da Organização das Cooperativas Brasileiras (Sistema OCB), Renato Nobile, comenta:
“Considerando a capilaridade das nossas cooperativas de crédito – afinal de contas, estamos em praticamente todos os municípios brasileiros, em centenas deles, inclusive, como a única instituição financeira existente – temos o dever de contribuir com a sociedade. Por isso, palestras e cursos sobre o valor do dinheiro, como lidar com ele, onde e como investir e, ainda, como planejar a vida fiannceira são grandes exemplos de como as cooperativas fazem seu dever de casa”.
Um bom exemplo disso é dado pelo Sicoob – um dos maiores sistemas de cooperativas financeiras do Brasil –, que desenvolve tanto projetos contínuos quanto ações periódicas de educação financeira, como: as webséries Tempo de Valor e Educação Financeira e Cooperativismo; as lives Projeto ABC e Educação Financeira em Libras; as Clínicas Financeiras Virtuais; o jogo educativo Se Liga Finanças Online; a coleção infantil Financinhas, entre outros.
Formação mantêm jovens no campo
Assim como as cooperativas financeiras – que, além de fazerem a diferença no seu setor de atuação, também promovem a educação – as cooperativas do agro, além de otimizar a produtividade e competitivdade dos produtores rurais associados, também desenvolvem projetos e ações que visam à educação, formação e informação de cooperados, colaboradores e comunidades.
Exemplo disso foi dado pela Fundação Coopercitrus Credicitrus, que inaugurou, em julho do ano passado, um edifício educacional, em Bebedouro-SP, para abrigar cursos como o de Técnico em Agronegócio (oferecido em parceria com a Etec - Centro Paula Souza) e o Curso Superior em Big Data em Agronegócios (em parceria com a Fatec).
Para o vice-presidente do Conselho de Administração da Credicitrus, Matheus Marino, “os investimentos na profissionalização e na capacitação das pessoas para atuarem no agronegócio são ações que retornarão na forma de desenvolvimento para o agro, na inovação para nossos cooperados e na geração de empregos, com impactos positivos na sociedade. Os resultados virão em longo prazo, mas serão perenes”.
Além disso, é notável que a disponibilização de novas ofertas educativas, de formação e profissionalização também tem o potencial de influenciar na permanência dos jovens no campo, colaborando para a sucessão familiar exitosa.
E não para por aí
Além dos exemplos mencionados até aqui, as cooperativas contribuem com a educação, formação e informação dos brasileiros em diversas outras áreas.
As cooperativas de consumo, por exemplo, colaboram com a promoção do consumo consciente. As cooperativas de saúde promovem a conscientização em relação ao tema e estimulam os bons hábitos, entre outros casos exemplares.
Além disso, já existem também, em diversas regiões do Brasil, cursos de formação e especialização em Cooperativismo – como o de Graduação em Cooperativismo da Universidade Federal de Viçosa e o de Gestão de Cooperativas oferecido pela PUC do Paraná – e até mesmo instituições de ensino superior voltadas exclusivamente ao cooperativismo – como a ESCOOP e a I.Coop.