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É inegável a evolução pela qual passou o Sistema Financeiro Nacional (SFN) durante este ano. Acelerada pela pandemia, a transformação digital do setor tem sido sentida na prática (em maior ou menor medida) pela maioria dos brasileiros. O que esperar, então, para 2022? Quais devem ser as novidades do Sistema Financeiro para o próximo ano? Acompanhe:
Calendário do PIX
Ainda que este ano tenham começado a popularizar-se também os pagamentos por aproximação, os links de pagamento e os cartões virtuais, o PIX é um dos novos meios de pagamento que mais se destacou, sobretudo, pela rápida e crescente adesão dos brasileiros.
Lançado em novembro de 2020, esse novo sistema de transferências instantâneas já está sendo utilizado por mais de 100 milhões de pessoas. Pesquisa realizada pela CNDL e pelo SPC Brasil em parceria com o Sebrae revela que a utilização desse sistema já é maior, inclusive, do que a do cartão de crédito. De acordo com o Banco Central (BC), em outubro deste ano, foram realizadas mais de 900 milhões de transações pelo PIX em todo o território nacional.
Além disso, o BC tem trabalhado continuamente na melhoria do sistema e lançado diversas novidades. No mês passado, por exemplo, foram lançados o PIX Saque e o PIX Troco.
Já em relação às novidades do Sistema Financeiro Nacional para 2022, a página do BC sobre o PIX anuncia, para o segundo trimestre, o lançamento do débito automático no PIX, solução que permitirá fazer pagamentos recorrentes por meio do sistema.
Durante uma palestra realizada em outubro na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, comentou ainda que, para o próximo ano, estão previstas as seguintes novas funcionalidades:
- PIX Garantido, voltado a pagamentos parcelados;
- PIX por aproximação;
- viabilização de pagamentos offline;
- pagamentos via QR Code escaneado;
- realização de transações internacionais.
Calendário do Open Finance
Outra das novidades do Sistema Financeiro que tem animado o setor é o Open Finance, o Sistema Financeiro Aberto.
Evolução do Open Banking - sistema que começou a ser implementado em fevereiro - o Open Finance prevê o compartilhamento de dados financeiros dos usuários (mediante autorização expressa) não apenas entre instituições financeiras e fintechs, como também entre corretoras, companhias de câmbio, fundos de previdência, entre outros.
Além disso, é válido saber que, assim como o PIX, o Open Finance tem sido implementado em várias etapas. De acordo com o novo cronograma divulgado na Resolução BCB nº 109, de 24 de junho de 2021, para o ano que vem, está previsto:
- 15/02 -- Compartilhamento de seviços de transferências entre contas da mesma instituição financeira (TEF) e de Transferências Eletrônicas Disponíveis (TEDs).
- 30/03 -- Compartilhamento do serviço de encaminhamento de proposta de operação de crédito a clientes que aderirem ao Open Finance.
- 31/05 -- Compartilhamento de dados de clientes relacionados às operações financeiras, como câmbio, investimentos, seguros e previdência.
- 30/06 -- Compartilhamento de serviços de transação financeira por boleto.
- 30/09 -- Compartilhamento de serviços de débito em conta.
Além disso, é válido ressaltar que o Open Finance é um sistema que deve estimular o surgimento de muitas outras novidades no Sistema Financeiro, desde novos modelos de negócio até novas soluções e funcionalidades para consumidores e empresários.
Como comentou o diretor executivo de Tecnologia da Informação do Sicoob, Antônio Vilaça Júnior, “o movimento abre portas para que vários players financeiros, entre eles as cooperativas e fintechs, possam oferecer personalização de produtos e serviços, criando novos modelos de negócio e, principalmente, fomentando a inovação e a competitividade”.
Cabe esclarecer que o Sicoob - um dos maiores sistemas de cooperativas financeiras do Brasil - já aderiu ao Open Finance e oferece, inclusive, um portal para esclarecer dúvidas sobre o tema.
Novas regulamentações ESG
Visando estimular o compromisso das instituições financeiras com os princípios ESG (ambiental, social e de governança), o BC divulgou em setembro novas normas para regular os riscos sociais, ambientais e climáticos no âmbito do SFN.
Com isso, algumas das novidades do Sistema Financeiro para o próximo ano devem estar relacionadas a essa postura mais sustentável que o BC tem incentivado.
Até julho de 2022, por exemplo, as instituições financeiras nacionais deverão incluir fatores relacionados às mudanças climáticas em seus cálculos de gerenciamento de riscos.
As novas normas também abordam a regulamentação da Política de Responsabilidade Social, Ambiental e Climática (PRSAC), a obrigatoriedade de divulgação do Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas (Relatório GRSAC), além de impedimentos sustentáveis à contratação de crédito rural.
A respeito deste último quesito, vale a pena comentar ainda que o BC defende também a ideia de um Plano Safra mais sustentável em 2022 e, em virtude disso, já anunciou, inclusive, a criação de um Bureau de Crédito Verde, que permitirá oferecer mais benefícios a produtores que adotam práticas sustentáveis.
“A expectativa é de que sejam oferecidas pelo Sistema Financeiro, no acesso a novos financiamentos rurais, condições mais favoráveis aos produtores cujas iniciativas apresentem características sustentáveis, pois o cenário atual indica que as instituições financeiras deverão mitigar de forma rigorosa o risco de concessão de crédito para financiamentos com maior risco social ou ambiental”, informou a autoridade monetária nacional em seu Relatório GRSAC de setembro.
Sandbox e outras novidades
Além de implementar em âmbito nacional novidades como o PIX e o Open Finance, o Banco Central também tem se esforçado em fomentar a inovação para que outras pessoas e empresas também possam ser protagonistas das futuras novidades do Sistema Financeiro.
Nesse sentido, o BC conta com dois projetos: o Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT) e o Sandbox regulatório.
O LIFT acompanha projetos em maturação, apresentados por pessoas físicas ou jurídicas, dando apoio ao desenvolvimento da aplicação da tecnologia ou do modelo de negócio. Neste caso, porém, os participantes não estão autorizados a fornecer produtos ou serviços a clientes reais no ambiente do laboratório.
Enquanto isso, o Sandbox regulatório acompanha projetos inovadores já amadurecidos (apresentados por PJ apenas) que ainda necessitam validar seu modelo de negócio por meio da implementação efetiva. Por isso, neste caso, é permitido aos participantes fornecer produtos e serviços a clientes reais.
De toda forma, ambas iniciativas também devem contribuir para o surgimento de novas soluções, produtos, serviços e negócios, oferecendo cada vez mais facilidades para todos.