Já imaginou poder temperar sua comida com ervas recém-colhidas? Ou colher um alface fresquinho para colocar na sua salada? E você nem precisa morar no campo para ter essas delícias por perto. Basta montar uma horta.
Melhor ainda se você reunir os vizinhos e amigos nessa iniciativa para criarem uma horta comunitária.
Assim, vocês podem dividir as tarefas e os benefícios dessa iniciativa. Podem economizar com alguns alimentos, passam a se conhecer melhor e têm a oportunidade de começar a se alimentar melhor também.
Para Ataíde Silva, 60, – voluntário do projeto Horta Pedagógica e Comunitária do Pacuca e presidente da Associação dos Moradores do Campeche (Amocam), em Florianópolis – “o papel da horta é ser esse elemento de reunir as pessoas, um ponto de encontro para trocar ideias, formar amizades e estimular a criação de novas hortas orgânicas em casas, apartamentos e outros espaços. É uma forma de disseminar uma alimentação saudável”.
Então, acompanhe o passo a passo para criar uma horta comunitária:
1 – Reunir os interessados em participar
O primeiro passo é juntar as pessoas e entidades que queiram participar do projeto da horta comunitária. Além dos próprios moradores que são vizinhos, escolas, associações e organizações comunitárias também podem interessar-se em apoiar a iniciativa.
Então, espalhe a ideia pela vizinhança e tente reunir todos que queiram ajudar ou participar de algum modo. Não precisam ser especialistas. O que importa é que cada um ajude de alguma forma: pode ser com o serviço na horta, com mudas, com ferramentas ou até contribuindo com o próprio lixo orgânico, para fazer adubo.
2 – Definir um espaço com boa incidência solar
Reunido o grupo, é hora de pensar no espaço em que a horta será montada. Boa parte do planejamento depende do espaço disponível. Por isso, esse é o segundo ponto a se considerar.
A horta comunitária pode ser montada em um condomínio, em um quintal, em canteiros prontos para espaços menores ou até em uma praça.
Aliás, hortas comunitárias são interessantes ferramentas de ocupação de áreas públicas. A mencionada Horta Comunitária do Pacuca, por exemplo, ocupa uma parte de um antigo campo de aviação desativado – terreno que, antes, era utilizado para o descarte irregular de lixo e de entulhos e que, atualmente, abriga hortaliças, frutas, plantas medicinais, árvores e compostagem.
Na hora da escolha do local, não deixem de observar também a incidência de sol (o ideal são, pelo menos, seis horas diárias) e a disponibilidade de água.
3 – Planejar e identificar recursos
Sabendo quem deseja participar do projeto e com melhor noção do local onde será instalada a horta, é hora de organizar e planejar a execução da ideia.
Este é o momento de verificar quais os recursos vocês já possuem e definir tudo que ainda precisa ser adquirido ou realizado, bem como as responsabilidades de cada um.
Veja alguns exemplos das atividades que podem ser desenvolvidas:
- Escolha das espécies a serem plantadas;
- Aquisição de mudas e sementes;
- Aquisição de ferramentas e de outros insumos;
- Preparação da terra;
- Projeto de irrigação;
- Plantio;
- Manutenção da horta;
- Colheita.
4 – Considerar a compostagem
Uma ótima ideia para quem quer fazer uma horta é usar adubo orgânico, produzido a partir do próprio lixo orgânico.
O processo para isso chama-se compostagem. E pode ser realizado em composteiras caseiras ou em composteiras automáticas.
Basicamente, trata-se de misturar o lixo orgânico (restos de alimentos sem carne ou ossos, borra de café, casca de ovos, etc.) com terra e folhas secas, juntando a isso um agente decompositor, que podem ser minhocas, por exemplo (muito usadas nas composteiras domésticas) ou micro-organismos, como o Acidulo TM (usado nas composteiras automáticas).
Veja como fazer a compostagem caseira neste vídeo:
Na Horta Comunitária do Pacuca, a compostagem conta com o apoio da comunidade. O voluntário Eduardo Rodrigues, 38, comenta: “Muita gente vem entregar o seu baldinho [de lixo orgânico]. Começamos com dez e hoje são mais de 150 famílias de entrega voluntária, resíduos que não vão para os aterros”.
5 – Preparar a terra
Com tudo planejado, é hora de colocar a mão na massa. Ou melhor, na terra. Este é o momento de limpar o terreno, decidir espaços específicos para a compostagem, para as ferramentas e para os canteiros e montá-los, enfim.
Lembrem-se de deixar algumas vias entre os canteiros para poderem circular ao cuidar das plantas.
Para a preparação do solo, primeiro, afofem a terra. Ela não deve estar compacta na hora do plantio. Então, remexam-na ainda seca (se a terra for remexida molhada, pode ficar dura depois). Em seguida, misturem o adubo na terra, sem exageros.
O ideal é que os canteiros sejam um pouco elevados, evitando o empoçamento de água e facilitando o manuseio das plantas.
6 – Plantio e manutenção
Espaços organizados e canteiros prontos, é hora de marcar o espaçamento das mudas e sementes na terra. Atenção aos espaçamento recomendados nas embalagens.
Para sementes, abra um cova em linha reta nos canteiros e enterre-as em seguida. Para mudas, abra pequenas covas redondas e posicione-as para ficarem no mesmo nível do solo, preenchendo o espaço ao redor com terra.
Após o plantio, reguem a horta, com cuidado para não encharcar a terra. As regas seguintes, nos primeiros dias, devem ser feitas com cuidado, evitando jatos fortes, mas de maneira diária. Os horários da manhã são os mais recomendáveis.
A partir daí, acompanhem o desenvolvimento das plantas, cuidem da irrigação e da compostagem, retirem plantas daninhas, busquem técnicas sustentáveis para o controle de pragas e observem as épocas de colheita e de novos plantios.
EXTRA: Vantagens além do previsto
Além de toda a vizinhança ter frutas, legumes e hortaliças fresquinhos, uma horta comunitária é uma ótima oportunidade de cooperação, ajudando a promover a saúde e a consciência ambiental.
E ainda é possível envolver as crianças no projeto, incentivando o contato dos pequenos com a natureza e estimulando o desenvolvimento de um senso mais comunitário e sustentável na nova geração.
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