A greve dos caminhoneiros, ocorrida nas últimas semanas de maio deste ano, foi um movimento que impactou todo o país. É verdade que algumas cidades e regiões sentiram mais os efeitos das paralisações e outras menos.
Mas a maiorias dos brasileiros, certamente, deve ter percebido de alguma forma as consequências do movimento dos caminhoneiros, seja pela falta de combustível em alguns postos nesse período, pelos ônibus mais cheios ou com horários reduzidos, pelas estradas mais livres de trânsito, pela falta de algum alimento no supermercado ou pelo aumento de preços de alguns itens.
Houve também quem se posicionasse a favor ou contra os caminhoneiros pelos mais diversos motivos. Em todo caso, independente das opiniões de concordância ou discordância, a greve dos caminhoneiros inclui 3 lições importantes, sobre as quais vale a pena refletir:
De acordo com o último levantamento da Empresa de Planejamento e Logística do governo federal (EPL), 65% da carga do país é transportada através de rodovias e só 15% circula por ferrovias. O restante é transportado por cabotagem (11%), por hidrovias (5%), por dutovias (4%) e por via aérea (0,2%).
Não é de se espantar, então, que a categoria dos caminhoneiros tenha tanta influência na mobilização de todo o nosso país.
Mas, além disso, reflita também sobre o desabastecimento ocasionado pela greve e sobre os contratempos provocados pela falta de combustível, de gás de cozinha e de alguns alimentos.
Em outras palavras, observe como é acentuado o uso que fazemos do petróleo em nosso dia a dia. Nesse sentido não estão incluídos apenas os combustíveis, como também muitos outros derivados do petróleo.
O petróleo e seus derivados são usados na fabricação de plástico, de fertilizantes, de pesticidas, de remédios, de conservantes de alimentos, de produtos de limpeza, entre outros.
A experiência pela qual nosso país passou pode servir, portanto, para repensarmos nossos hábitos e atitudes, adotando uma postura mais consciente e sustentável em nosso dia a dia.
O Brasil é um país de dimensões continentais. Não basta uma pequena passeata para fazer-se ouvir. Os caminhoneiros mostraram, portanto, a força da união. Independente da origem do movimento, considerando-o locaute ou greve; juntos, os caminhoneiros conseguiram a atenção de todo o Brasil.
E não é a primeira vez que o povo brasileiro, unido, demonstra que pode influenciar nos rumos da nação. De toda forma, percebe-se que essa união precisa ser organizada para ter os efeitos desejados, logrando beneficiar a todos as pessoas reunidas em prol de uma causa comum.
Nesse sentido, o movimento cooperativista ganha destaque, como um modelo socioeconômico alternativo baseado na união de pessoas em torno de interesses comuns, orientadas por princípios mais democráticos e humanos. O cooperativismo demonstra o potencial da união com organização.
Não é por acaso que as instituições cooperativas têm despontado por todo o mundo (e também pelo Brasil) como uma solução viável e competitiva, na contramão do desemprego, com estímulo ao desenvolvimento regional.
Em outubro deste ano acontecerão as votações referentes à Eleição de 2018 (dia 7 de outubro o primeiro turno e dia 28 de outubro, nos casos de segundo turno).
A Eleição é a oportunidade perfeita para o povo brasileiro manifestar sua opinião, unindo-se de forma pacífica em prol de uma causa comum: o desenvolvimento sustentável do nosso país. Mas, antes disso, é preciso que cada brasileiro forme uma opinião, preferencialmente, com base em dados e fatos confiáveis.
A recente experiência da greve dos caminhoneiros pode servir, portanto, para começarmos desde já a informar-nos, a pesquisar profundamente sobre os prováveis candidatos e a refletir sobre a situação do nosso país e os rumos que queremos dar para ele.
Nesse sentido, a paralisação dos caminhoneiros serve, ainda, para refletir sobre outra questão: os investimentos em infraestrutura que são feitos no país. Afinal, o modelo de predomínio do transporte rodoviário vai na contramão do que fizeram e fazem os principais países desenvolvidos do mundo. E ainda gera outros problemas, como explica o professor de economia da USP, Paulo Roberto Feldmann:
“A soja brasileira é considerada uma das melhores do mundo e tem produção barata. A dos Estados unidos é a segunda mais competitiva, Nos últimos anos, no entanto, o aumento do custo dos transportes tem feito os especialistas acreditarem que, em pouquíssimo tempo, perderemos o posto de maiores exportadores de soja para os Estados Unidos. O transporte aumenta demais o custo da soja aqui.”
Desse modo, o investimento na diversificação da infraestrutura brasileira é uma proposta importante que deve constar nos planos do novo governo, visando um futuro econômico e ambientalmente mais sustentável.
Refletir sobre questões como essas e aprender com elas pode ser uma forma de transformar toda a experiência da greve dos caminhoneiros em uma oportunidade de evoluirmos.
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