Você sabia que 84% dos estabelecimentos rurais brasileiros são de agricultores familiares? Além disso, 90% dos municípios nacionais com até 20 mil habitantes têm a agricultura familiar como base de sua economia. As informações são do último Censo Agropecuário do IBGE e o estudo revela ainda que 40% da população economicamente ativa do país deve sua renda a essa atividade.
Para ter uma noção mais precisa da importância da agricultura familiar para o Brasil vale a pena saber também que 70% do feijão produzido no país é resultado dessas pequenas produções familiares, assim como 60% do leite, 59% dos suínos, 50% das aves, 38% do café, 34% do arroz, 30% dos bovinos e 21% do trigo.
Contudo, nem sempre é fácil para esses agricultores familiares terem acesso ao crédito e a novas tecnologias. Além disso, para que os produtos rurais cheguem ao consumidor, geralmente, são necessários diversos intermediários, o que acaba aumentando o preço final dos produtos e diminuindo os ganhos do pequeno produtor rural.
A criação de cooperativas agropecuárias e de crédito ou a associação a instituições cooperativistas já existentes é uma alternativa já usual entre os agricultores familiares para enfrentar esses tipos de desafios.
A novidade é que, agora, as cooperativas têm novos parceiros nessa missão: iniciativas e plataformas que têm surgido para conectar os agricultores familiares com consumidores, desenvolvedores de tecnologias verdes e grandes indústrias. Saiba mais a seguir.
Cooperativas que atuam no campo
Reunidos em cooperativas agropecuárias, os produtores familiares ganham escala, trocam experiências e têm mais acesso a novas tecnologias.
Outra alternativa muito comum no campo é a associação a cooperativas financeiras, que permite aos agricultores familiares terem acesso facilitado ao crédito, mais autonomia e melhores rendimentos.
Você sabia, por exemplo, que um dos maiores financiadores do agronegócio no estado de Santa Catarina é o Sicoob – sistema líder em cooperativismo financeiro no Brasil?
As cooperativas de infraestrutura também merecem destaque nesse cenário, principalmente as cooperativas de eletrificação rural e as de telefonia, que levam energia e conectividade a zonas onde as companhias tradicionais não chegam.
Não é por acaso que quase metade de tudo o que é produzido no campo brasileiro, atualmente, passa de alguma forma por uma cooperativa. Só que agora essas instituições têm ganhado novos parceiros no incentivo à agricultura familiar.
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Instituto Conexões Sustentáveis
Apelidado Conexsus, o Instituto Conexões Sustentáveis é uma rede de empreendedores sociais que nasceu em 2016 e trabalha na "promoção do uso sustentável da terra, da conservação da biodiversidade, do bem-estar humano e da resiliência dos territórios às mudanças climáticas”.
Para tanto, o Conexsus fomenta o desenvolvimento de negócios sustentáveis, impulsionando novos modelos de relacionamento empresa-produtor-comunidade. E um dos parceiros estratégicos do Conexsus nessa missão é a União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária, a Unicafes.
Uma das iniciativas do Conexsus que já está fazendo sucesso é o Negócios pela Terra, uma plataforma para conectar quem produz, quem investe e quem compra. Uma ferramenta de fair trade (comércio justo) que ajuda os produtores rurais familiares a ganharem mercado e colabora para que empresas (principalmente indústrias alimentícias e restaurantes) consigam ter acesso a cadeias produtivas sustentáveis.
Núcleo de Inovação para a Agricultura Familiar
Facilitar o contato entre os agricultores familiares e os desenvolvedores de inovações tecnológicas para o setor é a principal função do Núcleo de Inovação Tecnológica para a Agricultura Familiar, o NITA.
Surgido a partir de negociações entre o governo do estado de Santa Catarina e o Banco Mundial, em 2017, o NITA funciona através de uma plataforma digital que inclui o mapeamento de produtores rurais (muitos deles organizados em cooperativas) e de pequenas e médias empresas desenvolvedoras de tecnologias sustentáveis, permitindo fazer buscas por demanda, por tecnologia ou por empresa.
- Confira outro artigo que fala sobre o NITA: Startups, fintechs e agronegócio
Plataforma Sumá
O Sumá é uma iniciativa surgida em 2014 que conecta agricultores familiares e consumidores, oferecendo, além disso, apoio a ambas as partes.
Cooperativas, associações de produtores e agricultores familiares independentes podem cadastrar-se na plataforma para receber capacitação. O Sumá realiza visitas de campo e consultorias para desenvolvimento desses produtores.
No caso dos consumidores, além de permitir a busca de cooperativas e produtores que possam atender às suas demandas, o Sumá faz a entrega dos produtos direto do campo. E ainda fornece informações para que os compradores elaborem seus cardápios em sintonia com os planos de produção local.
Gostou de conhecer esses exemplos? Tem algum comentário para compartilhar? Compartilhando e cooperando, a gente cresce.