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Em outubro de 2018, o estudo Cenário da Poupança e dos Investimentos dos Brasileiros revelou que praticamente sete em cada dez pessoas que dispunham de recursos optavam por mantê-los na tradicional caderneta de poupança. Além disso, mesmo entre aqueles que investiam em outras aplicações, as opções de renda fixa eram as mais populares (12% investia em previdência privada; 9% no Tesouro Direto; 9% em CDBs; enquanto só 5% aplicava em ações, por exemplo).
Contudo, com as constantes quedas da Taxa Selic ao longo de 2019 (atualmente em 4,5% ao ano), as aplicações de renda fixa (de maneira geral, salvo algumas excessões) foram se mostrando cada vez menos rentáveis, e as de renda variável, mais atrativas. Logo, há uma grande probabilidade de que os números revelados pelo estudo de 2018 (realizado pela CVM em parceria com a CNDL e com o SPC) tenham mudado um pouco.
Mas afinal, você conhece as verdadeiras diferenças entre renda fixa e variável? Basicamente, as aplicações de renda fixa são aquelas em que é possível prever a rentabilidade do investimento, enquanto, na renda variável, não existe essa possibilidade de previsão. Por isso, a renda fixa costuma ser mais recomendada para investidores de perfil conservador (que valorizam a segurança), ao passo que a renda variável é indicada para quem está disposto a assumir mais riscos para tentar ganhos maiores.
Só que as diferenças entre essas duas classificações não param por aí. Veja só:
1 – Comportamento do investidor
No caso da renda fixa, os títulos de prazos mais longos apresentam, em geral, rentabilidades maiores. Ainda que a maioria dessas aplicações contem com alta liquidez (possibilidade de saques em curto prazo), não costuma ser vantajoso fazer retiradas antes do vencimento (exceto se for para novos investimentos). Portanto, o ideal é que o investidor que aplica em renda fixa planeje-se para fazer o aporte e, de certa forma, “esquecer” daquele valor até o vencimento do título.
Por outro lado, as aplicações em renda variável são caracterizadas por sua alta volatilidade, o que motiva os investidores a terem um comportamento totalmente distinto: analisando constantemente seus riscos e oportunidades, suas perdas e ganhos, assim como a necessidade de realocação de ativos.
Além disso, para investir em renda variável é recomendável um maior grau de conhecimento do mercado de capitais, de câmbio, de crédito e monetário, bem como certa experiência anterior em aplicações financeiras. Quer saber mais sobre o tema? Leia: Investir na Bolsa de Valores é tão difícil quanto parece?
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2 – FGC ou FGCoop
Outra importante diferença entre renda fixa e renda variável é a segurança dos investimentos, já que as aplicações em renda variável não costumam ter garantias financeiras, enquanto a maioria dos investimentos de renda fixa é coberta pelo FGC ou pelo FGCoop.
O FGC é o Fundo Garantidor de Crédito, associação privada e sem fins lucrativos, que assegura a proteção de investimentos feitos em bancos comuns e corretoras em até R$ 250 mil por CPF. Similarmente, as cooperativas financeiras contam com o Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito, o FGCoop, assegurando em até R$ 250 mil por CPF os investimentos feitos em cooperativas.
3 – Imposto de Renda
Em relação aos custos dos investimentos, as aplicações em renda fixa e em renda variável também guardam diferenças entre si.
Para começar, em ambos os casos é possível que haja a cobrança de taxas – de administração, de carregamento, de corretagem, de custódia e/ou de performance (variando conforme a aplicação, a ocasião e o agente financeiro). Veja alguns exemplos:
Tipo de taxa | Pode ser cobrada por |
Taxa de administração | Fundos de investimentos Previdência privada |
Taxa de carregamento | Previdência privada |
Taxa de corretagem | Ações Extended Traded Funds (ETF) |
Taxa de custódia | Títulos públicos e privados de renda fixa Corretoras de valores (taxa de manutenção) |
Taxa de performance | Fundos de investimento de gestão ativa |
Em ambos os casos (renda fixa ou variável) também costuma haver a incidência de impostos, como o Imposto sobre Operações Financeiras - IOF (cobrado em algumas aplicações sobre resgates feitos até 30 dias após a compra) e o Imposto de Renda - IR.
Para quem investe em renda fixa, a quitação do IR geralmente é mais simples. Algumas aplicações, inclusive – como poupança, LCA, LCI, LIG e debêntures incentivadas – são isentas da cobrança de Imposto de Renda. Em outros casos – como CDB, RDC , títulos do Tesouro, debêntures normais e alguns planos de Previdência Privada – a cobrança de IR é feita de forma regressiva, conforme o tempo de aplicação; ou de forma progressiva – no caso de alguns planos de Previdência Privada. De todo modo, a declaração é anual.
Já para quem investe em renda variável, o cálculo é distinto. De maneira geral, a alíquota de IR é de 15% sobre o lucro obtido com a negociação de ações, sendo que vendas de até R$ 20 mil no mês são isentas do imposto (fundos ETF e de ações costumam seguir essa mesma regra). Já no caso de operações day trade (compra e venda de ativos no mesmo dia), a alíquota sobe para 20%, sem possibilidade de isenção.
Além disso, para quitar o IR, quem investe em ações precisa baixar o Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) e apurar suas despesas e lucros para preencher o documento e pagá-lo até o último dia útil do mês subsequente às operações declaradas. Para quem investe por meio de corretoras, esse preenchimento costuma ser feito pelo agente financeiro. Em todo caso, também é necessário fazer a declaração anual, informando todas as operações realizadas (isentas ou tributáveis) ao longo do ano.
4 – O que é melhor: renda fixa ou variável?
Resumindo o que comentamos até aqui, temos o seguinte panorama:
Renda fixa | Renda variável | |
Atitude do investidor | Planejar-se e “esquecer” | Atenção e ações constantes |
Segurança | Maioria das aplicações cobertas por FGC ou FGCoop | Sem garantias financeiras |
Possíveis taxas | De administração, de carregamento e de custódia | De administração, de corretagem e de performance |
Imposto de Renda | Há aplicações isentas, aplicações com cobrança regressiva ou progressiva conforme o tempo de investimento | 15% ao mês, com isenção para vendas até R$ 20 mil. 20% para day trade . Necessário preencher DARF, além da declaração anual |
Rendimento | Previsíveis | Imprevisíveis, mas podem ser maiores |
Ou seja, não existe uma única resposta para a questão. Para quem está começando a investir, o melhor pode ser optar pelas opções de renda fixa até adquirir alguma experiência. Para investidores mais arrojados que já tenham conhecimento do mercado, aplicar em renda variável pode ser a melhor estratégia diante do cenário econômico atual. E também existem aplicações mistas, como as COE e os fundos multimercados, que podem ser recomendadas para quem quer dar os primeiros passos na renda variável.
Em todo caso, segundo os especialistas, o ideal é diversificar os investimentos, incluindo em sua carteira opções mais seguras e outras mais rentáveis, de acordo com o seu perfil, sua capacidade de aporte, suas metas e prazos.
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